Há umas duas décadas, a TV por assinatura ainda estava ganhando terreno no Brasil e representava, em alguma medida, um espaço de experimentação. Num canal pago, era possível testar formatos e talentos, sem a cobrança tão forte que existia na televisão aberta, poderosa e já hiper estabelecida. Mas, desde que começou a pandemia, todo esse quadro se desarrumou. Os vídeos caseiros, feitos do isolamento, subverteram padrões estabelecidos. Experimentar está de novo liberado e em todas as telas. Entrevistas de casa, luz “sujinha” e maquiagem amadora se generalizaram. Nas participações, é comum ver um especialista que não sabe sequer olhar na direção da câmera.
Não é exagero de otimista dizer que existe um aspecto positivo nessa legitimação do improviso: a criatividade vem se impondo apesar de todas as limitações. Nas redes sociais, há muita experimentação e arte. Johnny Massaro, por exemplo, lançou no Instagram o que chamou de um “webfilme”. A produção é resultado de um daqueles achados da pandemia. O ator julgava que esse material, captado em 2012, tinha se perdido. Mas ele estava no HD. Uma vez editado em módulos, resultou em 12 minutos de filme. “Você pode construir sua própria sequência, comentar, repetir e compartilhar cada módulo”, orienta Massaro no perfil @curtamarillas. É uma trama sobre o fim do mundo (!) filmada em Guaratiba, em Guapimirim e na Chapada das Perdizes, e protagonizada por Carolinie Figueiredo e Rael Barja. Você pode até discutir a qualidade da história. Mas vale prestar atenção: são dessas iniciativas que virão as fórmulas novas.