Neta de um dos maiores símbolos de elegância do país, a saudosa Carmen Mayrink Veiga, e filha da atriz Antonia Frering, a designer de joias Maria Frering, de 28 anos, não demorou muito para encontrar no belo a sua verdadeira vocação. Arriscou-se numa faculdade de Economia, mas, ao longo do processo, percebeu que amava desenhar; seu desejo era dar vida às formas que esboçava no papel e usá-las. Quando se deu conta, estava estagiando na marca da joalheira Julia Monteiro de Carvalho, da onde saiu para criar a Voya, em parceria com Camila Cunha. A sociedade se desfez no ano passado e agora Maria entra numa nova — e colorida — fase, com o lançamento da grife que leva seu nome.
— A coleção, batizada Estudo de Cor, tem um link com o artesanato brasileiro. As joias são de prata, com banho de ouro ou de ródio, pedras brasileiras, como citrino, ametista, topázio e granada, e bordado em ponto cruz, feito diretamente no metal, com fios de algodão egípcio — explica Maria. — Gosto do contraste do opaco dos fios com o brilho das pedras. Estudei gemologia em Nova York e sou muito ligada na energia que as pedras transmitem.
Para colocar a coleção de pé, Maria teve que “inventar” uma técnica.
— Foi um caminho difícil, precisei de parceiros que topassem o desafio. Para fazer o ponto cruz é necessário planejar cada furo no metal. Também desenvolvi forro para as joias. Dessa maneira, não é possível ver o fundo do bordado, garantindo mais durabilidade e resistência — detalha.
Por enquanto, é a própria designer quem borda manualmente cada peça — as joias estão à venda na multimarcas paulista Pinga, no e-commerce shop2gether e no Instagram da sua marca. Mas em breve isso vai mudar: ela planeja associar a joalheria a um projeto social.
— Quero treinar um time de artesãs cariocas que aprenda essa técnica de bordado. Mulheres que possam trabalhar em suas próprias casas e ter uma renda extra.
Dividida entre brincos, anéis e colares, a coleção desenhada por Maria traz um vibrante jogo de cores — vermelho, rosa quase lilás, verde-esmeralda e azul Klein estão na cartela —, que pode ser determinado pela cliente.
— Quando eu era mais nova, uma das salas da casa dos meus pais era amarela, rosa e azul. O tecido foi ficando velho, mas meu pai não deixava trocá-lo por ter “as cores da Maria”, já que eu era um bebê louro, de olho azul e pele meio rosada. Toda vez que deparo com esse mix, volto àquele lugar e àquele momento. Acredito que a combinação das cores pode despertar memórias.
A influência de Carmen, segundo a neta, está presente em suas escolhas:
— Minha avó, além de ter amado e conhecido profundamente o universo das joias, tinha acessórios incríveis que me chamavam muito a atenção. Ela me deu um livro que guardo com muito carinho sobre a joalheria francesa Chaumet, uma das mais antigas do mundo, que fala sobre joias afetivas.
Casada no civil com o executivo do mercado financeiro Lucas Câmara e mãe dos gêmeos Antônio e Emanuel, de 2 anos e 2 meses, Maria também trabalha como influenciadora digital.
— Minha ideia foi construir um público com quem eu pudesse conversar sobre assuntos de que gosto. Todo domingo, escolho e estudo um tema relacionado ao universo da joalheria e faço Stories — diz Maria, que vai realizar, em maio, um grande sonho. — Sou católica, muito religiosa e sempre quis entrar na igreja. Vamos nos casar na Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé. Estou muito emocionada.