Maria Carlota Costallat de Macedo Soares, mais conhecida como Lota, nasceu 16/3/1910, em Paris, França. Arquiteta, paisagista e urbanista autodidata, fez do aterro do Flamengo um jardim -Parque do Flamengo-, consagrando o Rio de Janeiro como “Cidade Maravilhosa” na gestão do governo Carlos Lacerda, em 1960. A empreitada evitou a construção de 4 avenidas com prédios à beira-mar.
Filha de Adélia de Carvalho Costallat e José Eduardo de Macedo Soares, Tenente da Marinha baseado na Europa. A família retornou ao Brasil em 1912 e o pai fundou o jornal O Imparcial, precursor do Diário Carioca. Na década de 1920, devido as críticas que o jornal fazia ao governo, o pai teve que fugir para a Europa, onde Lota estudou até os 18 anos num colégio interno na Suíça, e retornaram ao Brasil. Na década de 1930, teve aulas de arquitetura com Carlos Leão e pintura com Candido Portinari na Universidade do Distrito Federal.
Era fã da corredora de carros Mariette Hélène Delange e chegou a participar de algumas corridas do Circuito da Gávea. Por esta época ficou conhecida no meio intelectual e artístico do Rio. Em meados de 1942, passou uma temporada em Nova Iorque e fez alguns cursos no Museu de Arte Contemporânea. De volta ao Rio, foi vizinha e amiga do futuro governador Carlos Lacerda e conheceu, em 1951, a poeta Elizabeth Bishop com quem viveu até 1967. Bishop é uma das poetas mais famosas dos EUA, que veio para o Brasil passar 2 semanas e ficou por mais de 20 anos. Segundo os críticos este período em que ficaram juntas, foi o mais produtivo da poeta, tornando-a vencedora do Prêmio Pulitzer em 1956.
Quando Lacerda assumiu o governo do recém-criado estado da Guanabara, em 1960, convidou Lota para trabalhar num projeto de remodelação ao longo da Praia do Flamengo. Sua proposta ampliou bastante o aterro; impediu a construção de prédios e criou a Fundação Parque do Flamengo, da qual foi designada presidente. Na eleição seguinte Lacerda não foi eleito e a pressão dos sucessores levou-a a pedir demissão. Mas o Parque já estava pronto e foi inaugurado em 17/10/1965, contando com 1.200.000 metros quadrados.
O Parque passou a ser chamado oficialmente de Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (o trecho entre o Aeroporto e o Monumento aos Pracinhas) e de Parque Carlos Lacerda (área do Monumento aos Pracinhas até o Túnel do Pasmado). Lacerda formou um grupo de trabalho, sob o comando de Lota, visando a urbanização do aterro Glória-Flamengo a partir do desmonte do Morro de Santo Antonio. Ela montou a equipe contando com o arquiteto Affonso Reidy, que foi diretor do Departamento de Urbanismo na década de 1940 e alimentava a ideia de criação do Parque desde aquela época.
A equipe contou também com o paisagista Burle Marx e diversos engenheiros e arquitetos. Conta-se que ela era uma chefe durona e que Burle Marx chegou a chamá-la de prepotente e autoritária em entrevistas nos jornais. Lota e Bishop viveram juntas de 1951 a 1965. Dois anos após, Lota viajou a Nova Iorque para encontrar Bishop. No mesmo dia foi encontrada no sofá da sala com um vidro de antidepressivos na mão. Entrou em coma e faleceu pouco depois, em 25/9/1967.
Em 2008 Nadia Nogueira lançou o livro Invenções de si em histórias de amor: Lota-Bishop, pela editora Apicuri. Em 2011 Carmen L. Oliveira lançou o romance biográfico Flores raras e banalíssimas: a história de Lotta de Macedo Soares e Elizabeth Bishop, pela editora Rocco. Em 2013 o livro foi transposto para o cinema com o filme Flores raras, dirigido por Bruno Barreto, tendo Glória Pires no papel de Lota.