Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Cícero Tavares - Crônicas e Comentários terça, 16 de janeiro de 2018

AUGUSTO LUCENA MOSTRA O PAU À PROFESSORA MARIQUINHA BUNDÃO

 

De 1964 a 1969, anos de chumbo que o prefeito Augusto Lucena foi nomeado pelo governador Eraldo Gueiros de Pernambuco para administrar a Prefeitura do Recife, contam-se trapalhadas homéricas de arrepiar os pentelhos do forévis dos bastidores do Cabaré de José Mariano durante os ânus que o homem de chapéu ramenzoni ficou à frente do executivo.

Modernizador do bairro de São José, Augusto Lucena era alvo de elogios, mas de pesadas críticas dos seus desafetos quando o assunto era sua administração, chegando ao ponto de seus inimigos políticos o chamarem de: “Revitalizador da Venérea Brasileira”, por ser o bairro dos cortiços onde predominavam os maiores índices de gonorreias, sífilis, chatos, cristas de galo, blenorragia, herpes genital…

Durante suas gestões foram criados o edifício-sede da Prefeitura, o Colégio Municipal para ensino do 1º e 2º graus, mais de 4000 casas populares, muitas avenidas, entre elas: a Caxangá, a Antônio de Góis, a José Estelita, a Nossa Senhora do Carmo, a Agamenon Magalhães, a Domingos Ferreira, a Abdias de Carvalho e o Cais do Apolo; as pontes de Limoeiro, Jiquiá, Capunga e Caxangá, o alargamento da Av. Dantas Barreto, onde houve a necessidade da demolição da Igreja dos Martírios, considerado pela municipalidade como imprescindível para a construção e alargamento da avenida.

Foi nesse tempo que os religiosos que defendiam a permaneça da Igreja dos Martírios se insurgiram contra o prefeito Augusto Lucena e se puseram em frente à igreja deitados de bunda para cima como resistência à sua demolição e o velho mandou passar o trator por cima dos que resistiram à derrubada. Esse episódio ficou conhecido como “A revolta dos cus aperobados”.

Mas foi no período em que administrou a cidade do Recife que o prefeito Augusto Lucena enfrentou sua mais dura batalha caseira: os desaforos da professora Mariquinha Bundão, uma baixinha enfezada moradora do bairro de Água Fria.

Certa vez um grupo de professora, à frente a educadora baixinha Mariquinha Bundão, insatisfeita com o salário de miséria que recebia da Prefeitura, fez uma marcha de protesto até o Cabaré de Jose Mariano para reivindicar melhores salários e condições de trabalho…

Quando adentrou no recinto da câmara de vereadores, encontrou o prefeito Augusto Lucena debatendo boca com outros funcionários que protestavam também por aumento de salário, e as professoras, à frente a líder, Mariquinha Bundão, foram logo se dirigindo ao chefe do executivo e dizendo, dedo em riste:

– Ei, cunhão murcho, vai pagar a gente ou não vai o aumento salarial? Essa merda que a gente está recebendo não dá nem pra comprar um sabugo de milho para limpar o furico! Como queres que a gente dê aulas com os dentes arreganhados?

Tenso e atrapalhado com tanta pressão, o chefe do executivo municipal não teve outra alternativa: pôs a mão no fecho ecler, pegou o pau com os ovos e, chacoalhando-os, disse:

– Olha aqui que eu tenho para vocês de aumento salarial! Se não estão satisfeitas com o que ganham, vão dar o rabo nos botecos da São José! Vocês ganham mais!

Revoltada com a resposta desaforada do prefeito e percebendo que o homem era duro na queda para dar aumento, na frente de todos que estavam no salão do Cabaré de José Mariano, Dona Mariquinha Bundão, sem papa na língua, perguntou:

– Tudo bem, mas onde fica esse cortiço que o senhor frequenta pra eu ir até lá pra gente dar uma a seu gosto e preferência? Prometo-lhe fazer de tudo! Qual! Qual! Qual! Qual! Qual! E saiu de fininho antes que o prefeito soltasse os cachorros!

 


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