Almanaque Raimundo Floriano
(Cultural, sem fins comerciais, lucrativos ou financeiros)


Raimundo Floriano de Albuquerque e Silva, Editor deste Almanaque, também conhecido como Velho Fulô, Palhaço Seu Mundinho e Mundico Trazendowski, nascido em Balsas , Maranhão, a 3 de julho de 1936, Católico Apostólico Romano, Contador, Oficial da Reserva do Exército Brasileiro, Funcionário Público aposentado da Câmara dos Deputados, Titular da Cadeira nº 10 da Academia Passa Disco da Música Nordestina, cuja patrona é a cantora Elba Ramalho, Mestre e Fundador da Banda da Capital Federal, Pesquisador da MPB, especializado em Velha Guarda, Música Militar, Carnaval e Forró, Cardeal Fundador da Igreja Sertaneja, Pioneiro de Brasília, Xerife nos Mares do Caribe, Cordelista e Glosador, Amigo do Rio das Balsas, Inventor da Descida de Boia, em julho de 1952, Amigo da Fanfarra do 1° RCG, autor dos livros O Acordo PDS/PTB, coletânea de charges, Sinais de Revisão e Regras de Pontuação, normativo, Do Jumento ao Parlamento, com episódios da vida real, De Balsas para o Mundo, centrado na navegação fluvial Balsas/Oceano Atlântico, Pétalas do Rosa, saga da Família Albuquerque e Silva, Memorial Balsense, dedicado à história de sua terra natal, e Caindo na Gandaia, humorístico apimentado, é casado, tem quatro filhos, uma nora, um genro e dois netos e reside em Brasília, Distrito Federal, desde dezembro de 1960.

Música Nordestina terça, 06 de setembro de 2022

AMELINHA, CADÊ VOCÊ?

 

AMELINHA, CADÊ VOCÊ

Raimundo Floriano

 

 

                        Tomei conhecimento da existência de Amelinha a partir do final dos Anos 1970, quando a Música Nordestina passava por uma fase de renovação, pelo menos para quem, nestes lados do Sul, não conviviam com o cenário forrozeiro do Recife e adjacências.

 

                        Amelinha veio surgindo e conquistando meu gostar a conta-gotas. Ela já lançara, em 1977, o LP Flor da Paisagem, que não apareceu por estas bandas. Em 1979, surpreendeu-me com o LP Frevo Mulher, cuja música que o nomeou, um frevo-canção de Zé Ramalho, estourou no Carnaval, sendo a música mais tocada e cantada nos salões. Em 1980, no LP Porta Secreta, a toada Foi Deus Que Fez Você, de Luís Ramalho, enterneceu o Brasil, enquanto o arrasta-pé Gemedeira, de Robertinho do Recife e Capinam, pôs todo mundo para balançar o esqueleto.

 

Os três primeiros LPs de Amelinha

                        Mas foi no Carnaval de 1981, com o frevo-canção Siri na Lata, de Carlos Fernando, no LP Asas da América - Volume 2, de meados do ano anterior, que ela me ganhou de vez. E, a partir de então, passei a incorporar a minha coleção todos os discos que gravou.

 

                        Asas da América foi um projeto audacioso do compositor, músico e cantor Carlos Fernando, iniciado em 1979, numa empreitada que, para seu espanto, agradou por completo os curtidores da MPB, demonstrando que o frevo é um tipo de música para ser cantado e tocado o ano todo e não só no Carnaval, como alguns assim pensavam. O mais importante, a meu ver, foi que, além da nova roupagem para o frevo-canção, o projeto, que já chegou ao Volume 6, revelou ao mercado fonográfico novos talentos femininos. Foi ali que tomei conhecimento da existência de Elba Ramalho, Terezinha de Jesus, Teca Calazans e Amelinha.

 

Os três primeiros lançamentos do projeto Asas da América 

                        Amélia Cláudia Garcia Collares Bucaretchi, a Amelinha, nasceu em Fortaleza (CE), no dia 21 de julho de 1950. Aos 20 anos de idade, mudou-se para São Paulo (SP), onde se formou em Comunicação Social.

 

                        Começou a cantar amadoramente, participando de shows do conterrâneo Raimundo Fagner. Em 1974, passou a atuar em programas de TV. No ano seguinte, viajou com Vinícius de Moraes e Toquinho, com os quais estrelou temporada dupla, fazendo-se notar na MPB na mesma época em que uma leva de artistas nordestinos era chamada genericamente de “Pessoal do Ceará”, dentre os quais o próprio Fagner, Ednardo, Belchior, Zé Ramalho, com quem Amelinha se casou, Geraldo Azevedo, Fausto Nilo e Robertinho do Recife.

 

                        Sua entrada individual no mercado fonográfico aconteceu no ano de 1977, na gravadora CBS, com o LP Flor da Paisagem, supramencionado. A partir de então, apontada como revelação nordestina, conheceu o sucesso e a fama.

 

                        Em 1982, lançou o LP Mulher Nova, Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer Sem Sentir Dor, nome tão comprido quanto a faixa que o nomeou: 6 minutos. Essa toada, composta por Zé Ramalho com versos de Octacílio Batista, foi um dos maiores sucessos de venda de Amelinha e serviu de tema para o seriado Lampião e Maria Bonita, exibido pela Rede Globo. Em 1983, gravou o LP Romance da Lua Lua, obtendo enorme êxito com a faixa-título, canção de Garcia Lorca e Flaviola. Em 1984, Amelinha encetou nova fase em sua carreira. Separada de Zé Ramalho, que produzira três de seus primeiros cinco discos e compusera muitos de seus sucessos, entregou sua voz à produção de Mariozinho Rocha e ao acompanhamento instrumental do grupo Roupa Nova, gravando o LP Agua, Luz, com destaque para a canção Tempo Rei, de Gilberto Gil. 

 

                        Em 1985, lançou o LP Caminho do Sol, enfatizando a canção Vida Boa, de Armandinho e Fausto Nilo. Deixando a CBS, lançou, em 1987, pela Continental, o LP Amelinha, incluindo o sucesso Mistérios do Amor, de Tavinho Paes, Paulinho Lima e Serge Clemens. Em 1989, montou o espetáculo Saudades da Amélia, com repertório de compositores da moda, tais como Chico Buarque, Tom Jobim e Caetano Veloso, percorrendo vários teatros do país, sob estrondosos aplausos. Após sete anos sem gravar, voltou, em 1994, desta vez com o selo Polydor, lançando o primeiro CD, Só Forró, no qual, além de gravar clássicos do gênero, revelou diversos compositores emergentes no cenário forrozeiro.

 

 

                        Em 1996, na mesma gravadora, lançou o CD Frutamadura, com destaque para o arraste-pé o Pra Tirar Coco, de Messias Holanda, e trazendo de volta Siri na Lata. Em 1998, lançou, pela Sony Music, o CD Amelinha, incluindo o xote Espumas ao Vento, de Accioly Neto. Em 1999, realizou turnê por todo o Brasil, com músicas inéditas desse novo disco. No ano de 2000, a Polydiscos lançou dois volumes da coletânea de seu trabalho, denominados 20 Super Sucessos.

 

 

                        Em 2001, lançou, pela Seven Music, o CD Vento, Forró e Folia, no qual reapresenta Frevo Mulher. Em 2002, participou, com Belchior e Ednardo, do CD Pessoal do Ceará, onde relembra o início de sua carreira. Finalmente, em 2011, pela marca Joia Moderna, especializada em cantoras e pertencente ao DJ Zé Pedro, lançou o CD Janelas do Brasil, com repertório completamente inédito.

  

                        Neste despretensioso perfil, intentei mostrar-lhes toda a iconografia dos LPs e CDs que Amelinha estrelou até agora, perfazendo mais de 180 peças da mais autêntica Música Popular Brasileira. Com um acervo de tal magnitude, e diante do ocaso que a mídia lhe reservou, só me resta, agora, modificando minha interrogação que encabeça esta matéria, perguntar a todos os órgãos de comunicação responsáveis por isso:

 

                        – Mídia, cadê a Amelinha? 

               E, para que vocês recordem, aí vai o frevo-canção Siri na Lata, com o qual Amelinha entrou na bem-querença de meu gosto musical:

                       Não poderia faltar Frevo Mulher, frevo-canção de Zé Ramalho, sucesso absoluto no Carnaval de 1979:

 

 

 

 


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