ANTANDRA - ROMANCE II
Cláudio Manuel da Costa
Pastora do branco arminho,
Não me sejas tão ingrata:
Que quem veste de innocente,
Não se emprega em matar almas.
5Deixa o gado, que conduzes;
Não o guies á montanha:
Porque em poder de uma fera,
Não póde haver segurança.
Mas ah! Que o teu privilegio,
10É louco, quem não repara:
Pois suavizando o martyrio,
Obrigas mais, do que matas.
Eu fugirei; eu, Pastora,
Tomarei sómente as armas;
15E hão de conspirar comigo
Todo o campo, toda a praia.
Tenras ovelhas,
Fugi de Antandra;
Que é flor fingida,
20Que aspides cria, que venenos guarda.