Lápis para colorir
Vou mergulhar no mundo e procurar justificar o mergulho no tempo. Vens comigo?
Isso aconteceu nos anos da década de 50. No início da década, mas ainda lembro bem – e, só posso agradecer a Deus pela lucidez e pela lembrança.
Não lembro mais o número, mas afirmo que ficava no bairro São Gerardo, ligando o Otávio Bonfim ao Antônio Bezerra pela hoje Avenida Bezerra de Menezes, que liga a capital ao Norte do Estado.
A escola, mais propriamente o Grupo Municipal São Gerardo, ficava ao lado da Igreja Católica com o mesmo nome do bairro.
Lembro bem da minha sala e do pátio onde nos reuníamos para rezar e cantar o Hino Nacional Brasileiro, antes de entrarmos para a sala de aulas. O mundo – o meu mundo – se completava ali naquele pequeno ambiente.
O que vou lhes contar, acontecia sempre nas manhãs dos sábados. Era um dia diferente dos demais dias de aulas. Era mais uma iniciação ao lazer sadio. Era um dia de ludoterapia, por assim dizer.
Aulas de Canto Orfeônico – foi naquela escola simples que, pela primeira vez ouvi a palavra solfejar. Foi ali, também, que conheci as figuras da clave do sol e as notas musicais do, re, mi, fa, sol, la e si.
Aulas de Caligrafia – foi ali, sim, que melhorei em mais de cem por cento a minha caligrafia que, antes, eram uns garranchos. Caderno de Caligrafia. Quem não lembra?
Aulas de Desenho – A iniciação de tudo e do assunto pautado para o enxugamento de gelo de hoje:
“A cada fim de ano, nada era guardado para o ano seguinte. Apenas o fardamento. Em janeiro, a lista do material escolar. O governo não dava nada além do prédio escolar e das professoras – não lembro de, naquela fase escolar, ter tido “professor”. Só professora.
Os temas eram livres, o que suscitava a criatividade individual do aluno. A professora quase não interferia, mas dava atenção total (com elogios motivadores, claro) quando algum aluno se dirigia a ela.
Criança colorindo
Eu sempre gostei de desenhar e pintar o céu. As nuvens, aves ou borboletas em voos. Desenvolvi até uma forma própria de desenhar nuvens – e, praticando o bem, ensinei a técnica para os que me procuravam.
Minhas notas em provas mensais nos cursos primário e ginasial, nunca foram abaixo de nota 10. Não desenvolvi a habilidade, mas, ainda hoje guardo comigo a última caixa de lápis de cores comprada por meu falecido pai, o apontador de lápis e até alguns indecifráveis desenhos”.
Banhar na chuva nu, meninos e meninas; soltar piões; jogar bilas; fazer bolas de meia e jogar gol-a-gol; reunir em piqueniques com os pais; subir no telhado para ajustar o sinal da televisão eliminando o chuvisco; receber aulas de Canto Orfeônico, reunir para rezar e cantar o Hino Nacional antes do início do dia de aulas…. desenhar, pintar nuvens e céu com lápis de cores!
As crianças já não fazem mais isso!
Mesmo o governo dando muitos itens além do prédio escolar, professores/professoras, alimentação e até pé-de-meia!
A tecnologia no mister escolar, não está contribuindo tanto. Ao contrário, está proibindo o despertar da criatividade infantil.
Aparentemente mudando de assunto, pergunto: qual tem sido a contribuição da tecnologia do VAR para o futebol brasileiro?