No jardim descolorido vagava algo indefinido como que plainando a meio metro do chão. O vulto dessa imagem era o único indicador de que ela ainda estava por lá, sem destino, sem definição de sorte ou de futuro. Entre bromélias e orquídeas, também quase imóveis não fosse o vento, passava despercebida aos transeuntes, todos apressados e absortos com suas tarefas de viventes comuns. A rosa que em sua mão sangrava também era sem cor, como o sangue que não se avermelhou. Até as samambaias e espadas de São Jorge, outrora verdes, estavam empalidecidas. Tudo ali era pálido. Como a vida, como aquele vulto, como aquele jardim. Todos passavam e nada percebiam. Mas ali havia um vulto. Apenas um vulto. Sem vida. Faltava quem lhe desse cor.
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