Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Caindo na Gandaia terça, 20 de dezembro de 2016

AMOR DE RAPARIGA

AMOR DE RAPARIGA

Raimundo Floriano

 

Rapariga na viração

 

                        Conheci Benedito Honório por acaso. Por tabela.

 

                        No ano de 2003, doei 100 exemplares do meu livro Do Jumento ao Parlamento ao Batalhão de Polícia do Exército de Brasília – BPEB, cujo Comandante me convidou para uma happy hour no quartel daquela Unidade, onde eu concederia autógrafos aos militares aquinhoados.

 

                        Foi uma bonita festa, emocionante para mim, pois vi ali na fila, esperando receber seu exemplar, do Comandante ao Corneteiro. Dentre eles, o Major Blum, já na reserva, da Turma de 1959 da Escola de Sargentos das Armas – EsSA, hoje dileto amigo, que me pediu mais um para remeter a Benedito Honório, o seu colega de turma, também já reservista, residente em João Pessoa (PB), na Praia de Manaíra.

 

                        Uns meses depois, o próprio Benedito Honório veio visitar-me aqui em Brasília, ocasião em que lhe mostrei todo o meu acervo literomusical. Meses mais tarde, em passeio pela Paraíba, fui à casa dele, onde conheci toda sua família, inclusive a recém-nascida Cecília – homenagem à Santa Padroeira da Música –, consolidando uma grande amizade, que a cada dia mais se fortalece.

 

                        Vou dizer um pouco de Benedito Honório.

 

                        Depois que saiu da EsSA, formou-se em Direito e, mais tarde, deixou o Exército para ingressar no Serviço Público, sendo, hoje, Consultor Jurídico.

 

                        É músico, clarinetista, compositor, poeta, escritor e cordelista. Com seus conhecimentos junto à classe artística paraibana, elegeu-se Presidente da Ordem dos Músicos da Paraíba.

 

                        Tem composições suas, ou com parceiros, gravadas pelos grandes intérpretes nordestinos, sendo o principal deles o saudoso forrozeiro Manoel Serafim, a quem conseguia trabalho nos tempos das vacas magras e a quem ajudou e protegeu durante a enfermidade que, infelizmente, levou o cantor à morte.

 

                        O último CD de Benedito Honório, lançado em 2004, Coletânea de Ritmos Diversos, com intérpretes como Jairo Aguiar, Paulo Germano, Fátima Lima, Ailton Vieira, Manoel Serafim, Claudionor Germano, Gino Liver, Jadir Camargo e Meves Gama, e arranjos de Maestro Chiquinho, Maestro João Lira, Maestro Ramalho, Joca do Acordeom, Duda da Passira e Maestro Duda, é uma excelente amostra de seu talento e de sua versatilidade.

 

                        Naquela viagem à Paraíba, pra todo lugar aonde eu ia, a música mais tocada era Amor de Rapariga, constante do CD Sacudindo o Forró, cujo refrão “amor de rapariga é que é amor/amor de rapariga é bom demais” não me saía mais da cabeça.

                       

                        Ao retornar a Brasília, telefonei logo para o Honório, pedindo-lhe que adquirisse o disco e o mandasse para mim.

 

                        Meu amigo não só me remeteu o CD, que hoje enriquece a minha coleção de Forrós, como fez um cordel relativo ao tema, enfatizando que era “exclusivo para Raimundo Floriano”. Guardo os versos com carinho, mas acho tremendo egoísmo conservá-los só para meu gasto. Por isso, e suplicando perdão ao fraterno Benedito Honório pela inconfidência, disponibilizo este inspirado e engraçadíssimo cordel, para o deleite de toda a comunidade fubânica.

 

AMOR DE RAPARIGA É BOM DEMAIS?

(Benedito Honório)

 

Embora com muito atraso

(Espero, sem desengano)

Estou cumprindo o acerto

Antes que complete um ano

Implorando mil desculpas

Caro amigo Floriano.

 

Conforme já lhe falei

Adquiri, sem intriga

O “Sacudindo o Forró

Com o AMOR DE RAPARIGA

Música que tem gerado

Muito bafafá e briga.

 

Um rapaz conhecido meu

Muito sério e bem casado

Passou na loja e comprou

O CD tão festejado

Chegou em casa dizendo:

“EITA DISCO ARRETADO!”

 

Sua esposa, espantada

Com aquela afirmação

Exigiu do maridinho

Uma clara explicação:

Por que o dito CD

Levava à tal conclusão?

 

Como resposta, o marido,

De imediato, pôs

O CD no mini-system

Não deixando pra depois

Apertou a tecla certa

Ou seja, na Faixa Dois.

 

Após a introdução

Ouviu-se a voz de um rapaz

Cantando a letra que diz

De forma clara e loquaz

Que AMOR DE RAPARIGA

Certamente É BOM DEMAIS!

 

Aí, o tempo esquentou

Naquele lar sempre unido.

Entendendo a mulher

Que o seu homem querido

Com algumas raparigas

Estava sendo envolvido.

 

Depois de um bate-boca

Foram às vias de fato

Ele deu-lhe uns safanões

Ela jogou-lhe o sapato

Era um cenário digno

De um cabaré barato.

 

 Em seguida, se agrediram

De coice, murro, empurrão

Por cima de cama e mesa

Pote, panela e fogão

Quebraram, até, uma gaiola,

Onde tinha um azulão.

 

Nesse vai-e-vem rasgaram

Quatro sacos de farinha

Tinha uma galinha choca

Deitada lá na cozinha

Caíram por cima dela

Esbagaçaram a bichinha.

 

Um amigo do rapaz

Chegou e foi pressentindo

Que aquela lenga-lenga

Não tinha caráter lindo

Tomou partido e ficou

A FAIXA DOIS repetindo.

 

Com isso, aquela esposa

Ficou mais indignada

Pulava que nem cabrita

Quando se vê desmamada

Quanto mais ouvia a música

Mais ficava aperreada.

 

Por volta de meia-noite

Sem nenhum raio de luz

A mulher muito esgotada

Gritou: “Valha-me Jesus!”

Com dois pedaços de pau

Improvisou uma cruz.

 

Nesse momento ouviu-se

Um grandioso pipoco

Era o SOM que espatifava

Deixando o marido mouco

Por coincidência o CD

Caiu em cima de um toco.

 

Num prego existente ali

Foi-se o disco encaixar

Surgiu uma ventania

Sem ter como explicar

O certo é que o CD

Começou logo a rodar.

 

Um trovão bastante forte

Trouxe um raio bem fugaz

Caindo na Faixa Dois

Dizendo uma vez mais

Que o AMOR DE RAPARIGA

Com certeza É BOM DEMAIS.

 

O vento soprou mais forte

De um jeito esquisito

Açoitando o tal CD

No rumo do infinito

Entrou em órbita e sumiu

É verdade, tenho dito.

 

Uma fumaça vermelha

Surgiu com a ventania

No meio tinha uma luz

Transformando a noite em dia

Via-se um JUMENTO ALADO

Relinchando em latomia.

 

O amigo do marido

Partícipe da confusão

Foi, então, abduzido

Sem qualquer reclamação

Montado no asinino

Sumiu na imensidão.

 

O casal voltou “às boas”

Formam, hoje, um par romântico

Vivem de casa pra igreja

Ensaiando um novo cântico

Estão em lua-de-mel

Atravessando o Atlântico.

  

E como prova do fato

Remeto do tal CD

A capa (ou caixa?) que vai

Como brinde pra você

O CD que estou mandando

SÓ ALEGRA, pode crer!

 

                        Para que todos conheçam a melodia, aí vai o Amor de Rapariga, com o Forró Sacode:

 

 


quinta, 07 de maio de 2020 as 07:40:48

Ana Cristina Arruda Marques Laskos
disse:

Rsrsrs....muito bom ler seus causos Cardeal...e amor de rapariga é bom demais!!!....afinal não tem compromisso.... rsrsrsrs


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terça, 12 de maio de 2020 as 07:40:54

Teresa Cristina
disse:

Prezado primo,obrigada pelos versos e pela música Rapariga é Bom Demais. Gostei muito. Os homens que se cuidem se não souberem dos quereres de uma rapariga.Que bom o casal ter viajado . Quantas travessuras! Porque amor de rapariga ė bom demais . Com carinho e admiração , Teresa Cristina

sábado, 14 de novembro de 2020 as 07:22:20

Teresa Cristina da Silva Néto
disse:

Primo Raimundo Floriano , Cardeal de minha igreja , agora entendo esse conhecimento que você e seus amigos têm com as raparigas . Delas conhecem não apenas o seu amor como o quarto cheio de adereços cor -de-rosa. Linda a reação da esposa de Benedito Honório .Será que , por alguns instantes , em meio a tapas e beijos, explicações e danadices, pôde experimentar um pouco de seu lado rapariga mas com o marido ? Gosto “ por demais “ de seus casos e histórias .Às vezes chego a duvidar que tenham ocorrido , mas você logo nos envia o comprovante . Obrigada . Que Cardeal maus arretado , hein?! Teresa Cristina da Silva Néto., 13 de novembro de 2020


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