Amendoins, não os como. Não me atrai comê-los. Tampouco suporto suas cascas e seu pelo. Nem mesmo a crença popular sobre seus poderes afrodisíacos, segundo a qual, na versão de Aldir Blanc, ‘ajuda a levantar o manche mancho dos machos caidinhos’, são suficientes para despertar em mim o desejo de degustá-los. Ofereci-os ao anjo que me visitava. Sou educado. Mas aquele anjo pouco entendia de amendoins e sequer quis libertá-los da casca. Disse-me preferir as azeitonas, sem caroços. Terão dentes os anjos? Não sei. Sei, isso sim, que aquele anjo presunçoso pensava saber de amor. Também não sabia. Insistia em dizer e repetir que o amor acabou. Estranhou quando disse-lhe que o amor não acabou. Mal sabe ele que o amor é uma das poucas coisas da vida, tal qual a matemática, definitivamente imutáveis e exatas. Como um mais um, que pode ser três ou quatro…
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