AS BRASILEIRAS: Renata Pallottini
José Domingos Brito
Renata Monachesi Pallottini nasceu em São Paulo, SP, em 28/3/1931. Advogada, professora, escritora, poeta, tradutora e essencialmente dramaturga. Atuou também na televisão com a produção de programas relevantes na cultura brasileira. Foi uma das pioneiras ao questionar as limitações impostas à mulher na sociedade. Foi a primeira mulher a fazer, pensar e revolucionar o Teatro no Brasil.
Filha de Iracema M. Pereira de Souza e Pedro Pallottini, graduou-se em Filosofia na PUC/SP-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1951, e em Direito na USP-Universidade de São Paulo, em 1953. Em seguida ganhou uma bolsa de estudos do governo espanhol e ingressou na Universidade de Madrid (1959-1960), onde realizou cursos de História da arte e Literatura no Instituto de Cultura Hispânica. De volta ao Brasil, cursou Dramaturgia na EAD-Escola de Arte Dramática da USP (1961-1962) e concluiu o doutorado, em 1982, na ECA-Escola de Comunicações e Artes da USP, sob orientação de Sábato Magaldi.
Sua tese incluiu a peça O País do Sol, como parte da trilogia sobre a imigração italiana no Brasil, junto às peças Colônia e Tarantela. A parte teórica da tese resultou no livro Introdução à dramaturgia, publicado em 1983. Foi convidada por Sábato Magaldi para substituí-lo como docente na EAD/USP, ministrando aulas sobre História do teatro brasileiro. Lecionou também Artes Cênicas na ECA/USP, que lhe concedeu o título de professora emérita, em 2012.
Sua peça A Lâmpada (1960), foi pioneira ao abordar o tema da homossexualidade e trouxe inovações no campo teatral com uma nova dramaturgia nas décadas de 1960 e 1970. Destacou-se na nova geração de escritoras de teatro, junto com Hilda Hilst, Leilah Assumpção, Consuelo de Castro e Elza Câmara, entre outras, integrantes da chamada “Nova Dramaturgia”. Segundo Elza Cunha de Vicenzo, no livro Um teatro de mulher (1992), nascia ali uma nova proposta para o teatro brasileiro apresentado em São Paulo e que marcou de modo decisivo as gerações posteriores. Foi uma das autoras de vanguarda do movimento político-cultural que caracterizou a época e marcou as gerações posteriores.
Teve suas obras produzidas por diretores como Silnei Siqueira, Ademar Guerra, José Rubens Siqueira. Marcia Abujamra e Gabriel Vilela, entre outros. Traduziu o musical Hair, de James Rado e Gerome Ragni, traduziu e adaptou o romance Cidades invisíveis, de Ítalo Calvino, entre as traduções e adaptações realizadas. Com tantas e variadas publicações, manteve-se fiel a poesia desde os primeiros livros, como na coletânea de poemas Acalanto (1952). O romance Mate é a cor da viuvez (1975), ganhou um comentário de Lygia Fagundes Telles opinou: “um belo e corajoso livro”. Para Carlos Dummond de Andrade, sua poesia “é uma das realizações mais vibrantes no campo do lirismo voltado para a vida real e imediata, a vida não pontada de sonho”.
Destacou-se também em cargos políticos e administrativos, tais como presidente da Comissão Estadual de Teatro da Secretaria de Cultura, fundadora e presidente da Associação Paulista de Autores Teatrais e presidente do Centro Brasileiro de Teatro, filiado ao International Theatre Institute, da UNESCO. Integrou entidades como a União Brasileira de Escritores, PEN Clube do Brasil, Clube de Poesia de São Paulo e Academia Paulista de Letras, a partir de 2013.
Foi premiada diversas vezes: Prêmio Juca Pato 2017, da União Brasileira de Escritores; Prêmio Jabuti 1996, da Câmara Brasileira do Livro, na categoria poesia e o prêmio do Pen Clube de Poesia 1961, pela obra Livro de Sonetos. Em 1974 e 1976 foi premiada pela APCA-Associação Paulista dos Críticos de Arte com os prêmios Melhor Roteiro, com novela O Julgamento e Melhor Tradução, com a peça Lulu; Prêmio Anchieta da Comissão Estadual de Teatro, 1968; Prêmio Molière 1965, com a peça O Crime da Cabra. Em 2016 foi contemplada com o “Colar Guilherme de Almeida’, concedido pela Câmara Municipal de São Paulo.
O legado de Renata Pallottini conta com dezenas de peças de teatro, adaptações e traduções, poemas, romances, estudos teóricos e trabalhos para a televisão. Faleceu em 8/7/2021 e ainda não contamos com uma biografia mais completa. Porém, pode-se contar com o ensaio biográfico escrito por Rita Ribeiro Guimarães -Renata Pallotini cumprimenta e pede passagem, incluido na Coleção Aplauso Brasil, publicada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, em 2006.