Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense sábado, 17 de outubro de 2020

AS FORTES RAÍZES SERTANEJAS

Jornal Impresso

As fortes raízes sertanejas
 
Representantes da arte e cultura caipira do centro-sul do Brasil resgatam a ancestralidade do gênero, ao passo que ocupam e se adaptam às novas mídias

 

» Lisa Veit*

Publicação: 17/10/2020 04:00

Volmi Batista lança primeiro disco solo Batuques e Calangos, pelo projeto Caboclo (LR Fernandes/Divulgação)

 

 
Volmi Batista lança primeiro disco solo Batuques e Calangos, pelo projeto Caboclo
 
Casa do Cantador, em Ceilândia: um dos locais de resistência da música caipira (Bárbara Cabral/Esp. CB/D.A Press)

 

 

Casa do Cantador, em Ceilândia: um dos locais de resistência da música caipira

 

 
 
 
Na busca de raízes ainda mais profundas e copas mais frondosas e altas, a cultura caipira tem resgatado (com novas produções e pesquisas) as matrizes da própria sonoridade, do imaginário e das tradições, ao mesmo tempo em que deseja ter maior visibilidade, reconhecimento e fomento. A música caipira, por exemplo, materializada na madeira sinuosa e nas (10 ou 12) cordas da viola, resiste ao tempo e à discriminação do mercado fonográfico. Há muito tempo, a vertente caipira é associada a uma imagem oposta à modernidade.
 
“Tem um ditado muito certo que diz: ‘A música caipira nunca foi sucesso (na grande mídia), mas também nunca deixou de ser sucesso’. O que muita gente faz aqui é ainda mais profundo: a busca das raízes ancestrais da música caipira. Muitos investidores — que têm financiado lives — dizem que o nosso produto não interessa ao público consumidor deles, em sua maioria, jovens. E, nesse momento, embora não pareça, o movimento da música caipira está muito bem atualizado sobre as novas mídias e sobre as novas formas de participação”, diz Volmi Batista, violeiro, músico e pesquisador, atuante no movimento cultural de Brasília há mais de quatro décadas.
 
Os cantos da manhã, consagrados nas rádios interioranas do Brasil, presentes em programas de tevê, como Brasil caipira, ou a tradicional Viola, minha viola, anteriormente apresentado por Moraes Sarmento e Nonô Basílio, e, em seguida, pela parceria entre Sarmento e Inezita Barroso, agora também podem ser encontrados nas plataformas digitais e lives nas redes.
 
Em 2019, a música caipira comemorou 90 anos, tendo com referência o primeiro EP gravado da história, em 1929, por Cornélio Pires, que possibilitou a inserção dessa música no meio fonográfico, na rádio e no contexto urbano. Volmi comemorou esse aniversário no tradicional Encontro dos Violeiros e Violeiras do DF, promovido pelo Clube do Violeiro Caipira de Brasília, e fala sobre a inserção da data no calendário oficial. “Nós estamos com o projeto da criação do Dia Nacional da Música e da Viola Caipira desde de 2016, no Congresso Nacional, em homenagem a esse segmento, uma das mais importantes cadeias produtivas da cultura brasileira.” Assim, a comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou o projeto que institui 13 de julho como o Dia Nacional da Música e Viola Caipira (PL nº 7881/17).
 
Pouco tempo depois da iniciativa on-line Viola Central, apresentada pelo Correio ainda em julho deste ano, Volmi Batista faz a estreia dupla em um outro projeto do movimento cultural caipira, Caboclo, com o primeiro disco solo, Batuques e calangos. O disco é o produto inicial do projeto que, por meio de diversas linguagens artísticas, propõe uma contribuição na visibilidade “a esse rico e pouco conhecido sertão profundo do nosso Brasil”, a partir da figura miscigenada do caboclo.
 
Em Batuques e calangos, Volmi descreve uma conversa entre os ritmos que dão nome ao álbum, e entre diversas outras expressões da música popular brasileira, como o maracatu, a catira tocantinense, a congada (em Linda cabocla), e ainda, o rock rural (de Mês de agosto). “O disco é composto de 14 faixas, diversificadas tanto na parte rítmica quanto na linguagem poética, tem muito linguajar típico. Contemplo praticamente todas as regiões do Brasil nesse disco, musicalmente falando”, ressalta Batista. “Tive a felicidade de gravar, o Canto das fiandeiras, em 2003, quando Dona Gercina ainda era viva. Gravei duas músicas dela, a outra é Tá tudo errado, que mostra o talento que tinha essa figura popular da Sagarana, em Minas Gerais”, completa.
 
O disco conta com parcerias, como o violeiro Galba, em Calango bambo, além de trazer vocais de Geralda e Mariana, esposa e filha de Volmi, respectivamente, e pode ser conferido no Spotify, Deezer e outras plataformas, como também no canal do YouTube. Agora, o músico espera a chegada da versão física em CD, para marcar a live de divulgação.
 
O violeiro caipira destaca os desafios da produção na pandemia. Diz que sentiu muito não poder contar com a batida original do tambor-onça na canção Batuque da rainha, ou pela mudança feita no ritmo da catira tocantinense, na falta dos pandeirões típicos, impedidos de serem levados ao estúdio. “Apesar disso, muitas pessoas tiveram a oportunidade de escutar e gostaram do trabalho. Senti que consegui mostrar essa diversidade rítmica e de linguagem da cultura popular”, conclui.
 
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
 

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