Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Domingo – Dia de Matinê no Cinema Local domingo, 20 de fevereiro de 2022

APOCALYPSE NOW – O SET DA INSANIDADE
 

FILME DE GUERRA

APOCALYPSE NOW – O SET DA INSANIDADE

Gentileza do Colunista Cícero Tavares

 

 

Francis Ford Coppola, com 50 quilos a menos, no cenário da loucura

 

Assim se pronunciou Francis Ford Coppola quando estava filmando APOCALYPSE NOW no inferno selvagem das Filipinas: Tudo que podia dar errado na filmagem saiu pior. Mergulhamos na brumosa, esquizofrênica e arriscada história de uma gestação cinematográfica nunca igualada.

No caso de Apocalypse Now, a façanha é que quase todos os membros da equipe envolvidos nas filmagens tenham conseguido terminar os trabalhos não enlouquecidos e vivos.

O diretor, Francis Ford Coppola, acompanhou seu protagonista, o capitão Willard, no mergulho à loucura: se a missão do soldado era caçar o coronel Kurtz, a de Coppola era a de concluir um filme que havia começado sem roteiro e sem final. O diretor reconheceria ter contemplado o suicídio por três ocasiões ao longo dos quatro anos de produção, quando tudo o que podia dar errado deu errado. E quando tudo o que ninguém pensado em ocorrer, saiu pior. Acredita ele que, se não tivesse levado a família ao set nas Filipinas para lhe compartilhar as loucuras das filmagens, teria se suicidado.

Apocalypse Now, que estreou no verão de 1979, portanto há 43 anos, era segundo o diretor de fotografia Vittorio Storaro, “um quadro da imposição de uma cultura sobre a outra e da vontade que os americanos têm de transformar tudo em espetáculo”: se os soldados reais colocavam rock and roll para bombardear povoados vietnamitas, os do filme escutavam Cavalgada das Valquírias, de Wagner. Se o exército arrasou com o Vietnã com explosões de napalm, Coppola rodaria a maior explosão já produzida fora de uma guerra. Com 11 milhões de dólares de orçamento (mesma quantia de Star Wars, de George Lucas), Apocalypse Now seria o primeiro blockbuster de arte e ensaio.

Tudo era loucura nas filmagens de Apocalypse Now: Steve McQueen, Al Pacino, Robert Redford e Jeck Nicholson recusaram o papel do protagonista principal Willard. Coppola contratou o ator Harvey Keitel, mas depois de três semanas de filmagens o dispensou, após perceber que o estilo do ator não se encaixava ao do personagem. Pegou o avião e viajou aos Estados Unidos e lá encontrando no Aeroporto Martin Sheen e o levou para o inferno das Filipinas para travar sua batalha com os demônios do coronel Kurtz.

A possibilidade de perder tudo provocava uma euforia poderosa em Copolla, que parecia ser mais criativo e produtivo sobre pressão – segundo afirmava Eleonor Coppola, a esposa. A última etapa da rodagem ficou a cargo de Francis Ford Coppola, 50 quilos mais magro, que insistia em prosseguir na iniciativa, apesar dos sinais de advertência. Os trabalhadores tinham disenteria quase diariamente, o ator que interpretava o surfista Lance (Sam Bottoms) aparecia sempre chapado com speed, maconha ou LSD, porque toda a equipe caia na farra de madrugada, os animais selvagens espreitavam as tendas de campanha durante a noite, as associações de defesa dos animais haviam denunciado o sacrifício de um búfalo para a filmagem da cena final e a United Artists pretendia reduzir o valor do seguro de vida de Coppola. Sua vida já não valia tanto quanto no início da empreitada de Apocalypse Now, mas era preciso terminar “Coração das Trevas”, ainda que fosse (literalmente) a única coisa que fizesse na vida. Só assim o investimento seria justificado ante os credores. A essa altura, Coppola já estava convencido de que o filme seria espantoso.

Depois de 238 na selva das Filipinas, com muita loucura na mata e muita gente pirada, cinquenta por cento mais magros, Martin Sheen infartado sem os executivos da United Artists saberem, Francis Ford Coppola termina as filmagens de Apocalypse Now se livrando dum problema sério chamado Marlon Brando. Num dos diálogos mais interessante dos bastidores das filmagens, Francis diz a Eleanor Coppola, sua esposa: “Eu tenho três semanas de filmagem com Brando e Hopper e cheguei à conclusão de que não vale a pena tentar seguir nenhum roteiro. Vou simplesmente pedir que eles improvisem e vamos filmar tudo. Com muita sorte, vamos conseguir algo que se assemelhe a um final. Porque eu não tenho um final para esse filme! É um desastre completo!”…

No dia do lançamento do filme, Coppola aproveitou a oportunidade para fazer uma advertência sobre Hollywood que foi recebida com escárnio: a imprensa o ridicularizou, concluindo que tinha ficado definitivamente pirado por culpa da filmagem de Apocalypse Now. Qual foi a aberração que Coppola se atreveu a profetizar? “Preparem-se, porque a tecnologia digital está a ponto de mudar o cinema para sempre.”

Felizmente, o tempo não deu razão a Francis Ford Coppola: Apocalypse Now é uma obra-prima, filosófica, eterna. Mas a tecnologia digital imbecilizou os filmes de arte, que antes eram feitos na raça, na tora, na coragem, beirando a loucura. Hoje o mouse substituiu o set de filmagem.

“Computa, computador, computa.”

 

O Filme que quase MATOU seu Diretor!

 

 

 


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