Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Música Sertaneja domingo, 08 de maio de 2022

BELMONTE E AMARAÍ, UM MARCO NA MÚSICA SERTANEJA
BELMONTE E AMARAÍ, UM MARCO NA MÚSICA SERTANEJA

Raimundo Floriano

 

 

Belmonte e Amaraí

 

                        No dia 2 de agosto passado, um domingo, fui régia e duplamente premiado por minha devoção à genuína Música Popular Brasileira.

 

                        Começou às 10 horas da manhã, na TV Cultura, Canal 510, no Programa Sr. Brasil, comandado pelo veterano Rolando Boldrin. Durante uma hora, exibiram-se ali dois magníficos cantores completamente desconhecidos para mim: Júlio Carvalho e Cláudia Cunha, acompanhados por excelente regional, contando com clarineta, baixo acústico, violão de 6 cordas, violão de 7 cordas, bandolim, cavaquinho e outros de percussão. Além da arte de cada astro, casos e mais casos, como é do feitio de Boldrin, enriqueceram o espetáculo.

 

                        Durante os comerciais, era anunciada, para as 8 da noite, uma homenagem à recém-falecida estrela Inezita Barroso, apresentadora do Viola, Minha Viola.

 

Inezita Barroso em duas fases de sua carreira

 

                        À noite, a hora marcada, enquanto a maioria dos telespectadores se plugavam, suponho, no Faustão ou no Silvio Santos, eu voltava à TV Cultura para conferir. O título da homenagem era Tributo a Inezita – Quanta Saudade Você Me Traz.

 

                        Durante 2 horas e meia de programa, ali compareceram nomes do primeiro time da Música Sertaneja, alguns representando falecidos ícones do gênero, contando, no total, mais de 50 artistas, dentre eles Renato Teixeira, Ivan Lins, Lourenço e Lourival, Renato Borghetti, Rick Solo, Mococa e Paraíso, Paulo Freire, João Mulato e Douradinho, Pereira da Viola, Roberto Correa, Irmãs Barbosa, Toninho Ferragutti, Daniel e o Coral da USP.

 

                        A maioria atuou acompanhada pelo Regional Viola, Minha Viola, com Joãozinho, violão, Arnaldo Freitas, viola caipira, Leandro Madeira, baixo, Escurinho, percussão, e os convidados, Maestro Marinho, sanfona, e Márcio, percussão. Eles formaram o grupo que esteve ao lado de Inezita nos últimos nos da emissora.

 

                        O repertório do tributo refletiu a vasta obra de Inezita e as apresentações se dividiram entre os clássicos de seu cancioneiro e também algumas peças que marcaram os artistas presentes ao show. Ao final, todos os participantes cantaram a inesquecível canção Lampião de Gás, marca registrada da estrela.

 

Alguns astros da apoteose

 

                        Espero que a produção desse show disponibilize um DVD com a sua íntegra, para o deleite de todos os aficionados gênero, com é meu caso.

 

                        Embora eu tenha curtido adoidado o programa integralmente, lamentei a ausência de representante de uma dupla que, para mim – vocês têm todo o direito de discordarem –, representou um marco na Música Sertaneja: Belmonte e Amaraí.

 

Belmonte e Amaraí

 

                        Pascoal Zanetti Todarelli, o Belmonte, nasceu em Barra Bonita (SP), no dia 2 de novembro de 1937, e faleceu num acidente automobilístico em Santa Cruz das Palmeiras, interior paulista, no dia 9 de setembro de 1972. Domingos Amaraí Sabino da Cunha, o Amaraí, nasceu em Rui Barbosa (BA), no dia 11 de outubro de 1940.

 

                        Belmonte, conhecido carinhosamente como Lico em Barra Bonita, formou duplas com Belmiro e também com Miltinho Rodrigues que, mais tarde, por sua vez, formou dupla com Tibagi.

 

                        Amaraí, por outro lado, com apenas 16 anos, em Rio Verde (GO), já cantava em dupla com Amoroso. A dupla foi desfeita, e Amaraí seguiu para São Paulo, onde passou a se apresentar sozinho, cantando na noite e chegando a formar dupla com Tibagi, algum tempo depois.

 

                        Com apenas 16 anos, Belmonte também já se aventurava pela capital paulista atrás do sonho de cantar, e foi com 18 anos que conheceu Belmiro e formou com ele a dupla Belmiro e Belmonte, gravando o LP Aquela Mulher, pela gravadora Sabiá, que foi o primeiro disco em sua carreira.

 

 

                        O sucesso demorou e só chegou em 1964, quando Belmonte, já com 26 anos de idade, conheceu o Amarai, no Café dos Artistas; formando a dupla Belmonte e Amaraí, a qual se apresentava em casas noturnas e bares, interpretando os mais diversos estilos musicais, em vários idiomas.

 

                        No ano seguinte, Nenete, da dupla Nenete e Dorinho, sendo diretor artístico da gravadora RCA, propôs à dupla um contrato de gravação. E, em 1967, Belmonte e Amaraí lançaram o primeiro LP, no qual o sucesso da faixa-título Saudade de Minha Terra, de Belmonte e Goiá, se encarregou de imortalizar a dupla, com mais de 1.650.000 cópias vendidas, número até hoje raramente igualado.

 

 

                        Eu, nordestino e seresteiro, que até hoje faço serenatas pelas superquadras de Brasília, até então só conhecia uma canção obrigatória em nossas cantorias noturnas: Luar do Sertão, do maranhense Catulo da Paixão Cearense. Aí chegou Saudade de Minha Terra! E chegou para ficar! Em qualquer rodada musical de amigos, possa ser em residência ou boteco, ela é cantiga obrigatória.

 

                        O impacto de Saudade de Minha Terra foi tamanho, que grandes nomes da MPB a regravaram: Milionário e José Rico, João Paulo e Daniel, Chitãoinho e Chororó, Sérgio Ferraz e Júlia Arantes, Mauro Sérgio, Francisco Petrônio, Sérgio Reis, Marcelo Costa, e muitos outros.

 

                        No pouco tempo em que durou, a dupla Belmonte e Amaraí deixou sua história na música caipira de raiz. Belmonte e Amaraí possuíam as vozes mais afinadas e que melhor se casavam na época. Tornaram-se um marco dentro da música sertaneja, considerado por alguns como sendo os precursores do sertanejo moderno. Inovaram na instrumentação, incluindo harpa paraguaia, piano, bongô e pistons, instrumentos musicais praticamente inéditos nas músicas do gênero.

 

                        Gosto não se discute! Aqui externei minha sincera opinião, fruto de muita pesquisa, acurada observação!

 

                        Os LPs e CDs da dupla são facilmente encontráveis no mercado virtual.

 

                        Ah! Ia-me esquecendo, são imperdíveis as manhãs de domingo na TV Cultura: de 9 às 10, Viola, Minha Viola; de 10 às 11, Sr. Brasil; e, de 11 ao meio-dia, Samba na Gamboa. É Música Popular Brasileira da melhor qualidade.

 

 

                        Para vocês, Saudade de Minha Terra, guarânia de Belmonte e Goiá, divisor das águas na Música Sertaneja, com Belmonte e Amaraí, seus criadores:

 

 


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