BORBOLETA
Casimiro de Abreu
Borboleta dos amores,
como a outra sobre as flores,
por que és volúvel assim?
Por que deixas, caprichosa,
por que deixas tu a rosa
e vais beijar o jasmim?
Pois essa alma é tão sedenta
que um só amor não contenta
e louca quer variar?
Se já tens amores belos,
pra que vais dar teus desvelos
aos goivos da beira-mar?
Não sabes que a flor traída
na débil haste pendida
em breve murcha será?
Que de ciúmes fenece
e nunca mais estremece
aos beijos que a brisa dá?…
Borboleta dos amores,
como a outra sobre as flores,
por que és volúvel assim?
Por que deixas, caprichosa,
por que deixas tu a rosa
e vais beijar o jasmim?