Ruth Pinto de Souza nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12/5/1921. Atriz e uma das grandes damas da dramaturgia brasileira. Foi a primeira brasileira indicada ao prêmio de melhor atriz no Festival de Veneza, em 1954, com o filme Sinhá Moça; a primeira atriz negra a protagonizar uma novela – A Cabana do Pai Tomás – na televisão, em 1969, e primeira mulher negra a atuar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Nascida numa família humilde do subúrbio carioca, mudou-se para uma fazenda em Minas Gerais, onde viveu até os 9 anos, e volta a morar no Rio de Janeiro com a morte do pai. O interesse pelo teatro se deu logo cedo, ingressando no grupo Teatro Experimental do Negro, em 1945, liderado por Abdias do Nascimento. Neste ano, foi o 1º grupo de teatro negro a se apresentar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a peça O Imperador Jones, de Eugene O’Neil.
Sua primeira grande atuação se deu em 1947, com a peça O filho pródigo, de Lucio Cardoso. Em 1948 foi indicada por Pascoal Carlos Magno para receber uma bolsa de estudos da Fundação Rockfeller. Passou um ano nos EUA, onde frequentou a Universidade de Harvard, escola de teatro Karamu House e American National Theater and Academy. Na volta ao Brasil, estreou no cinema com o filme Terra Violenta. Na década de 1950, com o surgimento da TV, passou a atuar em teleteatros da TV Tupi. Sua atuação, em 1959, na peça Oração para uma negra, de William Faulkner, lhe rendeu os principais prêmios da temporada.
Em seguida fez sucesso na televisão com a novela A Deusa Vencida (1965), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior. Foi o detonador dos grandes índices de audiência que notabilizaram o gênero televisivo-literário que o País espelha e agora espalha pelo mundo. Sua atividade possibilitou a reconfiguração do imaginário cultural em relação a população negra. Participou de inúmeras produções no teatro, cinema e TV e foi agraciada como atriz com os prêmios: Troféu APCA (1976), Festival de Gramado (2004), Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro (2016), Prêmio Dandara da ALERJ (2017) e 5º Festival de Cinema Internacional (2018).
Em 2016 foi homenageada com a mostra “Pérola Negra: Ruth de Souza”, exposta no Centro Cultural Banco do Brasil. Em 2019 recebeu mais uma homenagem no carnaval, com o enredo da Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz: “Ruth de Souza –Senhora da Liberdade- Abre as Asas Sobre Nós”. Foi a última homenagem em vida e veio a falecer 4 meses depois, em 28/6/2019, aos 98 anos. Outras homenagens ocorreram em janeiro de 2021, no mês de seu centenário.
Na ocasião, o pesquisador Breno Lira Gomes, curador da mostra, declarou que ela “precisa, a cada ano, ser lembrada e mostrar para cada geração que vai surgindo a importância que ela tem, principalmente para os atores e para as atrizes negras pelo fato dela junto com o Grande Otelo terem aberto as portas do cinema, do teatro e da televisão para que todos os atores e atrizes pudessem ter seu espaço, que não fossem meros coadjuvantes, meros participantes do cenário artístico aqui no Brasil”.
Nas comemorações de seu centenário, em 2021, a Prefeitura do Rio de Janeiro inaugurou o “Teatro Municipal Ruth de Souza”, no bairro de Santa Teresa. Sua biografia escrita por Maria Angela de Jesus – Ruth de Souza: estrela negra -, publicada pela Imprensa Oficial de São Paulo, apresenta amplo retrato de sua trajetória e legado.