23 de julho de 2021 | 11h10
Dez anos após a morte de Amy Winehouse, a família da cantora afirma que é hora de parar de recordar a artista por sua luta contra as drogas e relacionamentos destrutivos. Os pais da estrela, que morreu vítima de intoxicação alcoólica em 23 de julho de 2011, colaboraram com a produção de um documentário da BBC.
Reclaiming Amy, que será exibido nesta sexta-feira, 23, oferece, de acordo com seu pai Mitchell, uma "imagem mais completa de Amy".
"They tried to make me go to rehab. But I said no, no, no" (Eles tentaram me enviar para a reabilitação. Mas eu disse não, não, não"), cantava Amy. A britânica de voz inconfundível sempre destacou suas experiências nas canções, impregnadas de influências de jazz e soul.
Os problemas com as drogas e o álcool, no entanto, acabaram prejudicando suas apresentações – que se tornaram cada vez mais erráticas - e atraíram o interesse dos paparazzi, que começaram a persegui-la com a esperança de captar uma fotografia da cantora em seu pior momento, para delírio da imprensa sensacionalista britânica.
"Vocês pensam que conhecem minha filha - as drogas, o vício, os relacionamentos destrutivos - mas havia muito mais", relata a mãe de Amy, Janis Winehouse-Collins, no documentário.
Reclaiming Amy contém entrevistas com amigos e amigas, incluindo uma, Catriona Gourley, que revela que teve uma relação romântica com a cantora. Também pretende desmentir as acusações de que sua família se aproveitou de seu sucesso e não fez o suficiente para ajudá-la a superar o vício.
Este foi o fio condutor de Amy, documentário britânico que venceu o Oscar em 2015, especialmente crítico a respeito do pai de Amy Winehouse e de seu ex-marido, Blake Fielder-Civil.
"Eu ainda escuto agora: 'Você foi cúmplice da morte de sua filha, você matou sua filha'", declara Mitchell no novo documentário.
Mas Catriona Gourley afirmou à BBC que a realidade era muito diferente.
"Janis e Mitch estavam lá, o tempo todo", insiste, ao citar as "inúmeras vezes que ela (Amy) foi levada para centros de reabilitação ou que houve uma intervenção".
A amiga também acredita que hoje, graças à conscientização sobre os problemas de saúde mental e vício, Amy Winehouse não seria objeto de tantas piadas e maldades por parte da imprensa sensacionalista.
A revista NME chamou o novo documentário de "comovente mas na defensiva", ao afirmar que é uma "doce homenagem a uma filha, amiga e um talento imprevisível".
Mas o Financial Times expressou mais ceticismo, ao afirmar que os pais de Amy Winehouse, especialmente "o pai amante dos holofotes", estavam "no centro de sua carreira".
Deixando de lado a vida pessoal, a artista foi um dos "ícones que mudaram a música popular para sempre", afirma a NME, considerando que "poucas pessoas atingiram um nível tão alto como Amy Winehouse e seu inconfundível penteado".
Em una entrevista à BBC, o cantor britânico Pete Doherty, também conhecido por seus excessos, considera que "como Billie Holiday ou John Lennon, Amy era alguém que tinha tudo".
"Ela conseguia se apresentar com um estilo assustador" e era uma "compositora incrível", declarou o ex-vocalista dos grupos Babyshambles e The Libertines.
"Em 10 anos, em 200 anos, os jovens ainda vão se apaixonar por Amy Winehouse".
O pianista Jools Holland, que frequentemente saía em turnê com Winehouse, recorda que ela "parecia mais feliz quando se apresentava". "Não acredito que ela gostaria de ser lembrada como uma figura trágica".