Maria Carolina Nabuco de Araújo nasceu em 9/2/1890, no Rio de Janeiro, RJ. Escritora, tradutora e biógrafa. Passou a infância em Petrópolis e a adolescência nos Estados Unidos, onde o pai era embaixador do Brasil. Foi vítima de um dos mais famosos plágios da literatura anglo-brasileira, em fins da década de 1930.
Filha de Evelina Torres Ribeiro Nabuco e Joaquim Nabuco, diplomata, deputado geral do Império do Brasil e cofundador da ABL-Academia Brasileira de Letras. Seu primeiro livro – Joaquim Nabuco -, a biografia de seu pai, publicado em 1928, lhe garantiu o Prêmio de Ensaio da Academia Brasileira de Letras. O segundo – A Sucessora -, publicado em 1934, foi um sucesso de público e causou um problema internacional na história dos plágios de obras literárias.
A Sucessora conta a história de Mariana, jovem recém-casada, que ao mudar-se para a mansão do marido, o milionário Roberto Steen, depara-se com um imponente retrato de sua primeira mulher, falecida poucos meses antes de se conhecerem. A partir daí ela passa por momentos de insegurança e conflitos e o romance prossegue. Animada com o sucesso editorial, ela decide traduzir o livro para o inglês e o enviou para uma agência literária de Nova York, com pedido que fizessem contato, também, com agentes na Inglaterra.
Em 1938 ela teve acesso ao romance Rebeca, de Daphne du Maurier, publicado na Inglaterra, e verificou semelhanças bem visíveis com seu romance A Sucessora. Entrou em contato com seus agentes literários perguntando sobre o contato com os editores ingleses e a resposta foi que não havia encontrado. Pouco depois, o New York Times Book Review publicou um artigo ressaltando as semelhanças entre os dois romances.
Rebeca também foi um sucesso editorial na Inglaterra, motivando uma adaptação para o teatro, em 1939, e para o cinema, em 1940, dirigido por Alfred Hitchcock, abrindo o Festival de Cinema de Berlim e concorrendo em 11 categorias. Conquistou duas estatuetas do Oscar, incluindo a de melhor filme, que foi estrelado por Joan Fontaine e Laurence Olivier. O fato repercutiu no Brasil e quando o filme chegou aqui, a United Artists procurou Carolina para que assinasse uma declaração, mediante uma compensação financeira, concordando que houve uma “coincidência” literária. A oferta não foi aceita.
O sucesso do filme causou grande repercussão aqui e no exterior. Em suas memórias, Carolina conta que a oferta em dinheiro para que reconhecesse a “coincidência” era de valor considerável. No entanto, além de não aceitar, também não processou a editora inglesa. A história toda foi esclarecida no ano 2000 com o livro da escritora Nina Auerbach, da Universidade da Pensilvânia, Daphne du Maurier, haunted heiress (herdeira assombrada), dizendo que Carolina enviou seu livro para um editor inglês, que seria o mesmo da romancista inglesa.
Entre nós, A Sucessora foi adaptada para a televisão, numa telenovela de Manoel Carlos, exibida 1978, em 126 capítulos e distribuída em cerca de 50 países. Neste ano, Carolina recebeu o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra e veio a falecer em 18/8/1981, aos 91 anos. Em 2019 a editora Instante lançou uma nova edição de A Sucessora.