Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

José Domingos Brito - Memorial quarta, 21 de fevereiro de 2024

AS BRASILEIRAS: Bartira (CRÔNICA DO COLUNISTA JOSÉ DOMINGOS BRITO)

 

AS BRASILEIRAS: Bartira

José Domingos Brito

Bartira (também conhecida como Potira) ou Isabel Dias foi uma indígena Tupiniquim e uma das primeiras colonizadoras de São Paulo, em princípios do século século XVI. Sua prole de 3 filhas e 5 filhos se constituiu nos formadores da elite colonial paulista.

 

 

 

 

 

Filha do cacique Tibiriça, líder Tupiniquim, casou-se com João Ramalho, o famoso degredado português, possivelmente, em 1515. Na época era comum a união de mulheres indígenas com brancos europeus, visando a manutenção de alianças politicas e familiares que favorecia tanto os nativos como os colonizadores. Ela foi batizada pelos jesuitas, recebendo o nome de Isabel Dias.

A Igreja viu no enlace uma boa oportunidade para a conversão dos nativos, visto que Bartira era filha de um respeitado cacique. Os brancos também viram ali uma facilidade para a conquista portuguesa do planalto paulista. Quase todos seus filhos se destacaram na política e economia da região. Joana Ramalho casou-se com Jorge Ferreira, capitão mor da capitania de Santo Amaro e depois ouvidor da capitania de São Vicente. Antônia Ramalho casou-se com Bartolomeu Dias Nunes Camacho, figura destacada na colonização do litoral paulista.

O filho mais velho – André Ramalho – ficou conhecido por ter acompanhado o padre Manuel da Nóbrega no trabalho de catequese dos índios pelo sertão. Alguns netos e bisnetos descendentes dos primeiros fihos também tiveram posição de destaque no periodo colonial. Além dos 8 filhos com Bartira, conta a história que João Ramalho tinha uma numerosa prole com outras mulheres. Atualmente o nome Bartira anda negligenciado na historiografia do Brasil. Seu nome consta em alguns relatos, mas poucos citam o fato dela ter sido uma mulher indígena influente, guerreira e que falava outras línguas. Sua imagem está sempre ligada ao pai Tibiriçá e ao marido João Ramalho, restringindo seu protagonismo na História.

Na década de 1930 havia uma estátua em bonze de Bartira (foto acima) localizada no Jardim Helena, Zona Leste de São Paulo, esculpida por João Batista Ferri, próxima de um casarão do século XVI, que ficou abandonado por um longo periodo. Mario de Andrade, que além de escritor, foi um dos fundadores do IPHAN-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, defendeu arduamente o tombamento do local, que só veio ocorrer na década de 1990. A escultura foi estraviada ou roubada há muito tempo e atualmente a Prefeitura busca revitalizar o local. Porém sem uma proposta de refazer a estátua de Bartira.

Bartira teve trajetória semelhante a de outra índigena já incluida em nosso Memorial. Trata-se de Paraguaçu (1503-1583), filha do cacique Taparica, na região da Bahia e esposa do náufrago português Diogo Álvares, o Caramuru. Parece que nos primórdios do descobrimento havia o costume dos grandes caciques oferecerem suas filhas aos primeiros colonizadores.

Pouco se sabe acerca do falecimento de Bartira, algumas pesquisas apontam que ocorreu em 1559, quando teria completado 54 anos. Outro documento data sua morte no ano de 1550. Sua história, como a de tantos outros colonizadores do Brasil, é quase desconhecida. É mais uma vítima da falta de políticas de preservação e segurança do patrimônio público. Hoje sua memória resiste apenas na denominação de uma rua no Bairro Perdizes, em São Paulo.

 

 

 

 


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