Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão domingo, 13 de dezembro de 2020

BEATRIZ MILHAZES: ARTISTA PLÁSTICA GANHA GRANDE RETROSPECTIVA NO MASP E NO ITAÚ CULTURAL

 

Beatriz Milhazes ganha grande retrospectiva no Masp e no Itaú Cultural

Exposição destaca o desenvolvimento do estilo da artista em pinturas, esculturas, colagens e gravuras de seus últimos 30 anos de carreira

Júlia Corrêa, O Estado de S.Paulo

12 de dezembro de 2020 | 05h00

A produção de Beatriz Milhazes é o foco de uma exposição promovida em conjunto pelo Masp e Itaú Cultural – a maior retrospectiva já dedicada à artista carioca, de 60 anos. A parceria entre as duas instituições vem na esteira da união de esforços de espaços da região em estabelecer projetos comuns que explorem o potencial da Avenida Paulista, “corredor cultural” que completa 129 anos exatamente neste mês de inauguração da mostra. Assim, o título da exposição – Beatriz Milhazes: Avenida Paulista – vem a calhar. A artista, aliás, deu o nome da via a uma pintura inédita, doada ao Masp, que estará em exibição no andar dedicado ao acervo do museu.

 

Beatriz Milhazes
Êxito. Produção da artista é cada vez mais valorizada no mercado internacional.  Foto: Taba Benedicto/Estadão
 

A doação é tudo menos modesta. Afinal, a produção de Beatriz, artista de projeção internacional, vem sendo cada vez mais valorizada no mercado. Em um leilão da Sotheby’s em 2012, por exemplo, a tela Meu Limão teve o maior preço já alcançado por um artista brasileiro vivo: US$ 2,1 milhões. Na SP-Arte de 2016, um comprador adquiriu uma pintura sua por R$ 16 milhões, vendida pela Dan Galeria. Suas obras estão também no acervo de importantes instituições americanas e europeias, como o Museum of Modern Art (MoMa), em Nova York, e o Museu Reina Sofia, em Madri. 

Não se pode negar o apelo da obra da artista, cujas formas e cores “falam diretamente ao olhar”, segundo Ivo Mesquita, curador da mostra no Itaú Cultural, que ressalta, no entanto, a “grande inteligência” existente por trás de tal mérito. “Ela criou uma identidade própria com as cores, os enlaces das formas e os efeitos ópticos. Isso faz com que seu trabalho seja extremamente apreciado, mas, para além da popularidade, ela está num lugar que contém a densidade de uma profunda reflexão sobre a história da pintura”, avalia Mesquita.

 

Beatriz Milhazes
De perto. Artista veio do Rio de Janeiro para acompanhar a montagem da exposição. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Concepção. Programada desde 2018, a retrospectiva partiu de um convite simultâneo do Masp e do Itaú Cultural. Com a última instituição, a artista havia publicado um livro dedicado a suas colagens e gravuras e, disso, nasceu a ideia de uma exposição com tal recorte. A possibilidade de exibição em dois espaços tão próximos permitiu, contudo, que a mostra fosse concebida como a mais abrangente de sua trajetória, com 170 trabalhos de seus últimos 30 anos de carreira.

Beatriz afirma valorizar o diálogo com críticos e curadores. Assim, envolveu-se diretamente na produção da mostra. Durante o processo, as condições específicas da pandemia demandaram ajustes, mas a quarentena, segundo a artista, acabou tendo um lado positivo, com um maior tempo para a discussão e a revisão de detalhes do projeto. Beatriz veio do Rio de Janeiro para acompanhar o processo final de montagem e a inauguração da mostra. Em seu primeiro dia em São Paulo, conversou com o Estadão.

Diante das atuais circunstâncias, a artista considera que o público, mais do que nunca, precisa de acesso à arte e à cultura. Nesse sentido, admite as potencialidades de sua produção: “Hoje, eu tenho consciência que o meu trabalho tem este poder de comunicação, de atingir desde a área especializada até aqueles não necessariamente familiarizados com a arte. O que me deixa feliz é que ele traz essa energia que a arte pode ter – de fazer pensar diferente, de transformar as pessoas. Por isso, torço para que venham ver a mostra”, comenta. Por questões de logística, a exposição começa antes no Itaú Cultural, onde o público poderá conferir, prioritariamente, colagens e gravuras, enquanto no Masp, a partir do dia 18 de dezembro, estarão, sobretudo, suas pinturas e esculturas.

 

Beatriz Milhazes
Estratégias. Colagens exibidas no Piso 1 do Itaú Cultural evidenciam estruturas básicas das composições criadas por Beatriz, como o cruzamento de linhas verticais e horizontais.  Foto: Taba Benedicto/Estadão

A artista, que despontou com a Geração 80 – grupo que se contrapôs à arte conceitual dos anos 1970 –, tem a pintura na base de sua produção, marcada pelo uso de cores vibrantes, ornamentos e sobreposição de formas. “A pintura é a raiz; é dela que vem a coisa mais bruta. Gosto de desafios, de introduzir novos elementos, fazer eles se desdobrarem. Mas, para mim, é muito importante respeitar o tempo desse processo. Eu paro de pintar durante alguns períodos, mas, com os outros meios, posso continuar a pensar e obter resultados que me estimulam e devolvem informações para a pintura”, explica Beatriz, ressaltando que, no diálogo entre os dois espaços expositivos, será possível perceber como ocorre essa dinâmica.

O curador Ivo Mesquita reforça que é precisamente essa a proposta da mostra no Itaú Cultural: “É a primeira vez que são exibidas juntas tantas colagens e gravuras. O objetivo é mostrar como essas duas práticas ganharam uma autonomia no trabalho da Beatriz, mas como mantêm uma relação de irmãs com a pintura e se retroalimentam”. Desse modo, quem visitar a mostra poderá perceber o que Mesquita descreve como a “imensa curiosidade” por trás do trabalho da artista, marcado, segundo ele, por um “pensamento extremamente coerente, desenhado e programado”.

Tais aspectos são desdobrados ao longo de três pisos do instituto. No mezanino, predominam as colagens, a partir das quais é possível notar, por exemplo, que seus trabalhos começam com uma “grade” de linhas verticais e horizontais, que formam o plano para a aplicação dos famosos ornamentos da artista. No 1º subsolo, ganham destaque as gravuras e formas circulares exploradas por ela. Motivos como a rosácea, constante no trabalho de Beatriz, compõem um efeito óptico cujas modulações poderão ser observadas pelo visitante. “Essa sala mostra como ela constrói a superfície em movimento”, acrescenta Mesquita.

 

Beatriz Milhazes
Registros. Uma das seções no Itaú Cultural inclui publicações sobre a obra da artista. Foto: Taba Benedicto/Estadão

O 2º subsolo, por sua vez, propõe ao público um percurso didático e ilustrativo, com obras e publicações que evidenciam a construção das composições de Beatriz e os desdobramentos de um suporte para o outro. Ali, um trabalho de 1989 aparece como exemplar das primeiras aplicações de uma técnica criada por ela, chamada “monotransfer” – em uma folha de plástico, desenha uma imagem de um lado e pinta o seu verso, colando, então, a superfície pintada sobre a tela. Quanto a essa técnica, Beatriz explica que surgiu de sua insatisfação com o resultado plástico de suas pinturas. A descoberta permitiu a preservação das cores no processo de transferência e também que ela não se dissociasse da ideia de colagem que permeia sua produção.

“Ver o trabalho da Beatriz ao vivo reafirma o quanto a gente pode aprender com o olhar. A pintura dela é uma aula de procedimentos técnicos e formais”, avalia Amanda Carneiro, curadora da mostra no Masp ao lado de Adriano Pedrosa. Qualidades como essa poderão ser visualizadas, por exemplo, em 12 pinturas de pequeno formato no mezanino. A seção que promete ser a mais impactante, no entanto, é a galeria do 2º subsolo, com 50 pinturas em grandes dimensões dispostas em cavaletes desenhados com base nos originais de Lina Bo Bardi (só que com têxtil e metal em vez de concreto e cristal). A ideia é promover a mesma atmosfera de “floresta” contida na exibição do acervo no segundo andar, mas com a diferença de que haverá obras fixadas nos dois lados dos cavaletes. Tal escolha permitirá que sejam observadas associações e contrastes entre diferentes períodos da produção de Beatriz.

 

Beatriz Milhazes
Desdobramentos. Público poderá perceber variações e repetições em diferentes suportes. Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ainda no 2º subsolo, de cujo teto pende Gamboa, uma das esculturas presentes na mostra, foi instalado um piso de linóleo, reforçando a ligação da artista com a dança, linguagem que pauta a programação do Masp este ano. “Simbolicamente, é como se a dança fosse a estrutura sobre a qual o trabalho dela se assenta”, diz Amanda. A artista costuma colaborar com as produções da companhia de dança de Márcia Milhazes, sua irmã, que agora poderá dar uma “retribuição” – para o ano que vem, estão programadas apresentações suas no ambiente expositivo.

O QUE SERÁ POSSÍVEL VER EM CADA UM DOS ESPAÇOS

Itaú Cultural 

No instituto, estarão expostas, predominantemente, gravuras e colagens de diferentes fases da carreira de Beatriz. Sob a curadoria de Ivo Mesquita, este núcleo da exposição reúne 79 obras, dentre as quais três são inéditas: ‘Havaí em Amarelo Vibrante’; ‘Cor de Pele’ e ‘Giro Horizontal’. Entre os outros destaques, a gravura ‘Dovetail’, de 2019, é a maior já produzida por ela, com dois metros de comprimento.

Masp

Pinturas e esculturas serão privilegiadas. Telas de grandes dimensões estarão em cavaletes desenhados com base nos originais de Lina Bo Bardi. Beatriz produziu a tela ‘Avenida Paulista’ especialmente para a instituição. Com a escultura ‘Marola’, essa obra será exibida à parte, na sala de exibição do acervo. A curadoria da mostra, que integra a programação dedicada à dança deste ano no museu, é de Adriano Pedrosa e Amanda Carneiro. 

EXPOSIÇÃO TERÁ ATIVIDADES EDUCATIVAS

Paralelamente à mostra, o público poderá participar de encontros online dedicados à produção de Beatriz Milhazes. Com a mediação de educadores do Itaú Cultural, serão discutidas questões como o uso da cor, a escolha de materiais e a recorrência de formas e temas em sua obra. Gratuita, essa atividade ocorre em 13 e 20 de dezembro, das 11h às 12h, com vagas limitadas (inscrições no site itaucultural.org.br). Ao longo do mês de dezembro, o espaço promove ainda uma série de oficinas virtuais sobre práticas de desenho e pintura.

Segundo Eduardo Saron, diretor do instituto, esse tipo de experiência virtual ficará como uma das principais lições do período de pandemia. A ideia, segundo ele, é que os recursos online sejam sempre complementares às exposições, indo além da mera reprodução de conteúdo. Em tempos de distanciamento social, outra aposta, por exemplo, é oferecer aos visitantes o acompanhamento remoto de educadores por meio de videochamada.

Como complemento, o Masp, por sua vez, lança o catálogo da retrospectiva de Beatriz, que será vendido, a partir de janeiro, tanto na loja física quanto no site masploja.org.br (R$ 159).

SERVIÇO

ITAÚ CULTURAL. AV. PAULISTA, 149, METRÔ BRIGADEIRO, 2168-1777. VISITAS DE 3ª A DOM., MEDIANTE RESERVA EM SYMPLA.COM.BR/AGENDAMENTOIC

MASP. AV. PAULISTA, 1.578, METRÔ TRIANON-MASP, 3149-5959. INAUGURAÇÃO: 18/12. 13H/19H (3ª, 10H/20H; SÁB. E DOM., 10H/18H; FECHA 2ª). R$ 45 (3ª E 4ª, GRÁTIS). RESERVA EM MASP.ORG.BR/INGRESSOS. ATÉ 30/5/2021. 


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