Leitor, se vós escutar
Esta pequena proposta
Da descrição de Camões
Acha interessante e gosta
Ouvindo o que ele fez
Ri para cair de costa
Camões foi um enjeitado
Ninguém sabe onde nasceu
Dizem que acharam ele
Na porta de um fariseu
Num dia santificado
De Santo Bartolomeu
O Fariseu quando achou
Levou-o para criar
Com 5 anos botou
Camões para estudar
Com 6 anos ele aprendeu
Ler, escrever e contar
Com 7 anos, Camões
Não era mais inocente
Começou a viajar
Pelo mundo abertamente
Profetizando o futuro
O passado e o presente
Na hora que o Rei soube
Desse Camões afamado
Mandou logo um Conselheiro
Depressa dar-lhe um recado
Que viesse com urgência
Comparecer ao Reinado
Camões, recebendo a ordem
Do Rei, seu superior
Foi direto ao Reinado
Chegando lá com amor
Saudou o Rei, depois disse
Ás ordens, Rei meu senhor
O Rei disse pra Camões
Ouça o que vou lhe dizer
Eu tenho 30 perguntas
Para você responder
E faltar uma das tais
Sem recurso vai morrer
Camões respondeu ao Rei
Meu trabalho é complicado
Porém o senhor comigo
Vai tomar o bonde errado
Faça lá suas perguntas
Que sou um pouco vexado
O Rei disse a Camões
Tu és um menino novo
Vou fazer-te uma pergunta
Aqui perante ao povo
Qual é o melhor da galinha
Camões respondeu o ovo
Com l ano e 4 meses
No dia de Carnaval
O Rei encontrou Camões
E perguntou afinal
Camões, me diga dom quê
Ele respondeu com sal
O Rei gritou, ora bolas
Agora eu vou enrascá-lo
Camões, você vá na Corte
Ante de cantar o galo
Não vá vestido nem nu
Nem a pé nem a cavalo
Camões pensou ali consigo
O Rei comigo não pode
Vestiu-se numa tarrafa
E assanhou o bigode
E para a casa do Rei
Saiu montado num bode
Camões chegando gritou
Chegou eu aborrecido
Nem a pé, nem a cavalo
Não cheguei nu nem vestido
O Rei disse nem o cão
Dá jeito a esse bandido
O Rei com essa resposta
Quase dava-lhe um murrinho
Chamou Camões e lhe disse
Você com a ordem minha
Vai desleitar um boi
Amanhã de tardezinha
Quando foi no outro dia
Camões saiu preparado
Perto da casa do Rei
Deu um grito agigantado
Quando o Rei olhou na porta
Camões vinha disparado
Quando Camões foi passando
O Rei disse credo em cruz
Ande vai? Camões disse
Com a ordem de Jesus
Vou buscar uma parteira
Que meu pai quer dar a luz
O Rei disse mentiroso
Me diz agora onde foi
Que viste homem dar luz?
Nessa vez Camões disse oi
Me diga qual é a terra
Que se tira leite em boi?
Nessa hora, o rei ficou
Em ponto de se morder
Disse Camões, me responda
Sob pena de morrer
Quanto mais cresce mais míngua
O que é que quer dizer?
Camões disse, Senhor Rei
A coisa está decidida
Um velho de 80 anos
Já tem idade crescida
Quanto mais cresce a idade
Mais minguam os dias de vida
Disse o Rei vou fazer outra
Preste atenção no momento
Quanto mais tira, mais cresce
Responda, em fingimento
Se você responder esta
Eu sei que é bem atento
Camões deu uma risada
Com gesto de mangação
Olhou para o Rei e disse
Vou dizer, preste atenção
Quanto mais tira, mais cresce
É um buraco no chão
O Rei ficou se mordendo
E saiu encabulado
Chegou em casa pensando
Qual era o plano acertado
Quando acertou disse eita
Morreste, Camões danado
Chamou Camões e lhe disse
Se não disser vai pra taca
Vou fazer uma pergunta
Responda se for matraca
Por que é que o bezerro
Só viaja atrás da vaca?
Camões respondeu ao Rei
Eu digo perfeitamente
Eu como não tenho estudo
Tenho cá na minha mente
Ele anda atrás da vaca
Porque ela vai na frente
O Rei responde está certo
Me respondeu na razão
Quero que responda outra
Qual é o animal então
Que luta com três sentido?
Dê-me essa explicação
Camões disse é um cachorro
Magro que só bacalhau
Com um sentido, ele late
Com outro, defende-se de pau
O outro vai no nariz
Farejando o bicho mau
O Rei disse adivinhou
Mas tenho outra pra dizer
Se firme, preste atenção
O que vou lhe esclarecer
Se não der resposta certa
O jeito é você morrer
Camões disse para o Rei
Minha língua não emperra
O Rei disse então responda
Ligeiro sem fazer guerra
Quem é que nasce e não morre
Em cima de nossa terra?
Camões disse, Senhor Rei
O meu pensar não é torto
Isso que o senhor pergunta
Só parte de um aborto
Quem nasce, não morre mais
Com certeza nasce morto
O Rei disse eu tenho outra
Para você responder
A pergunta é a seguinte
Responda se se atrever
O que é que o homem faz
Que Deus não pode fazer?
Camões disse para o Rei
Vou responder com franqueza
Muitos homens se embriagam
E caem até na fraqueza
De Deus não fazer isso
Eu tenho plena certeza
O Rei disse muito bem
Me responda num segundo
Quero que responda outra
Com seu pensar iracundo
Me diga qual o vivente
Que não tem amor ao mundo?
Camões respondeu é peixe
Que dentro das águas corre
Porém quando vê o mundo
E alguém não lhe socorre
Ligeiro perde a ação
Com 5 minutos morre
O Rei disse está certo
Mas vai perder seu valor
Com esta pergunta agora
Que vou fazer ao senhor
Me diga quem está acima
De Jesus o Salvador?
Camões disse eu vou dizer
Com a fé que tenho nele
Agora neste momento
Eu sou forçado a dizer-lhe
Quem vive acima de Cristo
Só é a coroa dele
O Rei ficou aí pensando
Com a tal declaração
Disse esse Camões danado
Não em cara de cristão
Pelo jeito me parece
Ser protegido do cão
Porém disse ali consigo
Agora eu vou lhe enrascar
Chamou Camões e lhe disse
Outra eu vou lhe perguntar
E esta eu quero ver
Você dizer sem pensar
Preste atenção, veja esta
Que muito decente eu acho
Me responda esta pergunta
Cuidado, não passe embaixo
Qual é o animal que
Nasce fêmea e morre macho?
Camões disse, Senhor Rei
Isso eu já sei o que é
É um bichinho pequeno
Peto da cor de café
É pulga e só vira bicho
Depois que entra no pé
Disse o Rei vou dizer outra
Talvez você não conheça
Se não for experiente
Talvez que você padeça
Qual é o bicho que anda
Com os pés sobre a cabeça?
Camões disse esta pergunta
Para mim serve de molho
É mesmo que um cozido
Com coentro, couve e repolho
Quem bota os pés na cabeça
Só pode ser um piolho
O Rei disse este danado
O cão é amigo dele
Na charada e na pergunta
No mundo ninguém dá nele
Pelo jeito que eu vejo
Nem o cão enrasca ele
Mas eu tenho outra pergunta
Para ele responder
Chamou Camões de lhe disse
É pra você me dizer
O que é que quem não tem
Também não deseja ter?
Camões pensou um pouquinho
E nessa ocasião
Chamou o Rei e lhe disse
Na minha decifração
Eu tenho pra mim que é
Doença, intriga e questão
O Rei ali levantou-se
E lhe disse vagabundo
Me responda outra pergunta
Em menos de um segundo
Divida a Terra e me diga
Onde fica o meio do Mundo?
Camões pegou um compasso
Com muita coragem e fé
Fez uma roda no chão
E no meio botou o pé
E disse para o Rei olhe
O meio do mundo onde é
O Rei disse pra Camões
Não interrompa a escrita
Me diga qual é a dor
Que todo homem palpita?
Camões sorriu e lhe disse
É uma moça bonita
Com essa resposta o Rei
Saiu todo encabulado
Chegando em casa contou
De Camões o resultado
A Rainha disse eu
Enrasco aquele danado
Nisso, a Rainha pegou
Um urinol cor de vinho
Superlotou-o e noite
E saiu muito cedinho
E onde Camões passava
Deixou ele no caminho
Quando Camões foi passando
Olhou, ficou abismado
Pegou o vaso dizendo
É muito certo o ditado
Quem não come da galinha
Rói os ossos e bebe o caldo
Camões sempre acostumava
Nesse lugar, à tardinha
Olhar para a atmosfera
Em uma pedra que tinha
O Rei, que sabia disso
Convidou logo a Rainha
Quando foi de manhãzinha
Da Corte os dois viajaram
Às cinco e meia da tarde
Na dirá pedra chegaram
Levaram ela e logo
Por baixo um papel botaram
Quando botaram o papel
Camões chegou apressado
Subiu na pedra e ficou
Olhando pra todo lado
Naquilo, o Rei perguntou
Que fez que está assombrado?
Camões disse Senhor Rei
Amargura não dá mel
Saiba Vossa Senhoria
O Mundo não está fiel
Porque a Terra subiu
A altura de um papel
Nessa hora, o Rei voltou
Pra casa desenganado
Chegando em casa formou
Um pensamento acertado
Dizendo com esta agora
Eu mato aquele danado
Depressa chamou Camões
E foi lhe dizendo assim
Eu quero que você faça
Um trabalho para mim
Com este, ou você escapa
Ou, na falta, leva fim
O trabalho é pra você
Ir lá naquele sobrado
Arrancar um cabedal
Que tem num quarto enterrado
Pra ver se por este meio
Acaba o mal-assombrado
Camões disse são muitos
Lá cada quarto tem três
Só não posso é arrancar
Todos eles de uma vez
Seis, garanto ao senhor
Em dar-lhe um todo mês
O Rei disse muito bem
Do que se passou eu lembro
Nosso contrato está feito
Hoje é 15 de novembro
Basta me dar o primeiro
No meado de dezembro
Camões foi lá ao sobrado
E um buraco cavou
Depois comprou uma jarra
No mesmo canto enterrou
Começou a estercar dentro
Até que superlotou
Quando a jarra estava cheia
Camões cobriu desta vez
Com 100 moedas de ouro
E saiu com rapidez
Foi convidar o Rei mesmo
No dia que fez um mês
O Rei saiu com Camões
Sem fazer cara de choro
E quando chegou no quarto
Que viu o grande tesouro
Disse camões eu preciso
Tomar um banho de ouro
Pegou a jarra e amarrou
Sob os caibros do telhado
Ficado debaixo dela
Bateu com um ferro pesado
Quando a jarra abriu-se em bandas
Foi merda pra odo lado
Camões desertou dali
E não quis mais brincadeira
Reinou tristeza na Corte
E nessa hora fagueira
Lembram-lhe este folheto
Do trovador Oliveira
Muito bom...
KKKKK A PEGADINHA NO FINAL ME PEGOU DE SURPRESA