Janete Ferreira da Costa nasceu em Garanhuns, PE, em 3/6/1932. Arquiteta, designer, colecionadora e destacada curadora de diversas exposições de arte popular. Colocou o artesanato brasileiro num patamar até então não reconhecido na decoração de interiores e exposições artísticas no Brasil e no exterior, valorizando a arte popular e o trabalho do artesão de modo expressivo no mundo das artes.
Filha Carmen Viana da Costa e Francisco Ferreira da Costa, passou parte da infância e adolescência em João Pessoa, PB e aos 20 anos foi para Recife, onde fez o curso de Arquitetura da EBAP-Escola de Belas Artes de Pernambuco. Casou-se em 1954 com o arquiteto Maurício Leitão Santos e tiveram 3 filhos, todos ligados às artes e arquitetura. Em seguida mudou-se para a praia de Icaraí, em Niterói, e abriu uma loja de móveis e decoração, comercializando peças de designers brasileiros. Em 1961 concluiu o curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ-Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1969 deu-se o segundo casamento com Acácio Gil Borsoi, do qual nasceu mais uma filha, também arquiteta.
Em 1979, a convite de Gilberto Freyre, deu palestra no Seminário de Tropicologia sobre “Design Interior nos Trópicos”. Enquanto mantinha o interesse no artesanato, trabalhou como arquiteta de interiores atuando em mais de mil projetos: residências, escritórios e edifícios públicos e, particularmente, hotéis, devido ao fato de darem maior visibilidade aos seus projetos. Buscava sempre garantir o sentido da brasilidade em torno de suas obras. Por essa época foi premiada pelo IAB-instituto de Arquitetos do Brasil, seção de Pernambuco e concluiu um curso de especialização em planejamento de ambientes interiores, no Instituto Joaquim Nabuco, em Recife.
Seu olhar apurado sobre o artesanato consistiu em lapidá-lo um pouco mais na criação de um projeto chamado “Interferências”, reunindo arquitetos e designers num trabalho em conjunto com os artesãos e artistas populares, com novos olhares e detalhes, sem mexer em sua natureza. “Interferir sem ferir”, era seu lema. Este renovado enfoque artístico lhe rendeu a “Medalha de Ordem do Mérito Guararapes”, concedida pelo Governo do Estado de Pernambuco, em 2006; a “Medalha João Ribeiro” da ABL-Academia Brasileira de Letras, em 2007, e o prêmio “Mulheres influentes do Brasil”, na categoria Arquitetura e Decoração.
A influência do artesanato aliada ao interesse pela arquitetura e decoração de interiores projetou-a em âmbito nacional, quando foi curadora da exposição “Viva o Povo Brasileiro”, em 1992, no MAC-Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Fez a curadoria de diversas exposições em outros estados, como o Museu da Casa Brasileira e Pinacoteca do Estado de São Paulo, bem como em Portugal, na Fundação Ricardo do Espirito Santo e outros países, como a França e Inglaterra.
Em 1993 lançou o livro Janete Costa: Interiores, publicado pela Ed. Index, expondo sua concepção sobre a importância do artesanato na arte brasileira. Suas obras foram registradas no livro de arte Janete Costa: arquitetura, design e arte popular, publicado em edição bilingue pela CEPE Editora, em 2021. Segundo sua concepção há diferenças entre arte popular e artesanato. Arte popular é aquela feita pelo artista, geralmente peças únicas e assinadas por ele mesmo; já o artesanato, são as peças produzidas em grupos, em maiores quantidades e sem assinatura.
Dentre seus trabalhos destacam-se as curadorias sobre o designer Joaquim Tenreiro no MAC/Niterói, Pinacoteca do Estado de São Paulo e em Lisboa; design de interiores do Hotel Pergamon; Exposição “Meninas Gerais”, no Museu da Casa Brasileira; arquitetura de interiores dos hotéis Ceasar Park e Ceasar Business, de São Paulo; mostra de arte popular no Espaço Brasil em Paris, em 2005; restauração de edifícios históricos, como o Teatro Arthur Azevedo, em São Luíz (MA) e o Solar do Jambeiro, em Niterói. Após seu falecimento, outros trabalhos foram concluídos por seus filhos: projeto para o Hotel Verde Green, em João Pessoa (PB) e a museografia do Museu do Homem do Nordeste da Fundação Joaquim Nabuco.
Em 2005 foi acometida por um câncer de estômago, com o qual lutou por mais de 3 anos e faleceu em 28/11/2008. No ano seguinte a seção pernambucana do IAB lançou um prêmio em sua homenagem. Recebeu, também, homenagens de alguns espaços onde atuou: Espaço Janete Costa no Museu do Homem do Nordeste (PE); Galeria Janete Costa no Parque Dona Lindu (PE) e Museu Janete Costa de Arte Popular em Niterói (RJ).