Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Correio Braziliense terça, 25 de junho de 2024

ANÁLISE: A CAIXA D*ÁGUA DO RASIL ESTÁ PEGANDO FOGO

Análise: A caixa d'água do Brasil está pegando fogo

"A greve dos agentes ambientais, cujo papel na defesa dos biomas é fundamental, em meio as queimadas, chantageia um governo que mudou o tratamento dado à questão ambiental", observa o jornalista

A paralisação no Ibama, por exemplo, derrubou 80% das operações de fiscalização de proteção da Amazônia, que depende de viagens de servidores -  (crédito:  Bruno Rezende/CBMS)
A paralisação no Ibama, por exemplo, derrubou 80% das operações de fiscalização de proteção da Amazônia, que depende de viagens de servidores - (crédito: Bruno Rezende/CBMS)

O governo foi pego de surpresa em relação às queimadas, mas não foi por falta de advertência das instituições responsáveis pelo monitoramento do clima nem da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Depois das enchentes no Rio Grande Sul, que se enquadram na categoria dos eventos extremos, os incêndios no Pantanal e no Cerrado estão só começando — e já são avassaladores.

 

Ontem, no Palácio do Planalto, Marina se reuniu com o gabinete de crise formado também pelos ministros Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Valdez Góes (Integração), além da secretária-executiva da Casa Civil Miriam Belchior, que substitui o ministro Rui Costa, em férias. A situação é ainda mais crítica porque os servidores dos órgãos ambientais anunciaram, também ontem, uma greve por tempo indeterminado. Ou seja, o governo federal está com as mãos atadas.

Como no velho ditado que diz que alegria de palhaço é ver o circo pegar fogo, os servidores decidiram pela greve em 17 estados e no Distrito Federal. Estão vinculados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e ao Serviço Florestal Brasileiro. Mais de 1,3 mil funcionários públicos, em protesto, entregaram os cargos de chefia.

A greve começa hoje em nove estados: Acre, Espírito Santo, Goiás, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Tocantins. Dois são da Amazônia (AC e PA) e dois no Cerrado (GO e TO). Distrito Federal, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina e São Paulo são onde pretendem iniciar a greve no primeiro dia de julho. Amapá, Alagoas, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rondônia, Roraima e Sergipe ainda não decidiram, mas devem aderir à paralisação. Até agora, os servidores do Ceará foram os únicos que rejeitaram suspender as atividades.

Os servidores já estavam com as atividades de fiscalização e licenciamento, e outras operações de campo, suspensas desde janeiro. Agora, a greve deve se estender aos serviços administrativos.

No Pantanal, neste ano, já houve 3.263 focos de incêndio, 22 vezes mais do que no ano passado. São incêndios provocados pelo calor e pela seca, mas, também, por aqueles que se aproveitam da situação para desmatar, principalmente para fazer pasto.

Cerrado sofre

A greve dos agentes ambientais, cujo papel na defesa dos biomas é fundamental, em meio as queimadas, chantageia um governo que mudou o tratamento dado à questão ambiental no Brasil, embora ainda aposte mais na exploração de petróleo e menos na aceleração da transição para a economia verde. O Ministério da Gestão apresentou aos servidores, na mesa de negociação, propostas de reajustes de 19% a 39%, que estão muito acima de qualquer aumento para os trabalhadores do setor privado. Fizeram ouvidos moucos. O combate às chamas está sendo feito por órgãos estaduais e municipais.

Por causa do Aquífero Guarani (grande reservatório subterrâneo), o Cerrado é a caixa d'água do Brasil e da América do Sul, e está em chamas. O bioma encontra-se em uma região central do território brasileiro.

As altitudes e o grande número de nascentes fazem com que haja um bom escoamento das águas para outras regiões, auxiliando na distribuição dos recursos hídricos. O Rio São Francisco, por exemplo, tem mais de 90% de suas nascentes situadas no Cerrado, embora quase 55% das suas águas encontrem-se fora desse bioma.

A bacia dos rios Paraná e Paraguai também tem suas origens no Cerrado, que envia águas até mesmo para a Bacia Amazônica. Nascem no Cerrado os rios Xingu (Bacia Amazônica), Tocantins e Araguaia (Bacia do Tocantins-Araguaia), São Francisco (Bacia do São Francisco), Parnaíba (Bacia do Parnaíba), Gurupi (Bacia Atlântico Leste Ocidental), Jequitinhonha (Bacia do Atlântico Leste), Rio Paraná (Bacia do Paraná) e do Paraguai (Bacia do Paraguai). Os dois se unem para formar a Bacia do Rio da Prata, que banha o Paraguai, o Uruguai e a Argentina.


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