Prefeito Augusto Lucena “passa” as chaves da prefeitura do Recife para Antonio Farias
De 1964 a 1969, anos de chumbo grosso, quando o prefeito Augusto Lucena fora nomeado pelo governador Eraldo Gueiros de Pernambuco para administrar a Prefeitura do Recífelis, contam-se trapalhadas homéricas de arrepiar os pentelhos do forévis dos bastidores do Cabaré de José Mariano, a Câmara de Vereadores, durante os ânus que o homem de chapéu Ramenzoni ficou à frente do executivo municipal.
Modernizador do bairro de São José, Augusto Lucena era alvo de elogios, mas também de pesadas críticas dos seus desafetos quando o assunto era sua administração, chegando ao ponto de seus inimigos políticos o chamarem de “Revitalizador da Venérea Brasileira”, por ser o Recífilis o bairro dos cortiços, onde predominavam os maiores índices de gonorreia, sífilis, chato, crista de galo, blenorragia, herpes genital, xanha…
Durante suas gestões foram criados o edifício-sede da Prefeitura da Cidade do Recífilis, o Colégio Municipal para ensino do 1º e 2º graus, construídas mais de 4.000 casas populares, além da abertura de muitas avenidas, entre elas a Caxangá, a Antônio de Góis, o Cais José Estelita, a Nossa Senhora do Carmo, a Agamenon Magalhães, a Domingos Ferreira, a Abdias de Carvalho e o Cais do Apolo. Outras obras: construção das Pontes Limoeiro, Jiquiá, Capunga e Caxangá, o alargamento da Av. Dantas Barreto, onde houve a necessidade da demolição da Igreja dos Martírios, considerada pela municipalidade como imprescindível para a construção e alargamento da avenida.
A Igreja dos Martírios, derrubada para ampliar a Av. Dantas Barreto
Foi nesse tempo que os religiosos que defendiam a permanência da Igreja dos Martírios se insurgiram contra o prefeito Augusto Lucena e se puseram em frente à igreja, deitados de bunda para cima, como resistência à sua demolição. E o Velho mandou passar o trator por cima dos que resistiram à derrubada. Esse episódio ficou conhecido nos anais do Recífilis como “A revolta dos cus aperobados”.
Mas foi no período em que administrou a cidade do Recífilis que o prefeito Augusto Lucena enfrentou sua mais dura batalha caseira: os desaforos da professora Mariquinha Bundão, uma baixinha enfezada moradora do bairro de Água Fria.
Certa vez um grupo de professoras, à frente a educadora Mariquinha Bundão, insatisfeita com o salário de miséria que recebia da Prefeitura, fez uma marcha de protesto até o Cabaré de José Mariano, a Câmara de Vereadores, para reivindicar melhores salários e condições de trabalho.
Quando adentrou no recinto, encontrou o prefeito Augusto Lucena debatendo boca com outros funcionários que protestavam também por aumento salarial, e as professoras, à frente a líder, Mariquinha Bundão, foram logo se dirigindo ao chefe do executivo e dizendo, dedo em riste:
– Ei, cunhão murcho, vai pagar a gente ou não vai o aumento salarial? Essa merda que a gente está recebendo não dá nem pra comprar um sabugo de milho para limpar o furico! Como queres que a gente dê aulas com os dentes arreganhados?
Tenso e atrapalhado com tanta pressão, o chefe do executivo municipal não teve outra alternativa: pôs a mão no fecho ecler, pegou o pau com os ovos e, chacoalhando-os, disse:
– Olha aqui que eu tenho para vocês de aumento salarial! Se não estão satisfeitas com o que ganham, vão dar o rabo nos botecos do bairro de São José! Lá vocês ganham mais!
Revoltada com a resposta desaforada do prefeito, e percebendo que o homem era duro na queda para dar aumento, e ali na frente de todos que estavam no salão do Cabaré de José Mariano, Dona Mariquinha Bundão, sem papas na língua, perguntou, gesticulando:
– Tudo bem, mas onde fica esse puteiro que o senhor frequenta pra eu ir até lá pra gente dar umas a seu gosto e preferência? Prometo-lhe fazer de tudo! Qual! Quá! Quá! Quá! Quá!
E saiu para o olho da rua de fininho antes que o homem soltasse os cachorros!