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O ministro Adeilson Loureiro Cavalcanti durante debate no jornal: em 2017, governo repassou R$ 4,6 bilhões ao SUS para tratamento da doença |
Especialistas são unânimes: nos próximos anos, o câncer tomará o lugar das doenças cardiovasculares e se tornará a principal causa de morte. Com a mesma velocidade da incidência da enfermidade, pesquisadores, cientistas e médicos desenvolvem técnicas, drogas e tratamentos revolucionários para conter o avanço do mal. A lista de desafios é extensa: baratear tratamentos, facilitar acesso à assistência clínica, identificar precocemente doentes e difundir o conhecimento científico.
As autoridades brasileiras admitem a complexidade do tema. “À medida que vivemos mais, estaremos predispostos a doenças. O câncer é uma delas. Temos de estar preparados para esse enfrentamento”, admitiu o ministro em exercício da Saúde, Adeilson Loureiro Cavalcanti, durante o Correio Debate: “Oncologia no Brasil — Inovação no Tratamento e no Diagnóstico do Câncer”, realizado ontem, na sede do jornal, com patrocínio do Hospital Sírio-Libanês. Especialistas de diversas frentes participaram do evento, que foi transmitido em tempo real pelo site e pelas redes sociais do Correio.
O Sistema Único de Saúde (SUS) mais que dobrou os investimentos no setor. Em 2010, o governo federal destinou R$ 2,2 bilhões para tratamento. O valor passou para R$ 4,6 bilhões no ano passado. A rede oferece assistência integral aos doentes desde o diagnóstico até os procedimentos paliativos. Em 2017, foram realizados 11,5 milhões de sessões de radioterapia na rede pública.
Identificar precocemente o câncer e cuidar rapidamente aumentam a chance de sobrevida e diminuem os custos do tratamento, segundo Renata Oliveira dos Santos, técnica da Divisão de Detecção Precoce e da Organização de Rede de Atenção Oncológica do Instituto Nacional do Câncer (Inca). No tumor de mama, por exemplo, a detecção precoce salva 95% das pacientes.
Exames de rotina são grandes aliados nesse aspecto. “Há cânceres que evoluem de forma lenta. Outros, crescem de forma rápida e agressiva. Os exames de rotina são essenciais para identificar cada um deles e definir se é viável usar os sistemas de rastreamento e pesar riscos e benefícios. Nem todo tipo de câncer é possível rastrear”, afirma.
Prevenção
Polyana Medeiros, da Diretoria da Sociedade Brasileira de Mastologia, alerta que 85% das pacientes com câncer de mama que identificam a doença em estágio inicial não precisam de quimioterapia. “Esse dado é importante, porque a gente oferece quimioterapia só para quem realmente precisa, e diminuiu os custos do Sistema Único de Saúde”, emenda.
O oncologista do Sírio-Libanês Rodrigo Medeiros também ressalta a importância da descoberta da doença ainda na fase inicial. O médico alerta que obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo exagerado de álcool aumentam os riscos de aparecimento da doença. “Não é azar ter câncer. É uma questão de estilo de vida. A maior chance é quando faz o diagnóstico precoce. Quando está em estágio avançado, são, em sua maioria, incuráveis”, diz. “A prevenção é a principal arma contra o câncer, e isso depende de cada um e das adoções de políticas públicas. O diagnóstico precoce também diminui os custos de gastos na saúde.”
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa