Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 13 de abril de 2020

AS BRASILEIRAS: LINA BO BARDI

 

AS BRASILEIRAS: Lina Bo Bardi

Achillina Bo nasceu em Roma, em 5/12/1914. Arquiteta, designer, cenógrafa, editora, ilustradora e projetista do Museu de Arte de São Paulo-MASP. Ainda jovem estudou no Liceu Artístico e em 1940 formou-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma. Veio para o Brasil em 1946, naturalizou-se em 1951 e se empenhou com afinco no projeto e construção de destacadas obras da arquitetura brasileira. “Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. Por isso, o Brasil é meu país duas vezes, é minha pátria de escolha”, declarou.

Na faculdade recebeu orientação tradicionalista, privilegiando, segundo ela, uma “nostalgia estilístico-áulica”, ao gosto do fascismo. Discordando dessa tendência, mudou-se para Milão e foi trabalhar com Gió Ponti, líder do movimento de valorização do artesanato italiano, diretor das Trienais de Milão e da Revista “Domus”. Em seguida, passou a dirigir a revista e pouco depois fundou, junto com Bruno Zevi, o semanário “A Cultura dela Vita”. Filiou-se ao Partido Comunista Italiano; integrou a resistência à ocupação alemã durante a II Guerra Mundial e teve seu escritório bombardeado em 1943.

Em 1946 casou-se com o crítico e historiador da arte Pietro Maria Bardi. Ao organizar a “Exposição de pintura italiana moderna”, Bardi conheceu Assis Chateaubriand, que o convidou para fundar um museu de arte em São Paulo. O casal alugou um porão de navio, encheram de obras de arte e uma boa biblioteca e partem para o Brasil. Chegaram no Rio de Janeiro e ela ficou encantada com o lugar e as possibilidades oferecidas com a arquitetura que ali se desenvolvia com o jovem Lucio Costa e o moderno Edifício Gustavo Capanema. Por ela, o casal viveria no Rio, mas tiveram que mudar para São Paulo.

Em São Paulo foram morar no bairro do Morumbi, na “Casa de Vidro” (1951), que se tornou um marco da arquitetura moderna brasileira e mais tarde na sede do “Instituto Lina Bo e Pietro Maria Bardi”. Enquanto o MASP é burilado, fundou em 1948, junto com Giancarlo Palanti, o Studio d’Arte Palma, voltado à produção de móveis de madeira compensada e produtos do artesanato popular, utilizando o couro e o tecido “chita”. Sua inserção no meio intelectual e arquitetônico nacional se dá com a criação da revista “Habitat”, em 1950. O projeto do MASP foi impulsionado a partir de seu empenho pessoal no contato com pessoas poderosas para convence-las de sua competência em arquitetar o edifício. “Aproveitei uma viagem de Pietro… fui falar diretamente com (o governador) Adhemar de Barros e mostrei meu projeto”.

Iniciou o trabalho em 1957 e o prédio foi inaugurado em 1968. O resultado foi surpreendente e o arrojo da obra ganhou fama internacional. O museu manteve a praça-belvedere no piso térreo, suspendendo o edifício num vão de 70 metros. “Eu nunca quis fazer o maior vão-livre do mundo, mas a doação do terreno impunha como condição criar um belvedere com vista para a cidade”. Em 1958 foi convidada pelo governador Juracy Magalhães para dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia. Residindo em Salvador, projetou a restauração do “Solar do Unhão”, um conjunto arquitetônico do século XVI, tombado na década de 1940. Passou a conviver com os artistas de vanguarda: Pierre Verger, Glauber Rocha e o casal Jorge Amado/Zélia Gattai entre outros. Viajou pelo Nordeste e projetou a “Casa de Cultura” do Recife (1963), antiga casa de detenção. Mais tarde declarou: “importante na minha vida foi a Bahia, o Nordeste. Lá eu conheci a liberdade”.

Após o Golpe Militar de 1964, voltou a São Paulo e passou a incorporar a seus trabalhos certa influência nordestina, uma “simplificação da linguagem” ou “arquitetura pobre”, conforme se dizia. Exemplos dessa fase encontram-se na exposição “A Mão do Povo Brasileiro” (1969), o edifício do SESC Pompeia (1977), Teatro Oficina (1984). Em meados da década de 1980, voltou a Salvador para elaborar alguns projetos, como o plano de recuperação do centro histórico da cidade, projeto da “Casa do Benin”, no Pelourinho, e recuperação das encostas da Ladeira da Misericórdia.

Realizou o sonho de morrer trabalhando, em 20/3/1992, e não concluiu a reforma do “Palácio das Indústrias”, para abrigar a Prefeitura de São Paulo. Hoje todos os documentos, fotos, desenhos, maquetes, croquis, objetos, e filmes de projetos construídos e não construídos encontram-se no acervo do Instituto Lina Bo e P. M. Bardi e podem ser acessados pela Internet clicando aqui. Seu amigo Bruno Zevi definiu-a de forma concisa: “Lina foi uma herética em vestes aristocráticas, uma esfarrapada elegante, uma subversiva circulando em ambientes luxuosos”.

Ela também se definiu como arquiteta: “Eu tenho projetado algumas casas, mas só para pessoas que eu conheço. Tenho horror em projetar casas para madames, onde entra aquela conversa insípida em torno da discussão de como vai ser a piscina, as cortinas… Gostaria muito de fazer casas populares”. Existem alguns ensaios biográficos sobre a arquiteta e artista, com destaque para: Lina Bo Bardi: sutis substâncias da arquitetura (2006) e Lina Bo Bardi: obra construída/Built work (2014), ambos publicados por Olivia de Oliveira pela Editora Gustavo Gill, e o belo trabalho editorial organizado por Silvana Rubino e Marina Grinover – Lina por escrito: textos escolhidos de Lina Bo Bardi -, publicado pela Cosac Naify, em 2009.

 


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