Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial domingo, 26 de abril de 2020

AS BRASILEIRAS: IMPERATRIZ LEOPOLDINA

 

AS BRASILEIRAS: Imperatriz Leopoldina

Carolina Josefa Leopoldina nasceu em Viena, Áustria, em 22/1/1797. Esposa de D. Pedro I e Imperatriz do Brasil. Filha do imperador Francisco I da Áustria e Maria Teresa das Duas Sicílias, chegou no Brasil em 1817 para se unir ao marido, em cumprimento ao acordo familiar de seu pai com o rei D. João VI, resultado de uma aliança entre as monarquias de Portugal e Áustria. A Europa foi redesenhada com a queda de Napoleão Bonaparte, em 1814, e no ano seguinte deu-se o Congresso de Viena, criando uma nova ordem mundial, onde o Brasil entra como reino unido de Portugal.

Nesse contexto ela teve atuação destacada no processo de independência do Brasil. Porém, a história contada nos livros escolares desconhece completamente seu papel. Tal omissão foi denunciada pelo historiador Paulo Rezzutti, autor do livro D. Leopoldina – A história não contada: a mulher que arquitetou a Independência do Brasil (2017). Sua tese é que foi em grande parte graças a ela que o Brasil se tornou uma nação. Afirma que ela “abraçou o Brasil como seu país, os brasileiros como o seu povo e a Independência como a sua causa”. Devido ao fato de reger o País diversas vezes, enquanto o marido viajava pelas províncias, é considerada a primeira mulher chefe de estado de um país americano.

Pertencia à Casa de Habsburgo, uma das mais antigas e poderosas dinastias da Europa, que reinou sobre a Áustria de 1282 a 1918. Órfã de mãe aos 10 anos, foi educada pela madrasta Maria Luísa, musa e amiga pessoal do poeta Goethe. Sua infância foi marcada pela rigidez com os estudos, estímulos culturais diversos e aprendizado de línguas (falava 6 idiomas). O casamento se deu por procuração, em 13/5/1817 em Viena e recebeu a bênção nupcial em 6/11/1817, dia seguinte ao seu desembarque no Brasil. A viagem foi dificil e durou 86 dias com uma parada em Florença enquanto esperavam o restabelecimento da ordem monárquica, abalada pela Revolução Pernambucana de 1817. Ao chegar no Rio de Janeiro, o casal foi instalado numa casa de campo na Quinta da Boa Vista.

Ainda adolescente demonstrava interesse pelas ciências naturais, particularmente geologia e botânica. Assim, empenhou-se para que viesse junto com a comitiva uma grande expedição científica integrada por expressivos cientistas e artistas: Carl Friedrich Phillip von Martius, Johann Baptist von Spix, Jean Baptiste Debret, Thomas Ender entre outros. O interesse em conhecer o Brasil já havia despertado com a publicação do livro Viagem às regiões equinociais do novo continente feita de 1799 a 1804, por Alexnder von Humboldt. O processo de independência apresentava-se como fato concreto desde que os pernambucanos se rebelaram com esse intento e conseguiram, mesmo que por apenas 74 dias. Era preciso a independência antes que os brasileiros fizessem. A Revolução Liberal do Porto (1820), em Portugal, e o retorno forçado da Corte, em 1821, à Lisboa vieram acelerar o processo.

D. Pedro, aos 23 anos, ficou no Brasil como príncipe regente com amplos poderes e incapaz de dominar o caos instalado na colonia dominada pelas tropas portuguesas. A oposição entre portugueses e brasileiros tornou-se cada vez mais evidente. A partir daí Leopoldina, culta e escolada na diplomacia e politica, passa a interferir, junto com seu amigo José Bonifácio, decisivamente no processo de independência antes mesmo do marido. Quando foi exigido seu retorno à Lisboa, sua participação no ´Dia do Fico`, em 9/1/1822, foi decisiva. Neste dia ficou sentenciada sua permanência no Brasil e passou a agir nos bastidores, orientando uns e influenciando outros a aconselharem o marido, já que ele não lhe dava ouvidos. Pouco depois D. Pedro, enquanto viajava para São Paulo, é rebaixado a mero auxiliar da Corte Portuguesa. Ela, na condição de Princesa Regente do Imperio e aconselhada por José Bonifácio, reuniu, em 2/9/1822, o Conselho de Ministros e assina o decreto da Independência.

Ato contínuo, escreve uma carta ao marido: “É preciso que volte com a maior brevidade. Esteja persuadido de que não é só o amor que me faz desejar mais que nunca sua pronta presença, mas sim as circunstâncias em que se acha o amado Brasil. Só a sua presença, muita energia e rigor podem salvá-lo da ruína”. E adverte: “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece”. A carta chegou às maos de D, Pedro nas margens do riacho Ipiranja, em 7 de setembro, e a Independencia foi proclamada. Pouco antes, ela idealizou a bandeira do Brasil, misturando o verde, da família Brajança, e o amarelo ouro da família Habsbsburgo, com a ajuda do pontor Debret. Essa história que o verde representa nossas matas e o amarelo nosso ouro foi inventada depois. Por fim, se empenhou a fundo no reconhecimento do novo País pelas cortes europeias, escrevendo cartas ao pai, imperador da Áustria, e ao sogro, rei de Portugal.

Foi aclamada imperatriz, em 1/12/1822, na coroação e sagração de D. Pedro e apartir daí assistimos seu martírio conjugal junto ao marido e suas amantes. Passou por uns perrengues com a amante oficial –Domitila- tendo que aceitá-la como dama de companhia, promovida a Marqueza de Santos, e o reconhecimento público da filha bastarda, promovida a Duqueza de Goiás. Até viagens junto com o marido e a amante teve que suportar, como a realizada no inicio de 1826 à Bahia. Bem antes disso já se via o abatimento físico e psicológico a que ficou reduzida, devotada apenas a parir um herdeiro para o trono.

Em meados de 1826, com a saúde abalada, enfrentou mais uma gravidez e enviou carta à irmã Maria Luísa, mencionando um terrível atentado que sofrera de seu marido. Em seguida foi definhando rápido, agravado com o aborto da criança, poucos dias antes de falecer em 11/12/1826. Há controvérsia sobre a causa mortis. Para uns sua morte decorreu de uma septicemia puerperal. Mas foi muito difundida a versão que teria sido as agressões físicas que sofreu durante um acesso de raiva do marido, em 20/11/1826. Tal versão foi defendida por historiadores, como Gabriac, Carl Seidler, John Armitage e Isabel Lustosa. Sua morte causou grande comoção popular e paralizou o Rio de Janeiro. Carlos H. Oberacker Jr., seu biógrafo, afirma na obra A Imperatriz Leopoldina: sua vida e sua época (1973), que “raras vezes uma estrangeira foi tão querida e reconhecida por um povo como ela”. Além dessa biografia oficial, muitas outras reconhecem seu papel e importância na História do Brasil, tais como os livros de Glória Kaiser, Dona Leopoldina, uma Habsburg no trono brasileiro (1997) e Johanna Prantner com Imperatriz Leopoldina do Brasil (1998).

Clique aqui para assistir ao domentário IMPERATRIZ D.LEOPOLDINA DO BRASIL


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