O silêncio reinante no “bem ali”
– Ei, bora “bem ali”!
– “Bem ali” é aonde?
– “Bem ali” é muito antes do “acolá”, e distante do “lá na frente”!
– O que é que vamos fazer nesse “bem ali”?
– Vamos saborear a natureza. Vamos escutar o cântico da cigarra, quando começar a anoitecer.
– Nesse “bem ali” só tem cigarras cantando?
– Não!!! No “bem ali” tem a profundidade do silêncio, a natureza, o céu límpido e claro.
Mas, o que tem de bom mesmo “bem ali” é o silêncio. “Bem ali” é tão silencioso, que apenas alguns conseguem escutar a conversa entre o vento e a brisa – e, claro, o vento sempre tentando convencer a brisa para um colóquio amoroso.
Mas a brisa sempre reluta, achando que a conversa pode evoluir para “os finalmente”, e dali nascer uma tempestade.
A sonata da chuva que cai “bem ali”
– Indo “bem ali” a gente pode conhecer o desconhecido, descobrir o encoberto. “Bem ali”, tem uma lagoa e a gente pode até banhar juntos. Banhar nus, como a natureza nos criou.
– E…. se alguém nos olhar banhando nus na lagoa desse “bem ali”?
– Na lagoa, banhando nus, estaremos só nós dois. Ninguém sabe onde fica o “bem ali”. Só nos, os despidos da maldade.
– E, depois do banho nessa lagoa do “bem ali”, o que faremos?
– Voltaremos para casa, pois a noite estará se apressando para chegar. Aproveitaremos para escutar o vem-vem e até para espantar as corujas que ficam na estrada. Vamos?
– Tá certo. Vamos. Mas, só vou porque você está dizendo que é “bem ali”!
A caminho do “bem ali” a estrada estará cheia de folhas que o outono derrubou
– Vamos andar um pouco mais rápido! Só assim, o “bem ali” fica mais perto. Bem distante do acolá.
Chegaremos em casa, comeremos alguma coisa e, escutando os vôos rasantes das corujas, sentaremos na ponta da calçada e contaremos estrelas. Separaremos aquelas com brilho muito intenso, das que não brilham tanto. Formaremos, ainda que apenas na imaginação, a nossa constelação estelar.
– E depois que contarmos as estrelas, o que faremos?
– Entraremos. Deitaremos, e faremos o que você quiser. Mas, não faremos tantas vezes pois, com certeza, o amanhecer de um novo dia estará “bem ali”!