Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial segunda, 28 de outubro de 2019

AS BRASILEIRAS: BERTHA LUZ

 

 

AS BRASILEIRAS: Bertha Lutz

Bertha Maria Julia Lutz nasceu em São Paulo, em 2/8/1894. Bióloga, advogada, política, feminista e pioneira na luta pelo direito de voto da mulher. Filha de Adolfo Lutz, cientista e pioneiro da Medicina Tropical e da enfermeira inglesa Amy Fowler. Ainda adolescente, foi completar os estudos na Europa, onde entrou em contato com a campanha sufragista inglesa pelo direito das mulheres ao voto. Formada em ciências naturais, pela Faculdade de Ciências de Paris (Sorbonne), em 1918, com especialização em anfíbio anuro.

De volta ao Brasil, prestou concurso para bióloga do Museu Nacional, em 1919, onde passou em primeiro lugar. Foi a segunda mulher brasileira a ingressar, por concurso, no serviço público. No mesmo ano, criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher e deu inicio ao movimento pelo direito ao voto das mulheres no País. Em 1922 viajou para os EUA para participar da Assembleia Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, e foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. Em seguida, batalhou pela criação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, fundada no mesmo ano. Ainda em 1922, como delegada do Museu Nacional ao Congresso de Educação, garantiu o ingresso de meninas no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.

Em 1929, lutou pela criação da União Universitária Feminina. Logo, foi uma das primeiras “feministas” do País. Três anos após, criou a Liga Eleitoral Independente e a União das Funcionárias Púbicas. Por esta época passou a estudar Direito e formou-se advogada em 1933, pela atual UFRJ, e tentou ser professora com a tese “A nacionalidade da mulher casada” perante o Direito Internacional Privado”, em que abordava a perda da nacionalidade feminina quando a mulher se casava com um estrangeiro. Não conseguindo o intento, publicou o livro A nacionalidade da mulher casada. No mesmo ano, representou o Brasil na Conferência Interamericana de Montevidéu, marco do início de seu trabalho diplomático pelo país, continuado posteriormente em representações na Conferência Internacional do Trabalho, realizada nos EUA em 1944, e, posteriormente, como militante nas conferências mundiais realizadas pela ONU.

Após duas tentativas como candidata, foi eleita suplente para deputada federal em 1934, Dois anos depois, assumiu o mandato na vaga deixada por Cândido Pessoa. Suas bandeiras de luta parlamentar eram mudanças na legislação do direito feminino ao trabalho; contra o trabalho infantil; direito a licença maternidade e a equiparação de salários e direitos entre homens e mulheres. Além disso, atuou na defesa da pesquisa científica, da proteção à natureza e conservação da fauna e da flora brasileira. Como se vê, foi também uma pioneira do movimento ecológico. Em 1937, com o golpe do Estado Novo, retomou sua carreira como chefe do Setor de Botânica do Museu Nacional, que ocupou até aposentar-se, em 1965.

Em 1945, integrou a delegação do Brasil na Conferência de San Francisco (EUA), convocada para a criação da ONU. Durante a reunião, se empenhou para assegurar que a Carta da ONU fosse revista periodicamente, mas seu grande feito foi o trabalho de apoio político ao delegado da África do Sul, General Smuts, a fim de que o preâmbulo da Carta fosse redigido mediante o compromisso com a igualdade, entre homens e mulheres e entre as nações. Dois anos após, trouxe para Brasil o Movimento Internacional Soroptimista, integrado por mulheres pioneiras e empreendedoras. O nome “soroptimista” significa “o melhor para as mulheres”. Por tal iniciativa foi eleita “Mulher das Américas” pela União das Mulheres Americanas, em 1951.

Devido a sua participação na criação da ONU, foi convidada pelo Itamaraty a integrar a delegação brasileira na 1ª Conferência Internacional da Mulher, realizada no México, em junho de 1975. Nesta Conferência foram criados o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e o Instituto Internacional de Treinamento e Pesquisa para a Promoção da Mulher (INSTRAW), “constituindo o quadro institucional para a investigação, formação e as atividades operacionais na área de mulheres e desenvolvimento.”

Esta foi sua última participação pública. Não se casou, talvez devido a dificuldade de conciliar tantas atividades com os compromissos de um casamento. Faleceu em 16/9/1976 e seu nome passou a denominar um anfíbio que ela descreveu em 1958: “Paratelmatobius lutzii”. Descobriu uma dezena de espécies anfíbias, dentre elas o “sapo-boi”, que recebeu o nome “Eleutherodactylus hoehnei Lutz”. Em 2017 recebeu uma homenagem póstuma com a nomeação de uma espécie rara de perereca: “Aplastoduscus lutzorum”.

Além das homenagens científicas, em 2001 o Senado Federal criou o “Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz”, outorgado anualmente, no Dia Internacional da Mulher, a cinco destacadas mulheres. O Diploma foi criado a partir de uma Resolução apresentada pela Senadora Emília Fernandes. Atualmente não vejo o movimento feminista brasileiro falar de seus feitos e contribuições à causa, mas a comunidade científica tratou de erigir um museu virtual, dedicado à sua atuação política e científica. Trata-se do “Museu Bertha Lutz”, desenvolvido na Universidade de Brasília, com apoio do CNPq.

 


Escreva seu comentário

Busca


Leitores on-line

Carregando

Arquivos


Colunistas e assuntos


Parceiros