O que seria a vida se não existisse o sal?
Hoje vamos mais uma vez justificar o título da nossa coluna. Vamos, literalmente, “enxugar gelo” e tentar colocar nossa opinião pessoal discorrendo sobre o que quase todos sabem.
É. Vamos falar de algumas coisas boas da vida. Algumas muito importantes, e outras largadas aos conceitos de cada um.
Claro que, banho, a maioria prefere tomar nu. A não ser naqueles filmes onde as temporariamente ricas (quando morrem, todos ficam iguais) aparecem nas banheiras vestidas com peças que nada cobrem. Nem a vergonha.
Agora, num açude, no rio, numa lagoa ou no mar – tomar banho nu, sem nada, nos parece ser tão prazeroso quanto indescritível.
Sexo feito entre casais (eu sou de outra geração e abomino “esfregação” entre duas pessoas do mesmo sexo – mas, quem quiser dar o que é seu, que dê), será sempre algo que será trocado por enes maçãs e em qualquer lugar. No Éden, na sombra, dentro do carro e até sobre uma bicicleta. Sexo é bom.
Existem, sabemos disso, várias coisas “condenáveis”, que acabam se tornando prazerosas por conta do intempestivo. Soltar um peido fedorento, silencioso, dentro de um elevador lotado e depois ficar olhando para a cara das pessoas, não tem preço. É muita falta de educação. Mas que é gostoso e hilário, isso é.
Comida em mesa farta é uma bênção
Nos dias atuais muita coisa mudou no Ceará, estado onde nasci. Nos anos 50 e 60, o cearense, com sustento garantido pela agricultura, dependia das chuvas. Dependia do bom inverno para semear e colher – alguns até transformavam cômodos das casas em depósitos de sementes alimentares, se prevenindo para a possibilidade de novos períodos sem chuva e, com plantio mas sem colheita. Era a seca. Seca braba, que matava animais e tangia pessoas para longe do convívio.
Quem conhece, teve notícia ou (como eu) viveu essa situação, sabe o significado de uma mesa farta de alimentos. É um bálsamo. É uma verdadeira transfusão de otimismo e a certeza de que Deus existe.
A noite sugere e propõe uma pausa na labuta diária
Na prática, a noite serve para separar um dia do outro. Acreditamos que a noite é metade de um dia que se vai, e metade de outro que começa. É na noite que acontece a reparação e a preparação para o que vem a seguir.
Uma noite de frio, sem cobertor, não é coisa boa. Quem não tem esse cobertor, será sempre como um(a) filho(a) que acabou de perder a mãe. Estará a partir de então, “descoberto”.
É na noite que as cigarras cantam e que os grilos aporrinham. Habitualmente, é na noite que os diversos acasalamentos acontecem e que renascem as possibilidades reprodutivas.
Mas, aprendi ao longo da vida que, a noite é o semear da esperança de um dia sempre melhor. E jamais haverá alguém esperando por algo pior. A noite é a partida para o recomeço.
Ler é um dos prazeres da vida
Entre as muitas coisas boas e prazerosas da vida, considero a leitura uma das mais importantes. Quem lê, viaja.
Já estivemos incontáveis vezes na Inglaterra, sem passaporte, sem dólar e até conhecemos o detetive Hércule Poirot, que nos foi apresentado pela magia de Agatha Christie.
Também, sem que nunca tivéssemos sido condenado ou preso, já convivemos num cárcere através de Graciliano Ramos, e até nos consideramos Mestre e Doutor em nordestinidade, graças ao paraibano Ariano Suassuna.
Ler em qualquer lugar é bom. Ler deitado é melhor ainda, e ler o que é bom, faz a festa de qualquer um.
Nesse “rodar da Terra” um livro escrito cem anos atrás acaba sendo atual. Como “Capitães da areia”, que Jorge Amado descreveu uma infância vivida em Salvador. Algo muito atual nos dias de hoje.
O amor é o melhor de todos os prazeres
Não há, entre todas as coisas boas terrenas, algo que supere o amor. Amor emoldurado pelo respeito, pela admiração e sobretudo pelo prazer de estar junto construindo a vida, a família, superando todos os obstáculos encontrados.
Aqui, não dá para deixar de fora nenhuma espécie de amor. O amor é algo que merece respeito, qualquer que seja ele – embora existam alguns tipos de amor que não podem ser considerados como tal. O amor interesseiro que busca sempre os bens materiais – esse não é amor.
O desmedido amor edipiano, que consegue superar qualquer coisa. O amor materno, preparado, semeado ainda no ventre, será sempre algo que nenhum tipo de tempestade vai destruir.