Baixinho Calixto & Luizinho Calixto – Família de forrozeiros paraibanos
No dia 6 de setembro de 2021, o jornalista e pesquisador musical, José Teles, um dos mais talentosos conhecedores de música da atualidade, paraibano de nascença e pernambucano de paixão, tendo chegado ao Recife na época que o mar era de água doce, escreveu uma crônica com o título acima mencionado, comunicando o encantamento de um dos maiores forrozeiros do início do século XX, pertencentes à safra dos Dominguinhos, ignorado até pelo Papa-Figo, hebdomadário que dá mais furo em políticos corruptos do que o jumento POLODORO!
Pela importância da crônica que comenta a desimportância que mídia dá aos artistas que fizeram a história do no forró, resolvi publicá-la na minha coluna.
O texto de José Teles está transcrito a seguir.
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Soube nesse sábado, 4 de setembro, da morte de Bastinho Calixto, sanfoneiro, compositor, cantor e produtor, em Campina, sua cidade natal. Demorei a postar a má notícia, embora a fonte tenha sido Anselmo Alves, um especialista em sanfoneiros, e amigos de todos. Pesquisei no Google e não encontrei uma só matéria sobre o falecimento, o que só constatei hoje, três dias depois. Este é um tipo de notícia em que não cabe furo. Tem que se ter certeza antes da publicação.
Depois de um acidente de carro, Bastinho Calixto ficou impossibilitado de fazer shows. No final da vida vivia de uma aposentadoria rala, e do que pingava em direitos autorais de, acreditem, cerca de 700 músicas, gravadas por quase todo mundo do forró. Uma de suas composições mais bem sucedidas foi um grande sucesso com Elba Ramalho, Toque o Fole (“Toque sanfoneiro/um forró bem animado/com cadência de xaxado/da poeira levantar”), e é obrigatória no repertório de shows da cantora.
Sebastião Tavares Calixto, nascido em 5 de julho de 1951, era de uma família de mestres dos oito baixos, seu irmãos estão na história do forró, sobretudo o mais velho, Zé Calixto, da segunda geração do forró, falecido em 2020, considerado um dos mais importantes nomes da sanfona no país, assim como Luizinho Calixto, que continua na ativa. Foi muito jovem para o Rio, tocou zabumba nos grupos de Jakcson do Pandeiro e de Luiz Gonzaga. Em 1971, o jovem paraibano teve a ousadia de encarar o carrancudo Flávio Cavalcanti, ao participar do programa A Grande Chance, de imensa audiência nos anos 60 e em parte dos 70 (foi o The Voice de então, mas sem a artificialidade e a forçação de barra).
O programa revelou entre outros, Armandinho Macedo, Emilio Santiago ou Alcione. Representando a Paraíba, Bastinho Calixto terminou levando um prêmio em dinheiro, e a gravação do LP de estreia. Mal começou a gravar, já passou a produzir com Ozeas Lopes, um dos mais atuantes produtores de forró daquela época (que também gravava brega como Carlos André). Bastinho foi produtor de cerca de 400 discos, e trabalhou em praticamente todas as gravadoras, grandes e pequenas, do país. Sua morte só teve destaque na imprensa da Paraíba. Forró para a maioria dos jornalistas, inclusive nordestino, é o que Wesley Safadão, Xand Avião, e outros famosos da fuleiragem music, que se misturou com sertanejos de tal forma, que é difícil distinguir um do outro.
Só Pra Perturbar – Bastinho Calixto