Igreja do Sagrado Coração de Jesus, submersa para formar o lago de Itaparica, em Petrolândia, Pernambuco
Numa das viagens que fiz desenvolvendo atividades para o Departamento de Projeto Especiais do Diário de Pernambuco, em anos recentes, éramos comandados por Arijaldo Carvalho, que projetava as pautas, definia as missões de cada jornalista e os levava às cidades do interior, para a cobertura.
Quando Petrolândia completou 100 anos, em 2009, o governo local projetou um mês de eventos culturais, culminando com a edição do encarte do Diário, com cerca de 40 páginas.
Como se sabe a região se tornou conhecida pela quantidade de restaurantes que servem carne de bode. Numa dessas viagens, paramos para almoçar na estrada, em pequena casa de pasto, onde se come refeições ligeiras, sendo o bode é a carne preferencial.
Quase às 14h., com as barrigas reclamando falta de alimentos, paramos num desses locais. Éramos cinco: um fotógrafo, um cinegrafista e dois jornalistas, além de Arijaldo; todos esfomeados. Na porta do “estabelecimento” já estava D. Zefinha, a dona, que abriu os braços de felicidade por faturar mais quatro pratos e cumprimenta nosso chefe-de-viagem, como se um filho fosse.
Jornalista Arijaldo Carvalho
Após o fraternal amplexo Arijaldo deu o primeiro “grito de guerra”
– D. Zefinha, sirva-nos cinco bodes!
Alguns de nós não conhecia aquele tipo de carne, pouco comum na Capital, mas no interior, é o “filé”. De pronto a senhora indagou em brado forte:
– Mas seu Arijaldo, o senhor tem certeza que seu pessoal quer comer bode? Não preferem uma carnezinha de sol? Tá uma delícia!…
– Quer, D. Zefinha.! Todos eles estão com cara de quem só gosta de bode. Tem mais, com a fome que estão eles comem até papel de jornal com farinha.
– Mas me diga uma coisa, Seu Arijaldo, toda vez que o senhor vem aqui com seus amigos só pede esse tipo de carne… Por que o senhor gosta tanto de bode?
– Porque na outra encarnação eu fui cabra! E gosto de bode pra cacete!…