Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

O Globo quarta, 28 de novembro de 2018

ÁRVORES GIGANTES QUE SOBREVIVERAM NA MATA ATLÂNTICA

 

Levantamento inédito mostra as árvores gigantes que sobreviveram na Mata Atlântica

Novo livro mostra as grandes remanescentes da floresta que já foi um dos maiores biomas brasileiros
 
Fileira de jequitibás-rosa centenários de grande porte no Parque Estadual do Vassununga, interior de São Paulo: aglomerações de grandes árvores assim eram comuns na Mata Atlântica original Foto: Cassio Vasconcellos / Editora Olhares/Cassio Vasconcellos
Fileira de jequitibás-rosa centenários de grande porte no Parque Estadual do Vassununga, interior de São Paulo:
aglomerações de grandes árvores assim eram comuns na Mata Atlântica original Foto:
Cassio Vasconcellos / Editora Olhares/Cassio Vasconcellos
 
 

RIO – Quando os portugueses chegaram no Brasil, em 1500, deram de cara com uma floresta luxuriante, densa e diversa, com árvores que facilmente passavam dos 40 metros de altura. Era a Mata Atlântica, um dos maiores biomas brasileiros, que então se espalhava por mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, ou cerca de 15% do território do país. Hoje reduzida a menos de 13% desta cobertura, distribuída em aproximadamente 245 mil fragmentos, pouco resta de sua exuberância original, praticamente desconhecida da população atual. E foi para preencher esta lacuna que o botânico e paisagista Ricardo Cardim liderou o projeto do livro “Remanescentes da Mata Atlântica: as grandes árvores da floresta original e seus vestígios” (Ed. Olhares), com lançamento previsto para esta terça-feira, dia 27.

Maior árvore documentada do bioma em termos de massa, possivelmente um jequitibá-rosa ( Cariniana legalis ), estima-se que tinha um tronco com 6,20 metros de diâmetro e 19,50 metros de circunferência a 1,30 metro do solo, com sua copa provavelmente alcançando uma altura de mais de 40 metros. Supostamente localizada na região de Campinas, era uma árvore famosa, alvo de diversos fotógrafos na época da virada do século XIX para o XX. Apesar disso, seu destino é desconhecido e não há outros indícios de sua existência além das fotos antigas.

Registro do Jequitibá do Brejão, maior árvore documentada da Mata Atlântica Foto: Reprodução / Editora Olhares
Registro do Jequitibá do Brejão, maior árvore documentada da Mata Atlântica Foto: Reprodução / Editora Olhares

 — As pessoas veem os remanescentes da Mata Atlântica nas cidades, como a Floresta da Tijuca, e no interior e imaginam que eles são representativos da floresta intacta, mas muitas vezes não passam de uma sombra da floresta original — conta Cardim. — Apesar de 60% a 70% da população brasileira hoje viver em áreas que eram da Mata Atlântica, não nos é ensinado nas escolas como era esta floresta original, nem temos um museu ou qualquer outro lugar que conte sua história. Então eu tinha esta curiosidade muito grande de saber como era esta floresta, qual era o tamanho de suas árvores, sua distribuição e verificar se os remanescentes atuais são de algum modo parecidos com a Mata Atlântica que nossos antepassados conheceram entre o fim do século XIX e início do século XX.

 

Assim, as gigantes do livro não estão só no passado. Boa parte da obra é focada na busca de grandes árvores que sobreviveram à destruição da Mata Atlântica — processo que também é documentado por imagens desoladoras que integram um capítulo à parte —, registradas em uma série de expedições realizadas por Cardim com o também botânico Luciano Ramos Zandoná e o fotógrafo Cássio Campos Vasconcellos, nas quais percorreram mais de 12,5 mil quilômetros em visitas a algumas das principais áreas de remanescentes da Mata Atlântica do país.

Queimada da Mata Atlântica para cultivo de café em meados do século XX: na Bahia e no Espírito Santo talvez não se tenha aproveitado mais do que 3% da madeira Foto: Reprodução/Editora Olhares
Queimada da Mata Atlântica para cultivo de café em meados do século XX: na Bahia e no Espírito Santo
talvez não se tenha aproveitado mais do que 3% da madeira Foto: Reprodução/Editora Olhares

 — Já tivemos muitas árvores gigantes na Mata Atlântica, e felizmente ainda temos algumas, que evidenciam o muito que a gente perdeu — diz. — Elas são as últimas testemunhas dos tempos de exuberância do bioma, árvores com séculos de vida. São seres especiais que cresceram antes dos ciclos de desmatamento, antes da destruição da floresta.

Gigantes que dificilmente serão substituídas

Gigantes estas que, uma vez mortas, dificilmente terão substitutas, já que são resultado da competição em uma floresta densa e contínua que praticamente não existe mais, lamenta Cardim.

— Se a gente plantar uma semente de um jequitibá desses agora, mesmo se esperarmos muitos anos ele não vai chegar no tamanho do antigo Jequitibá do Brejão porque não tem ambiente para isso. Será como uma árvore de praça, de copa baixa e tronco curto — explica. — Árvores gigantes como essas precisam de muita competição e uma floresta madura, com topos de 40 metros como era a floresta original, para crescerem tanto. É um ambiente que praticamente não existe mais.

 

Mas a continuidade da floresta não é necessária só para o crescimento de novas gigantes. Segundo Cardim, as mortes recentes de dois jequitibás centenários na Bahia sugerem que a reconexão dos fragmentos da Mata Atlântica, para além de uma importante estratégia de preservação, é fundamental para a sobrevivência destas últimas grandes árvores do bioma. Exemplo disso é a atual árvore mais alta conhecida do bioma, um jequitibá localizado pelos pesquisadores na região de Ubatã, na Bahia. Apesar de sua copa alcançar espantosos 64 metros de altura, é uma árvore “magrinha”, com um tronco de apenas 2,5 metros de diâmetro, longe dos mais de seis metros do Jequitibá do Brejão e dos estimados até oito metros que atingiam outras gigantes em tempos idos.

Jequitibá na região de Ubatã, na Bahia: árvore de 64 metros é a mais alta encontrada pelos pesquisadores, mas 'magrinha' se comparada com suas antigas
Jequitibá na região de Ubatã, na Bahia: árvore de 64 metros é a mais alta encontrada pelos pesquisadores,
mas 'magrinha' se comparada com suas antigas "irmãs" Foto: Cassio Vasconcellos / Editora Olhares

 — Temos a oportunidade de fazer a ponte entre a Mata Atlântica que nossos antepassados viram e a que as futuras gerações terão acesso — defende. — Mais que reconectar a floresta, precisamos aproximar as pessoas dela. Só estar debaixo de uma árvore de 22 andares de altura emociona mesmo o coração mais duro. É difícil ficar indiferente frente a uma gigante dessas. Acho que esta é a principal contribuição de nosso livro: formar uma linha de pensamento de como foi a floresta original, como ela foi destruída, se transformou e o que sobreviveu, traçando um caminho para restaurar a Mata Atlântica em harmonia com a atividade humana.


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