Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Violante Pimentel - Cenas do Caminho sábado, 23 de novembro de 2019

ARCO E FLECHA

 

 

ARCO E FLECHA

Poucos esportes se ligam, tão estreitamente, à história da humanidade, como o Arco e Flecha, ou tiro com arco, arma tradicional durante séculos, para a caça e a guerra. Seu uso remonta à idade da pedra e, na antiguidade, alcançou grande desenvolvimento.

Entretanto, a regulamentação da prática do Arco e Flecha, como atividade esportiva, só ocorreu na primeira metade do século XIX. Depois de um intenso emprego desses instrumentos no período medieval, a invenção da pólvora fez com que os arcos desaparecessem, aos poucos, dos campos de batalha e que seu emprego, com fins desportivos e de entretenimento, ganhasse crescente importância. O tiro com arco, prova olímpica de 1900 a 1920, foi, após vários anos de supressão, reintroduzido nos jogos em 1972.

Pois bem. Era uma vez, uma ilha delirante, chamada “Sol e Mar”, cheia de bananas, com muito sol e muito mar. Lá, um decadente bordel foi transformado num palácio real.

A população da ilha era composta por um rei, príncipes, ministros, um esfaqueador, vendedores ambulantes, lavradores, e muitos urubus em cima dos telhados. A ilha vivia grandes desventuras políticas, protagonizadas por homens de capas pretas, segurando suas espadas ameaçadoras. Era cercada de tubarões em todos os sentidos e por todos os lados.

Um certo dia, o povo acordou com um alto-falante anunciando aos quatro cantos da ilha:

– Atenção, moradores da Ilha “Sol e Mar!

– Por ordem do Suavíssimo e Humaníssimo Rei, Sua Majestade Folote II, não se pode mais entrar no Palácio real, comendo pipocas Bokus, nem mascando chicletes de bola. Muito menos, assoando o nariz ou tirando catota. em público. Também, fica proibido deixar escapar da “região cual” vento estocado e gases putrefatas, contaminando o ambiente real.

O filho único do Rei era abobalhado, mas, mesmo assim, era atleta e praticava Arco e Flecha. Para satisfazer seus gostos, o pai permitia que ele mantivesse sempre um homem do povo amarrado a uma cadeira, em praça pública, portando na cabeça um alvo, para que exercitasse seu esporte preferido. O alvo era sempre uma maçã, um cacho de bananas, uma melancia ou uma jaca. Mas, por maior que fosse o alvo, o “atleta” sempre errava a mira e acertava a flecha no peito do homem do povo. O rei, então, mandava anunciar, que aquela morte ocorrera em decorrência de um mal súbito, que fulminara o homem do povo.

Admoestado, o filho se justificava perante o Rei, de que precisava de fortes emoções, para se sobressair no seu esporte. Para ele, não tinha graça nenhuma preservar a vida de um homem do povo, se, para o próprio Rei, esse homem não tinha nenhum valor.

O rapaz insistia com o pai, para que ele permitisse que fosse amarrado à cadeira, em praça pública, não um homem do povo, mas um dos seus ministros, com uma jaca na cabeça. Somente assim, ele se sentiria motivado a atingir o alvo e preservar a vida do importante homem.

O Rei não concordou, temendo que o filho errasse o alvo, “sem querer”, e matasse o ministro. Aliás, essa cena já tinha ocorrido dois anos antes, quando um ministro, com uma jaca na cabeça como alvo, e amarrado a uma cadeira em praça pública, foi vítima da maldade do filho do rei. O rapaz preservou a integridade da jaca e matou o importante homem. Mais uma vez, a notícia que se espalhou foi de que a vítima tinha sido acometida de um mal súbito e fulminante.
O Rei relembrou o ocorrido, mas o filho disse que, dessa vez, com um ministro, ele teria mais cuidado. E perguntou ao pai:

– Meu pai, para que serve um ministro nesta Ilha?


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