Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Estadão sábado, 07 de novembro de 2020

ANDRÉA BELTRÃO: VAI SER LOUCURA GRAVAR NOVELA COM PROTOCOLOS DE SEGURANÇA

 

Andréa Beltrão: 'Vai ser uma loucura gravar novela com os protocolos de segurança'

Na disputa do Emmy, gravando novela e preparando peça de teatro, atriz estreia hoje o filme ‘Verlust’, de Esmir Filho

Luiz Carlos Merten, O Estado de S.Paulo

05 de novembro de 2020 | 05h00

Andréa Beltrão esteve recentemente no ar, na Globo, com a minissérie Hebe – inspirada no filme – e também com Tapas & Beijos, em que formou aquela dupla com Fernanda Torres. Fátima & Sueli, Sueli & Fátima. “Adorei rever. Toda terça eu me sentava bem aplicada para ver aquelas duas. E também não perdia a Hebe”, confessa. Por Hebe – A Estrela do Brasil –, Andréa foi indicada para o Emmy Internacional de melhor atriz, que deve ocorrer neste mês, dia 23, de forma remota, em Nova York. Andréa gravou um vídeo de uma hora e meia que está sendo editado para ser apresentado no show de premiação. Não tem muita expectativa de ganhar.

 

Verlust
Cena do filme 'Verlust', de Esmir Filho, com Andréa Beltrão e Marina Lima  Foto: Globo Filmes
 

“Imagina, estou concorrendo com a Glenda Jackson. Só isso já é o máximo. Sempre fui a maior admiradora dela. Estava no exterior, e a Glenda fazia no teatro o Rei Lear. Ingressos esgotados. Fiz de tudo para conseguir ver. Rei Lear! Que coisa mais maravilhosa.” O fato de destacar a grande Glenda, duas vezes vencedora do Oscar – por Mulheres Apaixonadas, de Ken Russell, e Um Toque de Classe, de Melvin Frank, em 1970 e 73 –, não significa que Andréa subestime as outras duas concorrentes, a alemã Emma Bading e a malasiana Yeo Yann Yann. “Devem ser muito boas, também.” A própria Andréa, encerrada a pandemia, deve voltar ao teatro com Antígona, outra personagem clássica. E, nesta quinta, estreia nos cinemas de São Paulo e Rio com Verlust. O longa de Esmir Filho teve estreia presencial na Mostra, no Drive-in Belas Artes. Daqui a duas semanas, chegará ao streaming. Andréa divide a cena com Marina Lima, também autora da trilha, e com o chileno Alfredo Castro, Ismael Caneppele e Fernanda Pavanelli.

“Sempre tive a maior admiração pelo Esmir, desde que vi Os Famosos e Os Duendes da Morte. A maneira como ele filma a juventude com suas necessidades vitais, em ambientes fechados, reprimidos. Achava que seria muito interessante trabalhar com ele. Queria isso. Um dia ele me chama. Me convida para almoçar e me apresenta o projeto. Aceitei sem nem ler o roteiro.” Teatro, cinema e TV. Nesta segunda, 2, Andréa voltou aos estúdios da Globo para iniciar a gravação da novela das 9 que substituirá Amor de Mãe, a próxima depois da reprise de A Força do Querer. Um Lugar ao Sol tem texto de Lícia Manzo. “Ela estreia na faixa das 9 depois de fazer sucesso no horário das 6 e das 7. Um Lugar ao Sol também marcará a volta do Maurício à direção de novelas.” Andréa refere-se ao marido, Maurício Farias, parceiro na arte e na vida. Com ele fez Hebe, Tapas & Beijos e muito mais. Comenta: “Estou muito animada, mas vai ser uma loucura gravar a novela com os atuais protocolos de segurança. Máscara para tudo, álcool em gel e, para ter cena de beijo, a gente terá de fazer testes rigorosos para ver se não está com covid.”

Verlust foi gravado no Uruguai. “Uma praia linda, e aquelas casas sensacionais.” A praia chama-se José Ignácio, distante uns 40 minutos da mais badalada Punta Del Este. Possui o farol de mesmo nome. A sinopse que se encontra no catálogo da Mostra – em 2020, membros da elite intelectual do Brasil decidem se mudar para uma praia distante. Como símbolo da estrutura degenerativa, política e social do País, uma gigantesca criatura marinha chega à praia e se transforma em catalisadora de conflitos. 

Quem vê o filme, aqueles personagens isolados, o clima de insatisfação e degradação, tudo leva a crer que se trata mesmo de 2020, mas Verlust foi filmado em 2018. É o nosso olhar de espectadores, neste momento que estamos vivendo, que faz do filme um reflexo do estado do mundo ou a arte antecipou a realidade? Andréa reflete. “A gente ouve sempre que a arte pode ser um farol e o artista tem uma intuição do que poderá vir a ser. Eu mesma experimentei isso recentemente, com três trabalhos.”

Quando se uniu a Amir Haddad para fazer Antígona, o grande diretor a questionava sobre sua motivação mais íntima. “Dizia que eu tinha de descobrir por que queria tanto fazer o texto clássico, e insistia que, se eu não chegasse lá, seria apenas mais uma peça em minha vida. Foi muito mais que isso.” Na peça de Sófocles, Antígona confronta o poder para enterrar o irmão. O questionamento da lei e da (des)ordem do Estado tornou o texto atualíssimo. Parecia que a gente estava fazendo teatro político, mandando mensagem.” 

O caso de Hebe também foi especial. “A Carolina Kotscho escreveu o roteiro, o Maurício ia dirigir e ela me via como a Hebe. Eu dizia que não, que havia muitas atrizes que eram inclusive parecidas com ela. Por que eu? Comecei a ler tudo sobre a Hebe, a ver suas entrevistas. Inicialmente, a imitava, e não estava gostando. O Maurício me dizia para ter calma, me incentivava a buscar a ‘minha’ Hebe. E aí um dia ela veio, tive o meu click. Por que a Hebe? Porque ela era uma mulher de direita, mas não aceitava que a censura e os militares dissessem quem ela podia entrevistar no seu sofá. Hebe era pela diversidade. Quando finalmente fizemos filme não sabíamos que a situação ia se reproduzir neste país que ficou tão conservador e discricionário.”

Da mesma forma, o Esmir. “Gostei muito do filme, quando o vi. Acho que tem tudo a ver com o que estamos vivendo. O Esmir foi visionário? Foi, e eu me sinto muito honrada de estar no filme dele.” Andréa de todas as mídias. Tapas & Beijos? “Era muito bem escrita e realizada, com um timing de comédia muito bom. Naquela equipe todo mundo estava ajustado no mesmo ritmo, pegando junto. Revi tendo o maior prazer. Não envelheceu nada. Na rua, nas redes sociais, Sueli e Fátima continuam sendo personagens com quem as mulheres podem se identificar.” 

Antígona? “Ainda tenho de fazer a peça por mais um tempo, mas está difícil recomeçar as atividades do Teatro Poeira (no Rio). É um teatro pequeno, e com os protocolos de segurança e o distanciamento, abriga pouca gente. Marieta (Severo) e eu já providenciamos toda a segurança, mas com público reduzido não paga nem as despesas. Enquanto não resolvemos isso eu fico buscando novos projetos. Tenho lido muito, escrito. O que fazer na pós-pandemia? A vida está difícil para todo mundo, mas ainda está mais difícil para quem já sofre com a desigualdade social. A gente liga a TV no noticiário e é esse descaso com a vida das pessoas, com a natureza. Não é um problema só do Brasil, é planetário. A arte nos ajuda nesses momentos. Só espero não perder a fé de que um dia tudo dará certo.”

Para prestar atenção em 'Verlust'

Cenário

Não apenas as casas ultramodernas, mas a paisagem também é personagem. A praia, o mar. É muito provável que José Ignacio passe a integrar a lista de seus destinos sonhados para viagens quando a pandemia acabar.

Trilha

Marina Lima também participa do filme como atriz. Esmir Filho confirma o que as músicas e documentários já antecipavam – Marina tem temperamento de atriz. Canta como quem atua – atua como quem canta?

Ator

Alfredo Castro, que faz o fotógrafo Constantin, é um dos mais conhecidos atores chilenos de teatro e cinema, presente em praticamente todos os filmes do diretor Pablo Larraín – Fuga, Tony Manero, No, O Clube, Neruda.


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