MONTEVIDÉU — A desigualdade na América Latina respondeu à pandemia com medidas aprendidas no Primeiro Mundo e, embora a opção preferida tenha sido um confinamento obrigatório e estrito, ainda assim a Covid-19 não dá trégua. Poucos países optaram pela quarentena voluntária e os resultados variam entre eles. O Brasil foi um deles. Sem um decreto ou decisão federal, autoridades dos estados e municípios tiveram autonomia para decidir sobre o isolamento. E mesmo sendo o país mais afetado da região, o presidente Jair Bolsonaro permanece firme em evitar o confinamento.
Outros, que nem sequer estão perto de conter a disseminação do vírus, também já estão se preparando para tornar as quarentenas mais flexíveis e ao que planejaram que seja retornar ao “novo normal”. Há quem tome medidas isoladas e, finalmente, aqueles que ainda não vislumbram uma saída.
Países que já definiram a saída
Argentina: O país resolveu avançar em cinco fases: do isolamento estrito (de 31 de março a 13 de abril), ao isolamento gerenciado (de 13 a 26 de abril), passando à segmentação geográfica (de 26 de abril a 10 de maio), depois a uma reabertura progressiva (de 10 a 24 de maio) e, finalmente, ao novo normal (de 24 em diante). Essas datas estão sujeitas a mudanças de acordo com a evolução dos casos. Atualmente, o país está entre a terceira e a quarta fase, que envolve flexibilidades em nível regional, mantendo rigoroso isolamento nas grandes cidades e abertura gradual de atividades. No último estágio, o governo planeja reabrir tudo com regras de higiene e distanciamento social. O Ministério da Saúde é quem teve mais peso nesse projeto.
Chile: O presidente Sebastián Piñera apresentou um "Plano de Retorno Seguro", dividido em três partes: primeiro, o retorno dos funcionários públicos aos serviços (os chefes de cada área determinam quem retorna pessoalmente, excluindo os grupos de risco). Segundo, o retorno dos trabalhadores do setor privado e da sociedade civil; e, por último, a volta dos estudantes aos centros de estudo. Nenhuma data está programada, mas a reabertura gradual dos parques nacionais em maio já foi anunciada.
México: O país também tem um plano, lançado em 16 de abril e preparado pelo gabinete de saúde. Desde o início, o presidente Andrés Manuel López Obrador disse que as decisões seriam tomadas por um corpo de médicos e cientistas. Estima-se que, em 18 de maio, a atividade será retomada gradualmente apenas nos municípios onde não foram registrados casos da Covid-19, cerca de 979 se enquadram nessa categoria. Para o resto do país — 1.484 municípios —, está previsto que o reinício das atividades seja a partir de 1º de junho.
Porto Rico: No país, onde um rigoroso confinamento obrigatório esteve em vigor por quase dois meses, o plano de reabertura mantém o toque de recolher e o fechamento de algumas indústrias até pelo menos 25 de maio. O cronograma está dividido em quatro etapas. A primeira começou no dia 4 de maio, com a abertura de uma ampla gama de serviços, desde serviços financeiros a lavanderias, setor de mudanças e inspeção de elevadores, dentre outros. Na segunda etapa, iniciada em 11 de maio, foram retomadas obras, consultórios odontológicos e cirurgias eletivas, ambulatoriais e não estéticas. A partir desta segunda-feira, cabeleireiros e salões de beleza, pontos de venda de carros, restaurantes, serviços religiosos e de cemitérios poderão funcionar.
Em processo de definição
Colômbia: À medida que a “curva” do contágio se achatar, os setores de produção serão gradualmente liberados, com uma série de protocolos de biossegurança que estão sendo elaborados pelo Ministério da Saúde. Esta semana começou o "retorno gradual" de setores como produção de móveis, produtos de informática, manutenção de veículos, livrarias e papelarias, entre outros. Na quinta-feira, outro passo foi dado em direção à nova normalidade, após o sinal verde para 90 municípios que não apresentaram casos de coronavírus iniciem o desconfinamento. Eles poderão retomar gradualmente as atividades econômicas, sem grandes eventos ou abertura de restaurantes, academias ou parques infantis.
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Peru: O fim da quarentena estava marcado para 10 de maio, mas na semana passada o presidente Martín Vizcarra anunciou que ela seria prolongada até 24 de maio. E, embora não exista um plano de saída concreto em nível nacional, um esquema de reativação econômica foi planejado em quatro fases, cada uma com duração de um mês. Em cada fase, a atividade econômica aumentará 10 pontos percentuais, portanto, estima-se que 90% dos profissionais estejam trabalhando em setembro.
Uruguai: O país não divulgou um plano definido, mas começou a trilhar o caminho em direção à nova normalidade. Por enquanto, a educação presencial foi retomada nas escolas rurais, os serviços de construção foram retomados após três semanas de licença especial, grande parte dos funcionários públicos voltou ao trabalho presencial e as lojas no centro de Montevidéu reabriram.
Brasil: Como os governadores e prefeitos têm autonomia para estabelecer suas regras de isolamento, também têm para definir a retomada das atividades. Por isso, espera-se que haja medidas diferentes em cada região.
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