ANGOLA SIM, SENHORA - PARTE I
Robson José Calixto
No final de abril de 2018 recebi e-mail da Unidade de Cooperação Técnica da Organização Marítima Internacional - IMO informando que meu CV havia sido selecionado para prestar consultoria sobre a disposição de resíduos e outras matérias no mar, em Workshop Nacional, para sensibilização do país quanto à necessidade de implementação de tratado internacional, ratificado por Angola, que tratava desse assunto, como parte dos esforços para controle da poluição marinha.
Na comunicação a mim encaminhada fui informado que para começar teria que obter dois certificados, um básico e avançado, sobre segurança pessoal e da equipe em missão internacional pelas Nações Unidas. Não esperava que tiver de cursar quase 30 horas de aula online e responder a quase 100 questões para obtenção dos certificados. O bom é que os ensinamentos podem e poderão ser levados pela vida toda.
Obtidas todas as vacinas necessárias (obrigatórias e para a minha proteção - febre amarela, tifo, hepatite A, coqueluche, poliomielite reforço adulto, entre outras), preenchidos todos os documentos e recebidas as autorizações postuladas, preparado cerca de 250 slides de Power Point e com a passagem na mão, parti eu, no dia 28 de maio de 2018, para o Aeroporto de Brasília - DF, em plena greve dos caminhoneiros, quando o aeroporto da Capital do país sofreu apagão de querosene para aviação, com diversas aeronaves no pátio e quase 100 voos cancelados.
Mal cheguei um atendente da LATAM olhou minhas reservas e de forma taxativa disse: "- Esse voo foi cancelado, o Sr tem que descer a escada rolante e procurar o balcão de acomodação da LATAM". Daquele momento até a obtenção de uma solução razoável se passaram quase 05 horas em uma fila, o que me levou a perder conexão para Luanda no Aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Eu iria chegar em Luanda às 06h35min em Luanda, iria...
Após conseguir ser atendido me disseram: "- o Sr pode ir amanhã para São Paulo em voo no mesmo horário de hoje (11h20min), contudo, não podemos dar garantias que amanhã ele não possa ser cancelado. O Sr não prefere ir para São Paulo ainda hoje, em qualquer horário disponível?"
Pensei, pensei, refleti e achei melhor aceitar, desde que fosse em horário mais tarde naquele dia, para que pudesse voltar até em casa e fazer diversas ligações, visando não dar a aparência de que havia desistido da viagem.
Em casa liguei para empresa Booking.com para avisar que faria um "late check-out" no Hotel Diamante em Luanda, o que não adiantou muito. Liguei para a Transportes Aéreos de Angola - TAAG, no Rio de Janeiro - RJ e, depois, para o escritório da empresa em Guarulhos, evitando um "no show", todavia sem resolver o problema completamente. Email para a IMO para alertar o que estava sobre a minha situação de incerteza de cumprimento da Missão.
O meu voo inicial era para às 11h20min, só que minha partida só se deu às 21h30min do dia 28, chegando a Guarulhos às 23h30min. Fui dormir às 02h:00h da manhã após procura de agente da LATAM que pudesse me auxiliar, já que todas as posições no balcão estavam vazias, quer dizer, exceto uma.
Por volta de meio-dia do dia 29/06/2018 voltei ao Aeroporto de Guarulhos para resolver minha situação junto à TAAG, pois ainda estava pendente.
Já no piso de embarque parei a primeira pessoa que achei pudesse trabalhar no aeroporto e perguntei se ele sabia onde era o escritório da TAAG. Não, ele não sabia onde ficava. Parei a segunda pessoa, e ele me disse: "- perguntou à pessoa certa, pois eu trabalho para eles!" Uau, pensei eu!
Foto: RJC.
Chegando ao escritório da TAAG fui logo mostrando toda documentação que pegara na LATAM para comprovar que a culpa de eu ter perdido o voo na noite anterior não havia sido minha.
Fonte: Creative Roots.
Tudo esclarecido, e mais algumas horas de espera, o 777-300 da TAAG, que tem como logo a Palanca Negra gigante, partiu em ponto para a cidade de Luanda, em Angola, onde cheguei por volta das 06h30min da manhã do dia 29. O workshop começaria às 09h00 daquela manhã.
Passei fácil pela alfândega devido ao Passaporte Oficial. Todavia a bagagem demorou muito chegar à esteira ("ao tapete", em português de Angola). Foi pegar a mala e encontrar o meu transporte.
No interior do automóvel percebi e matei uns dois mosquitos voando, daí entender a premência de vacina de febre amarela para entrada no país. Do aeroporto 04 de Fevereiro de Luanda ao Hotel Diamante na orla, além do Monumento a Agostinho Neto, Primeiro Presidente de Angola, após a movimento de independência colonial, um ano depois da Revolução dos Cravos ocorrida em Portugal, em 1974, me chamou o número de sinais de trânsito (semáforos) desligados, o que implicava em trânsito desregulado, onde as negociações de trânsito ocorriam em acordos tácitos e costumeiros entre motoristas, tipos de veículos e transeuntes.
Já no Hotel comprovei que já tinha sido cobrado por um pernoite, apesar de nem o ter usufruído. Foi o tempo de fazer a barba, tomar banho, escovar os dentes e vestir o terno, pois já estavam me esperando no saguão para nos dirigirmos à Academia do Instituto Portuário e Marítimo de Angola - IMPA.
Continua....
Brasília, 12 de junho de 2018