De todas as entrevistas concedidas pelo gênio de Taperoá, o dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta, pintor e xilógrafo, Ariano Suassuna, uma me chama a atenção pelo tom filosófico que o entrevistado se posiciona objetivamente sob sua visão de Deus. Com uma lucidez extraordinária diz: eu não conseguiria conviver com essa visão dura, amarga, atormentada e sangrenta do mundo… Segundo suas palavras: ou existe Deus ou a vida não tem sentido nenhum. Bastaria a morte para tirar qualquer sentido da existência, conclui.
Segundo Ariano: Deus para ele é uma necessidade! E conclui: Se eu não acreditasse em Deus era um desesperado.
Mais a pergunta que se faz é a seguinte: por que se mata e rouba tanto em nome de Deus, principalmente dentro das religiões?
Mas um fato trágico acontecido no dia 22.10.2017 me deixou mais ainda encafifado sobre o que se passa na mente humana acreditando ou não em Deus.
O suicídio aparentemente sem explicação da jovem estudante de jornalismo da Universidade Federal de Tocantins (UFT) e ativista negra, Dáleti Jeovane.
Curiosamente antes de se suicidar ela teria se posicionado metaforicamente sobre seu sofrimento, angústia, excesso de trabalho e responsabilidade na sua página no feissibuqui no texto chamado “Ana” e pedia ajuda. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte: Por que não pediu ajuda explicitamente? Aos irmãos, aos amigos, ao pai, preferindo a morte? Será que os que acreditam em Deus explica esse mistério?…
No texto, Dáleti falava sobre o suicídio da dor, do sofrimento e da desesperança; isto é, o suicídio da alma. Na verdade, ela estava se referindo a si própria, mas ninguém compreendeu.
Dáleti Jeovane deixou centenas de amigos e fãs chocados com a sua morte precoce. Ela era filha de pastor e órfã de mãe. A rotina árdua de trabalho e estudos lhe impôs sobrecarga de problemas e responsabilidades, mas ela nunca procurou um psicólogo, dizem amigos próximos.
Será que a árdua rotina de trabalho, estudo, responsabilidade que ela a si mesma impôs a levou a esse tresloucado gesto?
Conhecido político pernambucano, Bayron Sarinho, em 2002, vivia pregando publicamente que não passaria dos sessenta anos para não dar trabalhos aos outros, e se matou. Dr. José Paulo Cavalcanti Filho, em artigo publicado no Jornal do Commercio, à época, lamentou o fato e, triste com a tragédia, perguntou: por que não procurou os amigos antes do tresloucado gesto? E a tragédia se repete com uma jovem linda com um futuro promissor, sem se saber os mistérios da mente, infelizmente!