Todas as áreas mundiais estão sofrendo barbaridades com os efeitos causados por uma terrível pandemia: fome, desemprego, mortalidade, subdesenvolvimento educacional crescente, violência urbana e desestruturação familiar, a exigir posicionamentos serenos dos dirigentes públicos responsáveis. Esta semana mesmo, perdi um enteado muito amado, o André.
Da sempre amiga Lúcia Souza, profissional competente do Paraná, recebi, tempos atrás, o texto abaixo, num cartão de Ano Novo próprio, reproduzido em computador pessoal. Pensamentos que bem deveriam indicar rumos comportamentais para todos aqueles que necessitam reestruturar-se para continuar seguindo adiante, num mundo de cenários múltiplos, díspares e divergentes. De insurgências e ressurgências, como antecipou Gilberto Freyre, sempre inesquecível. Ei-lo:
“Gosto de gente com a cabeça no lugar, de conteúdo interno, idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade. Gosto de gente que ri e chora, se emociona com uma simples carta, um telefonema, uma canção romântica, um gesto de carinho, um abraço e uma ternura. Gente que ama e sabe curtir saudades.
Gosto de gente que cultiva flores, admira paisagens, semeia perdão, reparte vivências e confidências, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis por mais desgastantes que sejam. Gente que orienta, entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, ainda que a lição advenha de uma criança, de um pobre ou de um analfabeto. Gente de coração desarmado, sem ódio e preconceitos cavilosos. Gente que erra e reconhece, cai e levanta, apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros, fazendo redentoras suas próprias lágrimas e sofrimentos.
Gosto de gente assim, desconfiando que é desse tipo de gente que Deus também gosta”.
Tenho uma imensa compaixão dos que possuem alma pequena. Dos complexados por esse ou aquele motivo. Das que se imaginam corporalmente formosas e se desestruturam com as primeiras rugas. Dos que não entendem a concepção moderna de família, refugiando-se num tribalismo hermético. Dos que não sabem rir, sentindo-se sempre coitadinhos. Das que se imaginam libertas, somente porque não prestam mais contas dos seus atos e andanças a companheiros, superiores ou subordinados. Dos que se arvoram de poderosos quando espezinham humildes, de quatro pés se postando, rabinho entre as pernas, diante de superiores, proclamando covardemente que o outro manda, ele simplesmente obedecendo sem a menor criticidade, para conservar cargo e privilégios. A la general Ernesto Pazuello, que muito desonra as Forças Armadas Brasileiras com suas pantomimas.
Aflige-me bastante a incapacidade daqueles que não sabem transformar “coisas invisíveis” em paz e felicidade, nunca assimilando, porque sempre inculto e dependente, que “o inferno é a incapacidade de amar” (Dostoievski), ignorando também, porque ficou sempre numa superficialidade cognitiva, que foi o próprio Dostoievski quem disse que o único meio de evitar os erros é adquirir experiência, esta somente emergida através dos erros cometidos.
Apreensivo, percebo quão infelizes se estão tornando aqueles que não reconhecem, porque portadores de uma transitividade ingênua, que livrar-se do que não se quer não é equivalente a obter o que se deseja.
Admiro profundamente aquelas pessoas que fecham os olhos para ver melhor. Que sofrem constrangimentos afetivos para ampliarem sua capacidade de integrar-se no Cosmo. Que não menosprezam acasos, pois estes só favorecem as mentes preparadas para os amanhãs pós pandemia.