A mulher, por muitos anos, teve uma educação diferenciada da educação dada ao homem. Era educada para servir, enquanto o homem era educado para assumir a posição de senhor todo poderoso. Quando solteira, vivia sob a dominação do pai ou do irmão mais velho; ao casar-se, o pai transmitia todos os seus direitos ao marido, submetendo a mulher à autoridade deste.
Durante muitos anos, as mulheres eram verdadeiros ornamentos da família brasileira. Objetos de reprodução da espécie. Quanto mais filhos o casal tinha, mais orgulhosos os homens se sentiam.
No interior nordestino, não havia energia elétrica nem água encanada. As famílias dormiam cedo, e era comum o casal ter mais de oito filhos.
Em 9 de maio de 1960, a primeira pílula anticoncepcional foi aprovada nos EUA. O medicamento revolucionou hábitos sexuais e ajudou a consolidar a mulher no mercado de trabalho. No Brasil, foi recebida com forte resistência.
Com a evolução dos costumes, a mulher conquistou seu lugar ao sol, e passou a ter vontade própria. A pílula anticoncepcional a libertou da gravidez inoportuna.
Depois, a mulher conseguiu progredir culturalmente, conquistando o direito de cursar faculdade e competir com o homem no mercado de trabalho.
O progresso fez com que, hoje, a mulher ocupe cargos importantes, no cenário civil e político.
Pois bem. No tempo em que a mulher era apenas “do lar”, a virtuosa D. Gertrudes, esposa de um rico capitalista, todas as tardes, reunia no terraço de sua casa, uma dezena de senhoras, na sua situação, para boas conversas e um lauto lanche.
A reunião acontecia no terraço de sua casa e as conversas eram amenas e divertidas.
Naquela tarde, o assunto mais importante que se discutiu foi o medo de baratas, ratos, rãs e outros pequenos seres, para elas, repugnantes.
De repente, Matilde, uma das senhoras presentes, esposa de um político, interveio, com uma narrativa:
– Pois eu não tenho medo de nada disso. Nenhum desses bichinhos me faz qualquer mal aos nervos, como a vocês. Imaginem que outro dia, eu estava em pé na sala de espera do cinema, quando senti uma coisa subindo pela minha perna. Sem me mover, compreendi que era uma enorme barata. Quieta eu estava, quieta fiquei. A barata subiu- me aos poucos pela perna, e eu, imóvel e enojada, suportei até atingir o meu limite.
Dona Gertrudes interrompeu a narrativa, com a maior ingenuidade do mundo, mostrando os braços arrepiados, com asco à barata. E perguntou:
– A barata subiu mesmo? Foi até aonde? Mas desceu depois?
A narradora, irritada, respondeu:
-Claro que eu não esperei que ela avançasse. Levantei a saia, a sacudi e a barata caiu. Ela quis correr, mas eu a esmaguei com o pé.
Esse tipo de conversa provocava risos em quem a ouvia, inclusive aos próprios maridos. Educadas e ricas, essas figuras da “elite”, esposas de maridos ricos, dondocas e “do lar”, totalmente submissas, eram, para eles, verdadeiras bonequinhas de luxo.
A evolução dos costumes colocou a mulher em pé de igualdade com o homem, e ela hoje está apta a exercer qualquer lugar de destaque na sociedade em que vivemos.
Acabou-se o tempo das bonequinhas de luxo.