Joana Angélica de Jesus nasceu em 12/12/1761, em Salvador, BA. Religiosa concepcionista, pertencente a Ordem das Reformadas de Nossa Senhora da Conceição e mártir da independência do Brasil. Conhecida pelo ato de bravura final de sua vida, tem hoje sua imagem reconstruída por historiadores que pontuam sua importância na história do Brasil.
Entrou para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, em caráter de exceção, em 1782 e fez profissão de fé no ano seguinte, quando ingressou como irmã da Ordem, onde permaneceu reclusa durante 20 anos. Entre 1792 e 1801 foi escrivã do convento; em 1812 assumiu a função de vigária por dois anos; assumiu a direção do convento em 1815, quando foi escolhida abadessa, função que desempenhou até 1817.
Voltou à posição de abadessa em 1821, até o dia de sua trágica morte defendendo o convento. Em 20/2/1822, as tropas portuguesas invadiram o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, alegando que de lá os adeptos da independência estavam atirando nos soldados portugueses. Um grupo de soldados tentava arrombar um portão, enquanto Joana Angélica ordenava às irmãs que fugissem pelos fundos. A madre se colocou como último obstáculo aos invasores e conta a história, reproduzida por diversos historiadores, que teria exclamado: “Para trás, bandidos. Respeitem a casa de Deus. Recuai, só penetrareis nesta casa passando por sobre o meu cadáver”.
Uma baioneta atravessou-lhe o ventre e assim, tronou-se a primeira mártir da luta pela libertação da Bahia em 2/7/1823, data da efetiva independência baiana. Uma extensa pesquisa realizada em diversos arquivos, conduzida pela pesquisadora Antônia da Silva Santos durante dez anos, não encontrou nenhum documento provando que a Sóror disse isso de fato. De qualquer modo, ficou registrado seu ato heroico, que motivou o processo canônico de sua beatificação.
Para isso, uma pesquisa foi realizada nos mosteiros de Salvador, arquivos públicos, bibliotecas e arquivo da Cúria Metropolitana, bem como arquivos e bibliotecas em São Paulo e Rio de Janeiro, chegando até o Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. Tal pesquisa foi anexada ao processo de candidatura à beatificação, enviado à Santa Sé pelo Convento da Lapa, em 2001. Enquanto sua santificação não é confirmada pela Igreja, as homenagens dirigidas à Joana Angélica vêm se acumulando desde princípios do século XX. Em 1923, o Conselho Municipal de Salvador nomeou a Rua da Lapa, onde se localiza o Convento, como Avenida Joana Angélica.
Seu nome denomina diversos logradouros públicos em algumas cidades brasileiras. Em 20/2/1922, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia realizou uma grande comemoração do Centenário do martírio da Madre Joana Angélica de Jesus. Em 26/7/2018, através da Lei Federal nº 13.697, foi incluída no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”. Seu mausoléu encontra-se no Convento da Lapa, em Salvador.