ANDORINHA
Olegário Mariano
A frescura do céu baixou com a tarde calma,
Penetrou pouco a pouco os meus sentidos… Vejo
Em cada boca estuar a volúpia de um beijo,
Arder em cada corpo a chama do desejo
E um frêmito passar vibrando de alma em alma…
Voa, chilreando, louca, uma inquieta andorinha.
Cruza o céu, desce à tona azul da água apressada,
Pousa num fio telegráfico da rua.
— Dá-me um pouco de sol! Eu que não tenho nada,
Preciso de aquecer a minh’alma na tua.
Andorinha! Andorinha!
Tens em meu coração tua melhor morada…
Mas és de outro e afinal bem podias ser minha!