A segunda geração, representada por Joesley, obrigou o patriarca Zé Mineiro a revogar a aposentadoria e, aos 83 anos, voltar ao batente
Num vídeo institucional da empresa que fundou e o filho Joesley transferiu dos cadernos de economia para o noticiário político-policial, José Batista Sobrinho conta como foi o começo do império no interior de Goiás: “Eu carregava malas de dinheiro de um lado para o outro para comprar, abater e vender boi”, lembra o patriarca que, por ter nascido em Alfenas, ficou conhecido como Zé Mineiro.
Em outro vídeo, o primogênito José Batista Junior, o Junior Friboi, conta o que os filhos faziam assim que o pai voltava de alguma viagem: “A gente ficava passando as notas amarrotadas, contava, amarrava direitinho, tudo muito caprichado, escrevendo os valores nos pacotes”. Hoje, seria necessária uma imensidão de crianças para reprisar o serviço com os bilhões de reais que o grupo J&F movimenta diariamente. E as malas repletas de cédulas passaram a ser carregadas por políticos arrendados pelos Batista para tornar ainda maior um colosso empresarial.
Ou porque o pai lhes ensinou a coisa errada ou por que não entenderam a lição, os filhos aprenderam a amar o dinheiro acima de todas as coisas. Tamanha paixão acabou induzindo a segunda geração a consumar um feito raro: obrigar o patriarca a revogar a aposentadoria e, aos 83 anos, voltar ao batente. O BNDES, sócio minoritário do monstro que ajudou a parir, livrou-se de Joesley e Wesley, engaiolados em Brasília. Mas segue exposto ao perigo que assombra a empresa familiar.
Neste momento, Zé Mineiro certamente está ensinando aos netos como se conta dinheiro com ligeireza – e já de olho no mais veloz. Será ele o sucessor. O velho negociante de carne bovina ainda não descobriu que, no mundo da proteína animal, Batista deixou de ser sobrenome. Virou estigma.