01 de agosto de 2020 | 14h58
A rainha do pop Beyoncé lançou nesta sexta-feira, 31, seu tão aguardado álbum visual, Black Is King, um vídeo esteticamente ambicioso anunciado como complementar a seu álbum de 2019 com músicas inspiradas no remake da Disney de O Rei Leão.
A narrativa visual altamente estilizada lançada na plataforma de streaming Disney Plus dura uma hora e 25 minutos e, semelhante a "O Rei Leão", conta a história de um jovem que viaja por um mundo difícil, longe de sua família.
O trabalho é uma ode à experiência negra, repleta de imagens vibrantes celebrando a diáspora africana, uma exploração estética da história negra, poder e sucesso que também faz referência a colonialismo, disparidade econômica e racismo.
Beyoncé descreveu o álbum como um "trabalho de amor", que agora serve "a um propósito maior" do que seu papel original como peça complementar de O Rei Leão: O Presente, em vista do clima sociopolítico atual.
Protestos em massa contra o racismo se seguiram ao assassinato por um policial branco do afro-americano George Floyd, em maio, quando a pandemia do novo coronavírus já atingia duramente os Estados Unidos, infectando desproporcionalmente a população negra.
"Muitos de nós querem mudanças", escreveu Beyoncé no Instagram, em um raro momento de desabafo pessoal dessa celebridade reservada.
"Acredito que quando os negros contam as próprias histórias, é possível mudar o eixo do mundo e contar a história REAL de riqueza geracional e riqueza de alma que não são contadas em nossos livros de História".
- Imagens exuberantes -Alimentado por visuais exuberantes e os vocais crescentes de Beyoncé, Black Is King enfatiza fortemente as noções de família e maternidade, além de linhas filosóficas sobre origem e legado.
Seu marido, o astro do hip-hop Jay-Z, a atriz Lupita Nyong'o e a modelo Naomi Campbell estão na produção. A mãe de Beyoncé, Tina Knowles-Lawson e a ex-colega de banda de Destiny's Child, Kelly Rowland, também aparecem, assim como a filha, Blue Ivy, e imagens raras de seus gêmeos, Rumi Carter e Sir Carter.
O filme segue o venerado álbum visual de 2016 de Beyoncé Lemonade, que enfatizou a mulher negra no contexto do legado americano de escravidão e cultura de opressão.
Desde o trabalho vencedor do Grammy, Beyoncé tem valorizado o visual na vanguarda de sua arte, não mais focada em dominar as paradas pop.
Simultaneamente uma das estrelas mais discretas e mais cultuadas da música, aos 38 anos ela usa sua enorme plataforma de mídia social para aprimorar sua imagem e promover seu trabalho, repleto de comentários sociais amplos sobre temas como gênero e raça.
Beyoncé também enfrentou críticas, especialmente de fora dos Estados Unidos, por implantar o que alguns chamam de visuais estereotipados da "tradição africana" - pintura facial e plumas, por exemplo.
Muitos usuários de mídias sociais observaram que o Disney Plus não é acessível nos países africanos e que, embora Beyoncé tenha realizado alguns shows no continente, suas turnês não passam por lá há anos.
"É preciso entender como nossa amada rainha Beyoncé está reduzindo a negritude e a africanidade à estética e às imaginações ocidentais de nossa existência", tuitou o usuário Paballo Chauke. "Também é preciso falar como isso agora é lucrativo".
Ainda assim, a 'Bey Hive' - legião de fãs fervorosos de Beyoncé - expressou alegria com o lançamento de Black Is King, que rapidamente se tornou um trending topic.