APRESENTAÇÃO
“Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.” Essa frase é atribuída ao escritor russo Liev Tolstói.
É o que tenho feito, não com o intuito de conquistar a universalidade, mas para divulgar minha terra natal, fazendo-a conhecida pelos leitores que me honram com a aquisição de meus livros e pela comunidade internáutica, através de minha coluna publicada semanalmente no Jornal da Besta Fubana, virtual, o maior movimento cultural do Nordeste na atualidade.
Em meu livro De Balsas para o Mundo, lançado em 2010, contei a história da navegação fluvial na Bacia do Parnaíba, com os intrépidos navegantes e suas embarcações, que fizeram a pujança do comércio e do transporte de passageiros e mercadorias de Balsas até o Oceano Atlântico, o que foi interrompido na Década de 1960, com a construção da Barragem de Boa Esperança sem as imprescindíveis eclusas.
Agora, meu foco é centrado na cidade de Balsas, nos homens que fizeram a grandeza de sua história e nos fatos marcantes de minha infância, feliz, cheia de peripécias e arriscosa, como a de todo menino sertanejo de meu tempo.
Esta é uma antecipada contribuição para as comemorações do Primeiro Centenário de Balsas, que ocorrerão em 2018, esperando que outros depoimentos venham à luz.
Quando saí para estudar, a 5 de fevereiro de 1949, a população urbana balsense era de 3.500 habitantes; hoje, esse número ultrapassa a casa dos 80 mil!
O incremento populacional trouxe em seu bojo um progresso estonteante, que descaracterizou, primeiramente, os arrabaldes, e, agora, se vai infiltrando pelo centro histórico da urbe.
Na Praça da Matriz, antigamente o coração da cidade, apenas uma residência guarda suas características originais e, por isso mesmo, será objeto de página especial mais adiante.
Na mesma praça, nem a Igreja de Santo Antônio, nosso Padroeiro, resistiu ao insulto da modernidade. Na capa deste livro, vocês viram as fotos do que ela foi, desde a época de sua construção, de 1927 a 1929, com toda a população ajudando no trabalho braçal, inclusive meus irmãos Maria Isaura e Pedro Silva, ainda crianças, carregando pedras para o baldrame, e do que se transformou, recebendo nova pintura que, em minha apreciação, é um tanto “cheguei”.
Não demora muito, e aparecerá um avançadinho falando em implodi-la para ali erigir outro santuário utilizando-se de arquitetura mais ousada e condizente com os tempos atuais.
Modestamente, submeto à apreciação de todos vocês estas lembranças, umas indeléveis em minha cabeça, porque as vivi, outras contadas a mim, pela tradição oral ou pelos documentos pesquisados, e todas com o mérito primordial de jamais serem esquecidas pelas gerações vindouras.
Raimundo Floriano