BELEZA MORTA
Cruz e Sousa
De leve, louro e enlanguescido heliantho
Tens a flórea dolencia contristada…
Ha no teu riso amargo um certo encanto
De antiga formosura desthronada.
No corpo, de um lethargico quebranto,
Corpo de essência fina, delicada,
Sente-se ainda o harmonioso canto
Da carne virginal, clara e rosada.
Sente-se o canto errante, as harmonias
Quasi apagadas, vagas, fugidias
E uns restos de clarão de Estrella accêsa…
Corno que ainda os derradeiros haustos
De opulências, de pompas e de faustos,
As relíquias saudosas da belleza.