Infinito-me em divagações percebendo nas ruas vazias de gente a esperança pedindo passagem, sonhando com uma seringa, desejando uma vacina. Os crápulas fingem não ouvir e continuam sua saga do mal, rindo da miséria alheia, provocando aglomeração sem máscara. Fingidores. Não o fingidor poeta, aquele de Pessoa, que, em nome da Poesia e do bem, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente. Muito ao contrário, usam a máscara do fingidor que finge não perceber o sofrimento do semelhante. Até quando? O passado já passou e o futuro não existe, nos ensinava o sábio Francisco Brennand. Resta-nos, pois, este hoje que temos, esse tempo triste, cruel e desolador. Pergunto de novo: até quando? Somos coniventes ao permitir o inferno.
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