Raimundo Floriano
Alvarenga e Ranchinho
Dupla sertaneja formada por Murilo Alvarenga, o ALVARENGA (Itaúna (MG), 22.5.1912 – 18.1.1978), e Diésis dos Anjos Gaia, o RANCHINHO (Jacareí (SP), 23.5.1913 – 5.7.1991), elenco original que, apesar dos percalços, encontros e desencontros, acertos e desacertos, dissoluções e retornos, foi o mais conhecido, famoso e duradouro.
Murilo, conhecido desde cedo pelo sobrenome, trabalhava em circos como trapezista, malabarista e cantor de tangos. Diésis atuava como cantor na Rádio Clube de Santos, apresentando repertório romântico do qual o samba-canção No Rancho Fundo, de Ary Barroso e Lamartine Babo, era uma de suas músicas prediletas, daí se originando o apelido RANCHO. Conhecido também como BAIXINHO, em função do seu porte físico, aproveitou o apelido e o colocou no diminutivo – Ranchinho.
Em 1928, numa seresta na cidade de Santos, Murilo e Diésis resolveram cantar juntos. De início, atuaram em circos, apresentando repertório variado, com valsas, modinhas, tangos, chorinhos e calangos, entremeando uma música e outra com causos e piadas, dos quais o público achava muita graça, aplaudindo-os em aprovação.
No ano de 1933, a dupla teve início efetivo, cantando no Circo Pinheiro, em Santos, e, logo depois, em São Paulo, na Companhia Bataclã. No ano seguinte, passou a fazer parte do elenco da Rádio São Paulo. Estava consolidada no cenário artístico nacional.
Em 1935, conheceu o compositor e humorista Silvino Neto, pai do ator global Paulo Silvino, com quem formou um trio, Os Mosqueteiros da Garoa, de curtíssima duração.
Refeita a dupla, passou ela a atuar em filmes, nas mais famosas estações de rádio do país e em casas de espetáculos até do exterior, assim como a gravar seus sucessos, incluindo-se neles vários carnavalescos, como Seu Condutor, de Alvarenga e Ranchinho, em 1938, e A Charanga do Flamengo, de Felisberto Martins e Fernando Martins, em 1947
Durante sua existência, a dupla teve outros componentes, em substituição a Ranchinho, que sempre voltava, pois não havia outro com talento igual para seu lugar.
Em 1936, fazendo parte do elenco do Cassino da Urca, começou a fazer sátiras políticas, que se tornaram um dos seus pontos fortes, o que lhe acarretou sérios problemas com a censura oficial.
Mas em 1939, Alzira Vargas, filha do Presidente Getúlio Vargas, ditador na época, convidou a dupla para tocar no Palácio das Laranjeiras para seu pai. Getúlio, depois de ouvir todas as músicas e sátiras, algumas referentes a ele, deu ordem para que suas composições fossem liberadas em todo o território nacional.
Alvarenga e Ranchinho não alisavam os lombos dos poderosos, descendo-lhes, com suas sátiras, vigorosas cipoadas, com exceção de um, porque apoiavam seu governo: Juscelino Kubitscheck.
Na segunda metade dos Anos 80, Ranchinho fez parte do elenco fixo do programa Som Brasil, nas manhãs de domingo, apresentado inicialmente por Rolando Boldrin e depois por Lima Duarte.
Em outras matérias, apresentei a atuação da dupla no Carnaval e no Humorismo. Aqui vai pequena amostra de seu trabalho na Música Sertaneja.
Adeus, Mariazinha, rancheira de Fausto Vasconcellos:
Aquela Flor, valsa de Alvarenga e Ranchinho:
Carrero Bão, toada de Alvarenga e Ranchinho:
Eh! São Paulo, calango de Alvarenga:
Seresta, valsa de Alvarenga, Ranchinho e Newton Teixeira: