Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correspondência Recebida segunda, 06 de junho de 2022

AS ORIGENS DO FUTEBOL
Raimundo Floriano, não sei se o assunto é apropriado para publicação em seu Almanaque, mas, como o tema é o que mais empolga os brasileiros na atualidade, extraí do livro de Eduardo Galeano, Futebol ao Sol e à Sombra, a interessante história desse esporte, que ora submeto a sua apreciação.

 

“AS ORIGENS DO FUTEBOL

 

                        “No futebol, como em quase tudo, os primeiros foram os chineses. Há cinco mil anos, os malabaristas chineses faziam dançar a bola com os pés, e foi na China que tempos depois se organizaram os primeiros jogos. A mesa ficava no centro e os jogadores evitavam, sem usar as mãos, que a bola tocasse o chão. De dinastia em dinastia continuou o costume, como se vê em alguns relevos de monumentos anteriores a Cristo, e também em algumas gravuras posteriores, que mostram os chineses da dinastia Ming jogando com uma bola que parece da Adidas.

 

                        “Sabe-se que em tempos antigos os egípcios e os japoneses se divertiam chutando a bola. No mármore de uma tumba grega de cinco séculos antes de Cristo, aparece um homem fazendo embaixadas com a bola no joelho. Nas comédias de Antífanes, há expressões reveladoras: bola longa, passe curto, bola adiantada... Dizem que o imperador Júlio César era bastante bom com as duas pernas e que Nero não acertava uma: em todo caso, não há dúvida de que os romanos jogavam algo bastante parecido com o futebol enquanto Jesus e seus apóstolos morriam crucificados.

 

                        “Pelos pés dos legionários a novidade chegou às ilhas britânica. Séculos depois, em 1314, o rei Eduardo II estampou seu selo numa cédula real que condenava este jogo plebeu e alvoroçador ‘estas escaramuças ao redor de bolas de grande tamanho, de que resultam muitos males que Deus não permita’. O futebol, que já se chamava assim, deixava uma fileira de vítimas. Jogava-se em grandes grupos e não havia limite de jogadores, nem de tempo, nem de nada. Um povoado inteiro chutava a bola contra outro povoado, empurrando-a com pontapés e murros até a meta, que então era uma longínqua roda de moinho. As partidas se estendiam ao longo de várias léguas, durante vários dias, à custa de várias vidas. Os reis proibiam estes lances sangrentos: em 1349, Eduardo III incluiu o futebol entre os jogos ‘estúpidos e de nenhuma utilidade’, e há éditos contra o futebol assinados por Henrique IV em 1410 e Henrique VI em 1547. Quanto mais proibiam, mais se jogava, o que não fazia mais que confirmar o poder estimulante das proibições.

 

                        “Em 1592, em sua Comédia de erros, Shakespeare recorreu ao futebol par formular a queixa de um personagem:

 

                        – Rodo para vós de tal maneira... Tomais-me por uma bola de futebol? Vós me chutais para lá, e ele me chuta para cá. Se devo durar neste serviço, deveis forrar-me de couro.

 

                        “E uns anos depois, em Rei Lear, o conde de Kent insultava assim:

 

                        – Tu, desprezível jogador de futebol!

 

                        “Em Florença, o futebol se chama calcio, como se chama ainda em toda a Itália. Leonardo da Vinci era torcedor fervoroso, e Maquiavel jogador praticante. Participavam equipes de 27 homens, distribuídos em três linhas, que podiam usar mãos e pés para golpear a bola e para estripar adversários. Uma multidão assistia às partidas, que se celebravam nas praças mais amplas e sobre as águas congeladas do rio Arno. Longe de Florença, nos jardins do Vaticano, os papas Clemente VII, Leão IX e Urbano VII costumavam arregaçar as batinas para jogar o calcio.

 

                        “No México e na América Central, a bola de borracha era o sol de uma cerimônia sagrada desde uns mil e quinhentos anos antes de Cristo, mas não se sabe desde quando se joga futebol em muitos lugares da América. Segundo os índios da selva amazônica da Bolívia, tem origem remota a tradição que os leva a correr atrás de uma bola de borracha maciça, para metê-la entre dois paus sem fazer uso das mãos. No século XVIII, um sacerdote espanhol das missões jesuítas do Alto Paraná, descreveu mais um costume antigo dos guaranis: ‘Não lançam a bola com a mão, como nós, mas com a parte superior do pé descalço’. Entre os índios do México e da América Central, a bola era golpeada geralmente com o quadril ou com o antebraço, embora as pinturas de Teotihuacán e de Chichén-Itzá revelem que em certos jogos se chutava a bola com o pé e com o joelho. Um mural de mais de mil anos mostra um avô de Hugo Sanchez jogando como canhoto em Tepantitla. Quando o jogo terminava, a bola culminava sua viagem: o sol chegava ao amanhecer depois de atravessar a região da morte. Então, para que o sol surgisse, corria sangue. Segundo alguns entendidos, os astecas tinham o costume de sacrificar os vencedores. Antes de cortar-lhes a cabeça, pintavam seus corpos com faixas vermelhas. Os eleitos dos deuses davam seu sangue em oferenda, para que a terra fosse fértil e o céu generoso.”

 

 N. E. - Querida prima e amiga Socorrinha, belas tenções! Fique sabendo que o assunto me empolgou demais da conta! A palavra almanaque, como quase todos os vocábulos da Língua Portuguesa começado com a sílaba al, provém do idioma árabe. Possui várias acepções, mas a que aceito, por ser romântica e muito me convir, e esta: lugar onde o camelo se ajoelha. Explico o porquê. Na antiguidade, o único meio de transporte dos viajores nos desertos orientais era o camelo. Em longa jornada, originários de todas as paragens do mundo conhecido, à noite, quando chegavam a um oásis ou armavam suas tendas em ermos locais, os mercadores, beduínos, exploradores, guerreiros, salteadores, etc., faziam seus camelos ajoelharem para deles apear. E, em volta duma fogueira, contavam sus histórias, falavam de aventuras, vitórias, decepções, amores, conquistas, seu povo, sua família, tudo, enfim.

Portanto, prima querida, qualquer assunto é muito bem-vindo! Este Almanaque pretende configurar-se nisso daí! Se o consegui, será a glória!

 


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