Ainda estamos em julho, mas com o fim da temporada dos campeonatos nacionais e a com Eurocopa entrando em sua reta final, já está aberta a corrida pelos prêmios de melhor do mundo, oferecido anualmente pela Fifa (The Best) e pela revista France Football (Bola de Ouro). Em uma temporada sem um destaque individual absoluto, os rumos da competição europeia de seleções podem virar uma faca de dois gumes: tanto para tirar alguns dos candidatos dos holofotes, como os franceses Kanté e Benzema e o português Cristiano Ronaldo, eliminados ainda nas oitavas, como também ajudar outros a saírem na frente. Até o momento, pelo menos dez destaques das ligas europeias pintam como possíveis candidatos ao prêmio.
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É o caso dos belgas Kevin De Bruyne, do Manchester City e Romelu Lukaku, da Inter de Milão. O camisa 7 dos diabos vermelhos, eleito melhor jogador da Premier League na última temporada, tenta retornar de problema no tornozelo a tempo da partida contra a Itália, pelas quartas de final, nesta sexta-feira. De Bruyne divide o papel de protagonista com o atacante, e acumula 10 gols em 28 jogos em 2021, ano em que se sagrou campeão inglês e da Copa da Liga Inglesa, bem como finalista da Champions.
Apesar do número tímido de gols, a influência de De Bruyne nos jogos do City e da Bélgica é nítida quando observada em campo, e o clube inglês sabe bem disso. O meia de 30 anos ganhou um aumento substancial em sua última renovação de contrato — cerca de 13% em relação às 250 mil libras semanais que recebia. Na negociação, que estendeu o fim de seu contrato de 2023 para 2025, o jogador levou um analista de desempenho para apresentar dados sobre seu jogo aos citizens.
— O City oferece tudo que preciso para maximizar minha performance, e assinar esse contrato foi uma decisão simples — afirmou, em abril.
Seu companheiro Lukaku não vive momento muito diferente. Após uma passagem de altos e baixos pelo Manchester United, o centroavante se encontrou na Inter de Milão e viveu a temporada dos sonhos entre 2020 e 2021: terminou campeão, vice-artilheiro (24 gols) e eleito melhor jogador. O bom desempenho refletiu na Euro, na qual é peça vital para a Bélgica, responsável pelo trabalho de pivô, comando de contra-ataques e claro, o último toque. São três gols em quatro jogos na competição.
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— É um grande objetivo, meu sonho de infância — disse, sobre a Bola de Ouro. O atacante se compara a Benzema, Lewandowski e Harry Kane, outros candidatos à premiação:
— Queria passar para o próximo nível, melhorar. Todos sempre falavam que Kane, Lewandowski e Benzema eram jogadores de classe mundial, mas sobre mim diziam que estava em "boa fase". Nos últimos dois anos, mostrei que não era só boa fase, eu pertenço a esse grupo. Quero começar a ganhar.
Centroavantes no páreo
Atual dono do "The Best", Robert Lewandowski segue como um dos principais concorrentes ao prêmio. Para tentar abocanhar a Bola de Ouro (que não foi entregue no ano passado), o polonês larga com incríveis 34 gols em 28 jogos em 2021. Foi artilheiro e venceu o Campeonato Alemão com o Bayern de Munique, além de ter sido o principal jogador da Polônia na fase de grupos da Euro. Mesmo sem a classificação às oitavas, os três gols de Lewandowski foram a cereja do bolo de mais uma grande temporada .
— Se houvesse uma Bola de Ouro no último ano, teria vencido. Seu desenvolvimento não é apenas físico, é mental. Ele faz 30 gols todo ano, mas continua praticando, aperfeiçoando o que faz bem e trabalhando no que faz mal — disse o meia Thiago Alcântara, ex-companheiro de Bayern, ao jornal inglês "The Guardian".
Ainda na Euro, outro centroavante clássico pode despontar como candidato. Harry Kane, que desencantou nas oitavas de final, em vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha, foi para o torneio com números assombrosos. O atacante do Tottenham terminou a Premier League como artilheiro (23 gols) e líder em assistências (14), na sua melhor temporada da carreira. O sucesso, somado à dificuldade em obter títulos pelos Spurs, levaram o capitão inglês a pedir transferência do clube. O Manchester City é um destino provável, equipe na qual jogaria a Champions pelo restante do ano.
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A Inglaterra nunca foi à final da Euro. Se Kane, autor de 20 gols em 35 jogos em 2021 conseguir esse feito jogando bem, os olhos do futebol europeu certamente se voltarão ainda mais ao centroavante, angariando possíveis votos para a premiação.
Um último, mas não menos importante homem-gol também pinta entre os candidatos, mas sua ausência na Euro foi um duro golpe na corrida pelo prêmio. O fenômeno norueguês Erling Haaland tira merecidas férias depois de mais uma impressionante temporada pelo Borussia Dortmund. Melhor jogador do Campeonato Alemão e artilheiro da Champions (10 gols), o jovem de 20 anos marcou 25 vezes em 32 jogos em 2021. Números expressivos, reforçados por um carisma capaz de abocanhar a preferência dos especialistas.
— É difícil escolher apenas um jogador e dizer "esse será o melhor", mas é cativante assistir a essa nova geração de jovens que está chegando, como Haaland e Mbappé — disse Cristiano Ronaldo pouco antes da Euro.
Eliminações prejudicam Kanté, Benzema e CR7
Os prêmios de melhor do mundo variam em critérios, assim como as preferências dos jurados — que podem incluir jogadores, técnicos e jornalistas —, mas a importância de títulos coletivos e da exposição midiática que estes trazem é inegável. As eliminações prematuras de Portugal e França prejudicam três astros nesse aspecto: Cristiano Ronaldo e os franceses Benzema e Kanté.
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Campeão e melhor das semifinais e da final da Champions, Kanté tem a dura missão de convencer os jurados a premiar um volante sem números expressivos no ataque, embora tenha sido um dos melhores de sua posição no ano. Seu companheiro Benzema, que viveu temporada de guerreiro solitário no Real Madrid, teve pouco tempo para abrilhantar seu retorno à seleção após seis anos. Ainda assim, foram quatro gols em quatro jogos, que se somam a outros 18 marcados pelos merengues em 2021.